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De Woodstock ao Rock in Rio, a evolução do som nos festivais

Equipamentos modernos estão menores, mais potentes e eficazes. Programa de computador ajuda engenheiros a elaborar sistema de sonorização

Por Rafael Lemos
14 set 2011, 12h30

“Estamos conseguindo diminuir o peso dos equipamentos e aumentar a potência, direcionando o som exatamente para onde queremos”, diz o engenheiro Walter Ramires

Em agosto de 1969, uma fazenda do interior dos Estados Unidos foi invadida por meio milhão de jovens sedentos por música e diversão. Era o festival de Woodstock, que reunia atrações do quilate de The Who, Janis Joplin, Jimi Hendrix e Carlos Santana. Uma benção para os ouvidos, certo? Nem tanto. Devido às limitações da parafernália sonora da época, os solos de Hendrix e os gritos de Janis soavam embolados e exigiam que o fã ficasse perto do palco para, de fato, ouvir alguma coisa. Algo impensável em tempos de Rock in Rio 2011.

De Woodstock para cá, a única coisa que se manteve no palco foi a atitude do rock’n’roll. A engenharia de som evoluiu, expulsou qualquer chance de improviso e ganhou tecnologia em microfones, amplificadores e outros equipamentos. A velha parede de caixas de som, montada no fundo do palco, ficou no passado. Hoje, um moderno sistema de sonorização garante que a música chegue com a mesma qualidade e definição para todo o público – independentemente do tamanho dele.

“Estamos conseguindo diminuir o peso dos equipamentos e aumentar a potência, direcionando o som exatamente para onde queremos”, explica o engenheiro Walter Ramires, do Rock in Rio.

Esse ano, o som do Palco Mundo do Rock in Rio sairá, basicamente, de conjuntos de alto-falantes batizados de line array. Os dois principais ficarão na parte superior, nos cantos do palco. Com mais de 14 metros de altura, cada um deles é formado por 126 alto-falantes – entre altos, médios e graves. Outros dois arrays menores serão alocados nas laterais do palco.

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No entanto, como os arrays privilegiam aqueles que estão a mais de 20 metros de distância do palco, é necessário o uso de um conjunto de subwoofers na parte inferior do palco para que o pessoal da frente não perca nenhum detalhe.

“O line array foi o grande salto de tecnologia nos sistemas de som para shows. Eles se popularizaram na década de 1990. De lá para cá, estamos sempre melhorando, mas não houve grandes novidades”, afirma Maurice Hughes, diretor de palco do Rock in Rio.

Alguns anos antes da chegada do line array, outra novidade elevou a outro patamar a qualidade de som nos grandes shows: as torres de delay (atraso, em inglês). Espalhadas pelo terreno, em intervalos regulares, elas reproduzem o som com alguns milissegundos de atraso em relação ao palco. O efeito faz com que todo o público ouça a música ao mesmo tempo e com a mesma qualidade.

No Rock in Rio 2011, serão 10 torres de delay, divididas em duas filas, a distâncias que variam de 60 a 160 metros do palco. Os engenheiros calculam o tempo de atraso para cada torre com o auxílio de um programa de computador.

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“As torres de delay surgiram com os shows em estádios. A primeira vez que ouvi falar disso por aqui foi na primeira vinda do Queen, no Morumbi, em 1981. Havia a possibilidade de o show ser no Maracanã e fui sondado para montar um sistema de delay no estádio. Acabou que só fomos fazer isso em 1990, no primeiro show do Paul McCartney, no Maracanã. O som veio de fora, mas nós colocamos um equipamento de delay no fundo do gramado”, conta Hughes.

No ano seguinte, as torres de delay já estavam no Rock in Rio II, também realizado no Maracanã. Embora a ideia resolvesse o problema de distribuição do som, ela trouxe um efeito colateral: enormes, as torres prejudicavam a visão de parte do público. Mas uma inovação que estará presente no Rock in Rio 2011 promete acabar com esse incômodo problema. Com o avanço da engenharia, foi possível erguer torres de 15 metros de altura e apenas 35 centímetros de espessura, capazes de suportar quatro toneladas de equipamentos sonoros sem atrapalhar os espectadores.

Esta será, no entanto, uma das poucas inovações do Rock in Rio 2011, que terá até a mesma cenografia da edição portuguesa. “Estamos repetindo a fórmula que deu muito certo na Europa. Hoje, colocamos as dimensões do terreno no computador e um programa nos diz o quanto de som temos que colocar lá”, afirma Hughes.

A tecnologia, no entanto, segue avançando. O próximo passo seria criar um sistema de som surround, que permite separar o sinal dos diversos instrumentos e distribui-los em diferentes torres espalhadas pelo terreno. Seria como assistir a um DVD num home theater.

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“O Pink Floyd foi o primeiro a usar esse recurso num show. Só que esse tipo de efeito funciona melhor em ambientes pequenos. Mas, se quiséssemos, seria possível fazer isso aqui. Sairia bem caro”, afirma o diretor de palco do Rock in Rio.

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