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De ‘Birdman’ a ‘Mulher de Preto 2’: qual estreia vale seu ingresso?

Fim de semana nos cinemas brasileiros será aquecido pelo lançamento de diversos indicados ao Oscar, além da falada comédia 'A Entrevista'

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 jan 2015, 07h35

Nesta quinta-feira, 29, os cinemas brasileiros vão receber uma avalanche de estreias. Muitas delas são de filmes que conquistaram uma das cobiçadas indicações ao Oscar, premiação que revela os vencedores no dia 22 de fevereiro. Entre os lançamentos do dia estão Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), longa do diretor mexicano Alejandro G. Iñárritu, indicado em nove categorias da premiação, sendo uma delas a de melhor filme.

Quem também dá as caras nos cartazes por aqui é A Entrevista, controversa comédia estrelada por James Franco e Seth Rogen, que irritou a Coreia do Norte e seu ditador Kim Jong-un. O longa, que quase ficou de fora das salas americanas após ameaças terroristas e levou o estúdio Sony a encarar um ataque hacker, fez mais barulho pelo probleminha com o país norte-coreano do que por sua qualidade. Porém, algumas risadas sinceras são garantidas. Outra estreia aguardada é o terror gótico A Mulher de Preto 2: O Anjo da Morte, que tenta superar o interessante primeiro filme, de 2012, estrelado por Daniel Radcliffe.

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Confira abaixo uma lista com o que você precisa saber antes de escolher qual filme merece seu ingresso:

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‘Birdman’, uma comédia de humor refinado

Nos últimos anos, filmes de super-heróis se tornaram apostas certeiras para os estúdios interessados em bilheterias na casa do bilhão. Em Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), a febre do estilo superpoderoso serve como pano de fundo para Riggan (Michael Keaton), um ator com a carreira marcada por ter dado vida no passado a um herói meio homem, meio pássaro. Agora, mais velho e fora de forma, ele tenta vencer seu ego — com uma pitada de loucura — e conquistar prestígio nos palcos da Broadway, onde Riggan assina, dirige e protagoniza uma peça dramática.

Sarcástico e autêntico, o longa possui um humor refinado, excelentes atores e boa qualidade técnica. Entre os elogios feitos ao diretor Alejandro G. Iñárritu, está a decisão de filmar longos planos-sequência com uma edição quase imperceptível, que coloca o público no encalço dos atores, como se a câmera acompanhasse cada ação, sem cortes.

O elenco alinhado conquistou três indicações ao Oscar, de melhor ator para Keaton, e coadjuvante para Edward Norton e Emma Stone. Iñárritu também foi nomeado entre os diretores e roteiristas originais. No total, foram nove indicações. Conhecido por dramas intensos, como Babel (2003) e 21 Gramas (2006), o cineasta surpreende ao mostrar que existe dentro dele um humor ácido e inteligente, que deveria ser visto mais vezes.

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‘A Teoria de Tudo’, um romance real com cara de cinema

Aos 20 e poucos anos, Stephen Hawking é uma figura muito diferente da silhueta conhecida nos dias de hoje. Longe de parecer um personagem nerd e antissocial, que no futuro se vinga dos colegas de classe ao se tornar o gênio do momento, o Hawking dos anos 1960 está mais próximo de um típico estudante de faculdade, daqueles que entregam trabalhos em cima da hora, não sabem em qual tema se aprofundar no trabalho final e que não recusam festas com amigos. Este é o retrato inicial feito por James Marsh, conhecido por dirigir documentários como O Equilibrista (2008), na cinebiografia A Teoria de Tudo.

A ciência e as teses do astrofísico são apenas um leve contexto para a trama, que se aprofunda na relação de Hawking (interpretado pelo ótimo Eddie Redmayne) com Jane (Felicity Jones). O casal vive um pequeno conto de fadas até ele ser diagnosticado, aos 21 anos, com esclerose lateral amiotrófica, doença que afeta células nervosas e atinge os movimentos do corpo. Os médicos lhe deram dois anos de vida. Prestes a desistir dos estudos e se afundar em uma depressão, o físico é reanimado pela namorada, que, apesar do prognóstico, decide se casar com ele e acompanha sua trajetória por muito mais tempo que o previsto pela medicina.

Baseado no livro A Teoria de Tudo: A Extraordinária História de Jane e Stephen Hawking (Única), escrito por Jane, o filme se assemelha a outras cinebiografias de homens famosos, que costumam fazer bonito em premiações, caso de O Discurso do Rei (2010) ou Uma Mente Brilhante (2001). Indicado em cinco categorias do Oscar, A Teoria de Tudo deve consagrar seu ator principal, Redmayne, que fez um retrato impressionante de Hawking. Sem dúvida, sua atuação é a melhor parte do filme.

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‘Caminhos da Floresta’, Meryl Streep se destaca em musical

Baseado no musical Into the Woods, que esteve em cartaz na Broadway em 1987, Caminhos da Floresta é um filme charmoso, com bons atores e muitas, mas muitas canções. Os desafetos do estilo devem passar longe das salas de cinema. Já quem não tem problema com a cantoria poderá ver Meryl Streep soltando a voz mais uma vez, após sua ótima participação no mediano Mamma Mia!. Agora, Meryl interpreta uma bruxa má e feiosa, que joga uma maldição na família do padeiro (James Corden) e sua esposa (Emily Blunt) que os impede de ter filhos. Para reverter a situação, o casal deve conseguir o sapato dourado da Cinderela (Anna Kendrick), o cabelo loiro da Rapunzel (Mackenzie Mauzy), a vaca branca de João (Daniel Huttlestone) — o do pé de feijão — e a capa vermelha de Chapeuzinho (Lilla Crawford). Todos os personagens se cruzam em diferentes momentos em meio a uma floresta, ora acolhedora, ora assustadora.

Na onda da releitura dos contos de fadas, a Disney, responsável pela produção, se deixa levar pelo texto e esquece por um bom tempo o politicamente correto, chegando mais perto dos originais de Irmãos Grimm. Como em um episódio de Game of Thrones, só que bem mais leve, personagens importantes morrem, príncipes são canalhas, garotinhas na floresta são devoradas por lobos e as irmãs da Cinderela têm os pés decepados pela mãe maluca e os olhos picados por passarinhos amigos da princesa borralheira.

Indicado em três categorias do Oscar, o filme também ganha pontos por não se levar a sério. Os números musicais são divertidos, sem colocar os dois pés na comédia. Destaque para um momento em que os príncipes, vividos por Billy Magnussen e Chris Pine, apresentam um dueto com cara de Grease, em que cantam próximos a um rio sobre seus amores não correspondidos. O dueto, digno de princesas solitárias, é hilariante por ser entoado pelos marmanjos, que gritam sua agonia enquanto se jogam na água. Pena que o clima de diversão é quebrado na segunda metade do filme, logo após o “felizes para sempre”, e a trama se torne mais sóbria, com fagulhas de lições de moral. 

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‘A Mulher de Preto 2: O Anjo da Morte’, um terror leve

Em 2012, muitos curiosos foram ao cinema assistir a A Mulher de Preto, não pelos sustos que o filme prometia, mas sim para ver se Daniel Radcliffe conseguiria se livrar do estigma de Harry Potter, protagonista da saga que chegou ao fim um ano antes. O teste foi bem-sucedido. No terror gótico, Radcliffe vive um advogado viúvo que precisa cuidar do filho e consegue um emprego na vila Cryphin Gifford, onde deve lidar com a papelada de uma mansão abandonada. A casa só falta ter uma placa em sua frente dizendo: “Cuidado”. Mesmo assim, o jovem cético encara noites infindas no local habitado pelo espírito da mulher do título. Malvada como um bom fantasma deve ser, sua missão é matar criancinhas. Adultos são um brinde.

O novo longa dá um pulo de 40 anos, e se passa em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial. O terror das bombas que caem em Londres leva um grupo de crianças órfãs, cuidadas por duas professoras (Phoebe Fox e Helen McCrory), a se mudar para a casa amaldiçoada, onde outro tipo de horror as espera.

Quem não viu o primeiro filme pode ver o segundo sem receios. A trama repete toda a história da mulher amargurada que assombra o local e não traz o personagem de Radcliffe. A fotografia, elogiada no filme de 2012, continua sendo o forte da produção, agora com uma paleta de cores ainda mais restrita. Alguns sustos são esperados, mas nada comparável à solidão e ao desespero vivido pelo personagem do longa inicial.

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‘A Entrevista’, a comédia pastelona de Seth Rogen e amigos

A amizade dos canadenses Evan Goldberg e Seth Rogen tem sido produtiva para o cinema de besteirol, aquele das comédias bobas, com piadas infantis sobre sexo, sangue fora de hora e um exagero de escatologia gratuita. A fórmula, bem consumida por americanos, foi explorada pelos dois roteiristas em Superbad: É Hoje (2007) e Segurando as Pontas (2008), todos com Rogen no elenco. Em 2013, a dupla assinou uma direção pela primeira vez, com É o Fim, também estrelado por Rogen, com a ajuda de James Franco. Agora, os amigos retomam a parceria com Franco em A Entrevista, outra comédia que bate na trave ao mostrar uma boa ideia no roteiro, que se perde ao ser conduzida pelo ridículo.

Antes de ser lançado — e quase não o ser — o filme se tornou famoso por irritar o ditador norte-coreano Kim Jong-un. Na trama, Franco é o apresentador de um programa de celebridades, do qual o Jong-un é fã. Rogen interpreta o produtor da atração, que quer ser levado a sério pelos colegas do jornalismo. Ele então arranja uma entrevista com o líder da Coreia do Norte, para elevar a moral de ambos. Porém, ao anunciar um encontro marcado com o governante mais recluso do mundo, a dupla acaba recebendo da CIA a missão de assassinar o entrevistado. 

Apesar da atuação exagerada de Franco, o filme começa divertido, com algumas boas sacadas, especialmente quando Randall Park, que vive o ditador, surge como uma figura que precisa de longas horas de psicoterapia. Porém, o filme perde o ritmo e cai no texto de comédia já dominado pelos diretores, causando mais vergonha alheia do que risos.

‘Grandes Olhos’, um drama pé no chão de Tim Burton

O cineasta americano Tim Burton já se tornou uma grife conhecida. Sua assinatura costuma ser sinônimo de filmes fantasiosos, com tramas que envolvem heróis, vampiros, mortos-vivos e personagens com parafusos fora do lugar — boa parte interpretada por Johnny Depp. Em Grandes Olhos, o diretor foge do conforto ao retratar a história real de Margaret Keane, a pintora que ficou famosa por desenhar crianças com olhos expressivos e exagerados e ter a autoria das obras roubada pelo segundo marido, Walter Keane, entre os anos 1950 e 1960.

O início do filme mostra um cenário parecido com o subúrbio de Edward Mãos de Tesoura (1990), com casas coloridas, gramas cortadas e céu limpo. Entre tamanha organização está Margaret, vivida por Amy Adams, que encontra coragem para deixar o marido sufocante, em uma época que o divórcio era incomum, e fugir com a filha para São Francisco. Lá ela se depara com a dificuldade de ser uma mulher divorciada que precisa de um emprego, até conhecer Keane (Christoph Waltz), um falastrão que vende quadros de paisagens parisienses.

Para sobreviver ela se casa com o novo namorado, que tenta a todo custo se estabelecer no circuito artístico da cidade. Sem talento, ele vê a chance de ser famoso e rico quando os quadros da esposa começam a fazer sucesso. O “artista” assume a autoria da assinatura Keane nas pinturas, enquanto Margaret aceita a situação para sustentar a filha. Mesmo sem o costumeiro tom de fantasia, a ótica de Burton sobre a história é perceptível na direção de arte, que lança mão de elementos utilizados pelo cineasta em outros longas, como a fotografia rica em cores, que se mescla com a obra da pintora. Já o pitoresco, outra paixão do cineasta, fica por conta das pessoas, especialmente o marido vivido por Waltz: um homem teatral, que seduz quem está ao seu redor e tem um incrível poder para transformar a mentira em quase verdade.

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