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Conheça o brasileiro que chegou à Disney – e agora tenta o Oscar

Leo Matsuda dirige o curta 'Trabalho Interno', que está na reta final da corrida ao Oscar de melhor curta de animação

Por Mabi Barros Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 dez 2016, 08h57

Leo Matsuda diz levar a diversidade e a alegria do povo brasileiro ao mundo com Trabalho Interno, filme da Disney na final da categoria de curtas animados do Oscar 2017. Sim, Leo Matsuda é brasileiro. E não só. O paulistano, que em Trabalho Interno aposta na dualidade “cérebro-coração” se inspira, diz, na dicotomia de sua condição de nissei (filho de japoneses imigrantes). Matsuda cresceu na Disney graças a um concurso interno para descobrir novos talentos que o revelou a John Lasseter, diretor de criação da gigante do entretenimento e a mente por trás de Toy Story e Carros. Depois de trabalhar em Zootopia, Operação Big-Hero e Detona Ralph, o brasileiro recebeu aval para tocar a própria produção, que chega ao Brasil em 5 de janeiro, como esquenta para a nova princesa da Disney. Com pouco mais de seis minutos, Trabalho Interno abrirá as sessões de Moana: Um Mar de Aventuras.

Leia abaixo a entrevista que Leo Matsuda concedeu ao site de VEJA:

Como foi o processo de ir para os Estados Unidos e começar a trabalhar com animação? Foi um processo difícil. Eu fui para os Estados Unidos em uma época não muito boa, perto dos atentados de 11 de Setembro, mas era meu sonho quando novo. Eu me formei em desenho industrial no Mackenzie, mas logo em seguida prestei a CalArts (California Institute of the Arts). Meu portfólio ainda não tinha o calibre necessário para ingressar na indústria de animação, e o curso lá me ajudou muito. Conheci muitas pessoas nesse processo, várias que hoje estão despontando neste mercado, o Pendleton Ward, de Hora de Aventura; o J. G. Quintel, de Apenas um Show; e o Alex Hirsch, de Gravity Falls. Conviver com eles me ajudou muito.

O que aprendeu com eles? A valorizar a ideia. Às vezes, as pessoas no Brasil focam muito na execução da ideia, o que acaba impedindo que ela vá para frente. Lá nos Estados Unidos, a importância maior é dada para a ideia em si. Se a ideia não for boa, é uma coisa que não vale a pena contar.

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Foi isso que o  impulsionou a procurar trabalho no exterior? Sim, eu sempre gostei de contar histórias, e acho que poder contar minhas histórias foi o que me impulsionou a trabalhar fora.

O personagem principal de Trabalho Interno é brasileiro, americano ou assume um caráter universal? O Paul é muito baseado em mim. Eu tenho ascendência japonesa, apesar de ser brasileiro: nasci em São Paulo e cresci em São José dos Campos. É um personagem que mistura nacionalidades, o que se reflete na dualidade “cérebro-coração”, explorada durante todo o longa. Acredito que não existe um estereótipo de brasileiro, todos são uma mistura de raças e culturas, e é com essa diversidade que esperamos que as pessoas se identifiquem no curta. Geneticamente, eu sou japonês, mas tenho meu lado brasileiro que gosta de festa, de Carnaval. É com essa dualidade que existe dentro de mim, e eu acredito que exista de formas diferentes em todas as pessoas, que eu espero que cada pessoa consiga se identificar.

Qual reflexão você quer propor com essa animação? A ideia de seguir o coração, o que você ama. Mas de forma realista. Não tem como você abandonar suas responsabilidades, seu trabalho, então a saída é encontrar a alegria onde você está, no momento. Eu acho que o Paul encontrou um equilíbrio, é lógico que ele não pode abandonar suas responsabilidades, mas ele encontrou aquela esperança, e a partir deste momento ele mudou e contagiou as pessoas ao redor dele. É uma jornada interior, de cada pessoa compreender isso.

Como Trabalho Interno vai dialogar com Moana? As pessoas tendem a pensar que os curtas-metragens da Disney têm alguma relação com o longa que precedem, mas eles são totalmente à parte. No meu caso, acho que o único ponto em comum é a praia. Também a  trilha sonora mais alegre, com um pouco mais de energia.

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Quais suas impressões sobre o cinema nacional, agora que estamos tentando gêneros diferentes, como terror, ficção científica.  Há muitas ideias boas no Brasil, e agora é uma época fenomenal para o cinema nacional. Vejo muitos projetos vindos de diretores independentes, não ligados a um estúdio, e isso é muito admirável. Estão gastando o próprio dinheiro para investir em algo com risco, mas colocando o Brasil para competir com projetos do exterior. Ainda mais com a indústria de animação tão globalizada, com a internet o acesso está muito mais fácil, você pode fazer um curta e colocar no YouTube. Eu realmente gostaria que os brasileiros continuassem isso, de dividirem as ideias pessoais, ao invés de unicamente focar na execução. O brasileiro tem muito mais potencial do que executar, de fazer um comercial que parece bonito. Tem muita ideia boa para se contar no Brasil, muita história.

Você pretende voltar para o Brasil, fazer algo aqui? Estou sempre aberto para tudo, a gente nunca sabe. “A vida é uma caixa de chocolates”, como disse Forest Gump. Mas hoje eu estou em uma época muito boa na Disney, dizemos lá que estamos na “Época de Renascença”. A Disney despontou muito, eles estão valorizando muito o fato de contar uma história boa, nem que demore muito. Eu estou muito feliz lá, mas eu estou aberto, como todo cineasta deve ser, a oportunidades.

 

 

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