“Nós estamos no Rock in Rio, mas eu quero que vocês se sintam como no Carnaval de Salvador”, anunciou a cantora Claudia Leitte, no começo de sua apresentação no palco Mundo. Em boa parte do show, de repertório tão vasto quanto perdido — a cantora não se decide para que lado atira –, o público aceitou o convite e pulou bem ao modo dos Carnavais fora de época, as micaretas.
Claudia abriu o show com As Máscaras, canção de sua autoria, e até o fim da apresentação, que começou com 30 minutos de atraso, interpretou um repertório bem próximo daquele de uma banda de baile: recheado de hits dançantes e versões para músicas de terceiros.
Nisso, se incluiu Satisfaction (I Can’t Get No), dos Rolling Stones (colada em Beijar na Boca); Manguetown, de Chico Science e Nação Zumbi (que ela emendou com Locomotion Batucada); Taj Mahal, de Jorge Ben Jor, Telegrama, de Zeca Baleiro; D’yer Mak’er, do grupo Led Zeppelin, e Amor Perfeito, de Roberto Carlos. Tudo isso entre gritos de “sai do chão” e “eu quero é beijar na boca”, refrão de um do hit da cantora emendado ao dos Stones.
Em suma, um repertório desses que não raro animam festas de casamento. Funcionou na maior parte do tempo junto à plateia do RiR, que recebeu com frieza justamente a mácula injetada pela cantora no repertório do compositor Chico Science — que deve estar se revirando na tumba.
Claudia também interpretou canções de sua nova lavra, criada na tentativa de internacionalizar a carreira — vide o dueto com o cantor porto-riquenho Rick Martin em Samba e Batucada Locomotion, em que canta num inglês indecifrável. Num efeito especial a la Programa da Hebe, Martin “participou” do dueto: sua imagem foi reproduzida no telão do palco, enquanto a princesa do axé soltava a voz ao vivo.
Para fechar o espetáculo, Claudia Leitte deixou o palco suspensa por cabos de aço.