Cineasta Nora Ephron morre aos 71 anos
Roteirista de 'Harry e Sally - Feitos Um Para o Outro' e 'Sintonia de Amor' sofria de leucemia
A diretora e roteirista Nora Ephron morreu nesta terça-feira, aos 71 anos, nos Estados Unidos. Por causa de suas comédias românticas, gênero do qual é uma das precursoras, Nora é considerada a voz de uma geração de mulheres que viram seus desejos por um novo tipo de relação amorosa, mais igualitária, traduzidos em seus filmes. Nora foi indicada ao Oscar três vezes por melhor roteiro original dos filmes Sintonia de Amor (1993), Harry & Sally – Feitos Um Para o Outro (1990) e Silkwood – O Retrato de uma Coragem (1984). Seu último trabalho foi no longa Julie & Julia (2009), em que dirigiu a atriz Meryl Streep no papel da culinarista Julia Child.
A diretora sofria de leucemia, contraiu pneumonia e não resistiu. Nora deixa dois projetos inacabados: a cinebiografia da cantora Peggy Lee, que será protagonizada por Reese Witherspoon, e a adaptação para o cinema da série de TV Lost in Austen.
Nascida numa família de escritores (seus pais, Henry e Phoebe Ephron, também eram roteiristas), Nora começou a carreira como auxiliar administrativo da revista Newsweek logo depois de se formar na faculdade – foi a forma que ela encontrou para estar próximo do universo jornalístico que ela admirava em uma redação que não admitia mulheres escritoras no início dos anos 60. Suas reportagens publicadas nas revistas Esquire e New York Times Magazine ajudaram a consolidar o movimento conhecido por New Journalism (Novo Jornalismo), reportagens escritas em primeira pessoa que mesclam literatura e apuração de fatos.
Sua carreira no cinema começou por acaso, quando ajudou o segundo marido, o jornalista Carl Bernstein, que desvendou o caso Watergate junto com o repórter Bob Woodward, no The Washington Post, a reescrever o roteiro de Todos os Homens do Presidente. O trabalho resultou em um convite para trabalhar como roteirista. O primeiro sucesso, Harry & Sally – Feitos Um Para o Outro (1990), alçou o nome de Nora ao status de estrela de Hollywood por causa, em grande parte, de uma determinada cena em que Meg Ryan (Sally) surpreende Billy Crystal (Harry) ao fingir um orgasmo numa lanchonete em Nova York. A partir disso, Nora passou a ser vista como a principal voz dos anseios e aflições da mulher contemporânea. Seus trabalhos seguintes se dedicaram a retratar personagens femininas que superam sozinhas crises e carências sem deixar de emocionar pelo romantismo.