Chef do Mocotó leva pratos brasileiros e a bicicleta para os EUA
Em 2018, Rodrigo Oliveira abrirá um restaurante em Los Angeles, onde ele também pretende explorar trilhas de mountain bike
Depois de abrir o restaurante Balaio dentro do Instituto Moreira Salles (IMS), recém-inaugurado na Avenida Paulista, o chef Rodrigo Oliveira já planeja levar sua premiada cozinha para outro hemisfério. Em 2018, ele abrirá uma casa em Los Angeles (EUA) com pratos que remetem ao Mocotó e seu irmão caçula, Esquina Mocotó, especializados em culinária brasileira contemporânea. A empreitada nasceu do insistente convite de um grupo americano e foi motivada, entre outras razões, pela paixão de Oliveira por mountain bike.
Seus parceiros nos Estados Unidos serão os representantes do grupo Sprout, que está apor trás de nomes celebrados da culinária mundial, como o austríaco Wolfgang Puck, a inglesa April Bloomfield e o americano Chad Robertson, além dos restaurantes Bestia, République e Otium. Por um ano, eles tentaram convencer Oliveira a se mudar para a Califórnia. Um “olheiro” começou o contato, após se deliciar no Mocotó. E ouviu três recusas antes de convencer o brasileiro a, pelo menos, viajar para ouvir a proposta pessoalmente. “O timing era ruim porque eu não queria passar muito tempo fora e estava envolvido com o lançamento do Balaio”, lembra.
Em Los Angeles, ficou hospedado em um dos hotéis que estão cotados para receber o novo restaurante. “Fui bastante cético, sem compromisso, mas foi impressionante ver o nível de profissionalismo de todos e a maturidade do mercado, desde o produtor até o público”, explica. Mesmo assim, ainda disse não outras duas vezes. Até apresentou Victor Vasconcellos (Bar Número), amigo de faculdade que já fazia planos de se mudar para a Califórnia. Eles acolheram a sugestão, mas insistiram na participação dele. “Percebi que, além de poder divulgar a culinária nacional lá fora do jeito certo, ainda seria uma oportunidade de trazer um pouco do conhecimento desse grupo para cá.”
O cardápio será inspirado no que ele já faz aqui, mas aberto a novidades locais. Já descobriu bons fornecedores nos Estados Unidos para ingredientes básicos, da carne seca à tapioca. Outros serão exportados. E nada impede que busque um peixe fresco do litoral californiano para adaptar uma moqueca, por exemplo. “Eu me inspiro nos grandes nomes latinos, como o peruano Virgilio Martínez Véliz, que abriu o Lima, em Londres, e o o mexicano Enrique Olvera, com o Cosme, em Nova York”, diz. “Eles e outros ajudaram a mostrar lá fora que uma região praticamente ignorada antes como a nossa é um celeiro de grandes produtos, de diversidade e de vanguarda.”
Além de confiar nos novos sócios e poder contar com a supervisão de Vasconcellos, outros dois motivos o levaram a, enfim, aceitar ir duas ou três vezes por ano aos Estados Unidos. A primeira tem a ver com um hobby. Oliveira adora mountain bike e a região tem algumas das melhores trilhas do mundo para pedaladas montanha abaixo. O outro incentivo veio das filhas. As meninas o acompanharam e ficaram encantadas em poder visitar a Disneyland de vez em quando. Agora ele já se organiza para viajar sempre com a bicicleta e a as crianças a tiracolo quando o restaurante abrir as portas, provavelmente no último trimestre do ano que vem.