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Cauã Reymond vai à caça em 2014

Depois de fazer sucesso em ‘Amores Roubados’ e de fixar seu nome definitivamente no mural de galãs da dramaturgia no Brasil, ator dedica-se às gravações de ‘O Caçador’, mais uma série em que é o protagonista

Por Patrícia Villalba
19 jan 2014, 06h19

“Creditar o sucesso da minissérie a fofocas de revistas de celebridades seria desmerecer o trabalho de toda uma equipe que se entregou com talento e dedicação ao trabalho“, diz Cauã

Em ‘Amores Roubados’, a minissérie carregada de sensualidade que a Globo apresentou nas duas últimas semanas, Cauã Reymond viveu um tipo irresistível, que conquista por esporte e acaba selando seu destino por, em resumo, desafiar a autoridade do “poder macho local”. A trama está centrada na capacidade do protagonista de despertar o interesse das mulheres e atrair, para ele próprio, uma trágica inveja masculina. A escolha do diretor José Luiz Villamarim foi certeira, e deixa a sensação de que, neste momento, “tinha de ser ele” o Leandro Dantas imaginado pelo autor George Moura, a partir do romance pernambucano ‘A Emparedada da Rua Nova’, de Carneiro Vilela. “O Leandro tem um lado que eu vejo como totalmente obscuro, e foi assim que eu o construí. E é esse lado que o leva a ser um sedutor contumaz, desenfreado, e que se torna o motivo de sua grande tragédia”, diz ele, Cauã, por email, depois de um extenuante dia de gravações de ‘O Caçador’, série que estreia em abril, na qual ele perseguirá recompensas – e, acredita-se, também algumas mulheres.

O momento da vida pessoal de Cauã, mergulhado em boatos de que seu rompimento com Grazi Massafera teria sido deflagrado por uma traição com a também atriz Isis Valverde – par romântico dele na séria – atiçou a curiosidade do público para a vida real dos três ídolos. “Creditar o sucesso da minissérie a fofocas de revistas de celebridades seria desmerecer o trabalho de toda uma equipe que se entregou com talento e dedicação ao trabalho”, responde, sobre a relação entre a boataria e o bom desempenho de ‘Amores Roubados’.

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Fofocas à parte, é inegável que, até o momento, quem parece colher os melhores frutos da intriga é o ator. Leandro Dantas conquistou as mais belas da fictícia Sertão, onde está plantada a vinícola que ambienta a trama, mas foi Cauã que ganhou o país como o protagonista da minissérie a alcançar maior Ibope desde ‘Amazônia’, de Glória Perez, em 2007. Foram 34 pontos no capítulo da última segunda, justamente quando Leandro foi perseguido pelos capangas de Jaime Favais (Murilo Benício) e – para revolta das personagens com quem se relacionava – acabou morto. Desde o primeiro capítulo, e ainda mais depois que ele saiu de cena, é o nome dele – não Leandro, mas Cauã – que ecoa nas redes sociais, num frisson digno dos momentos de maior idolatria dirigida às celebridades. “Nada de novo… Ele sempre causou e causa esse frisson”, diz Amora Mautner, que o dirigiu em diversos trabalhos, como quando ele foi o Jesuíno de ‘Cordel Encantado’ (2011) e o Jorginho de ‘Avenida Brasil’ (2012). “Pra mim isso vem da energia ‘nuclear’ dele. Isso vai para o público, contamina e afeta a todos. O bicho pega com ele no set!”, diz Amora.

Paralelamente à simbiose que demonstrou com o atual personagem e às fantasias que povoam a mente dos telespectadores, o Cauã da vida real está bem longe do estilo Don Juan, aquele que anda esbanjando charme e que alguns galãs insistem em praticar fora de cena. Equilibrado, impressiona quando visto pessoalmente menos pela beleza – afinal, a mesma que se vê na TV – do que pela constatação de que é “gente boa”. É o que mais se ouve sobre ele nos bastidores, e há anos, desde que despontou como o Maumau de ‘Malhação’, em 2002/2003.

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Vista em retrospecto, a carreira do galã do momento passa a ideia de paciência e persistência. As cenas da novelinha adolescente estão aí para provar que ele não nasceu dominando o ofício – o que também ocorre com artistas desprovidos de beleza, é verdade. “É normal que seja assim. O trabalho do ator começa pela intuição e, depois, evolui para o método particular. Cauã já construiu o seu”, pontua a experiente colega Vera Holtz, que já foi amante e mãe dele em cena, quando os dois viveram o Mateus e Antonella em ‘Belíssima’ (2005) e Jorginho e Mãe Lucinda em ‘Avenida Brasil’, além de um encontro menos próximo em ‘Passione’ (2010). “A expansão pessoal dele é bonita. Ele atinge os seus alvos e estabelece novos limites, começa de novo a cada trabalho. Mas o talento, essa coisa mágica e química, vem com ele desde pequeno. Ele tem uma coisa diferente, sei lá…”

Quem primeiro descobriu essa “coisa diferente” foram os fotórgrafos de moda, quando ele tinha 18 anos. Ainda com jeito de menino do Rio, surfista como outros tantos da Prainha, em Grumari, e naturalmente engraçado, ele não é mesmo daqueles que se esforçam para manter a pose ou para encaixar frases inspiradas – talvez ensaiadas – nas respostas. Em vez disso, apresenta sempre uma boa compreensão do tipo que está interpretando e, com o papo engatado, gosta de saber a opinião do interlocutor. Nesse ponto, lembra Reynaldo Gianecchini, outro galã que enfrentou as críticas mas conseguiu se impor, sem perder a qualidade de galã. Como se sabe, é um caminho incerto o de um ator bonito associado a tipos sensuais na TV. Alguns, como Humberto Martins e Marcello Novaes, demoraram décadas até o reconhecimento da crítica. Carlos Alberto Riccelli, que Cauã faz lembrar pelo frisson que causou nos anos 90 como o Nô da minissérie ‘Riacho Doce’, desistiu da TV e se tornou diretor de cinema.

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Há nesse mercado também os bonitões que procuram se manter fora dos estúdios de TV – ou das emissoras nacionais, pelo menos. Rodrigo Santoro, que ocupa espaço semelhante ao de Cauã nas cortiças das adolescentes e no imaginário de mulheres mais maduras, vem recusando sucessivos convites para voltar à Globo. E a sorte, nesse caso, é mais uma vez de Cauã, que se torna artigo de luxo ajudado, ainda, pela lei da oferta e da procura por tipos atraentes que possam protagonizar novos produtos da emissora. “Diferente de uma grande maioria de atores jovens, o Cauã não encarou sua carreira como um trampolim para ser uma celebridade, mas com a seriedade de um ator com letras maiúsculas”, opina Silvio de Abreu, autor que lhe apresentou valiosas oportunidades do início de carreira.

O físico, é verdade, foi decisivo para que Silvio desse a Cauã o papel do michê Mateus, de Belíssima, que o carimbou como ator promissor, o primeiro numa novela das nove. Foi após a grande repercussão do Thor Sardinha, lutador de jiu-jitsu – esporte que pratica na vida real – de ‘Da Cor do Pecado’, em 2004, novela das sete de João Emanuel Carneiro, com supervisão de Silvio. Sexy, em cuecas vermelhas e sempre provocando a prima ingênua Giovana (Paola Oliveira), Mateus uniu o bom humor das cenas com a perua Ornella (Vera Holtz) à densidade um tanto depressiva da vida de um garoto de programa. Foi tão bem que, no fechar de cortinas, apareceu em Paris, beijando a Bia Falcão de Fernanda Montenegro – houve até telespectador indignado com tamanha ousadia. “Ele beija bem, viu!”, brincou Fernanda na época.

A conquista, ele sabe, é um prazer, mas pode ser uma armadilha. No coração das adolescentes desde que pisou em Malhação, ele bem que poderia ter se tornado um descamisado clássico, mas foi além. Ainda em 2009, muito antes de Mateus Solano arriscar a imagem de galã no papel do homossexual Félix – ao que parece, o personagem gay é agora item obrigatório no currículo de atores aplicados -, Cauã foi buscar um papel fora dos padrões da TV no cinema. Estrelou ‘Estamos Juntos’, longa-metragem de Toni Venturi lançado em 2001, no qual interpretou Murilo, o amigo gay de Carmem, personagem de Leandra Leal. “Ele aceitou o papel exatamente para contrapor a imagem do astro de TV que ele de fato é, e vem procurando desde então desafios verdadeiros no cinema”, lembra o cineasta, que conta ter levado Cauã para um mergulho no mundo gay paulistano. DJ carioca recém-chegado a São Paulo, o personagem fez o ator lidar com um tipo diferente de sensualidade. “Agora, na minissérie, observo que ele conseguiu trazer uma tridimensionalidade muito especial para aquele papel, do conquistador, do predador clássico”, avalia Abreu.

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O diretor anota ainda que a beleza, se atrapalhou o ator no início – mais exatamente no período em que, inevitavelmente, os egressos de ‘Malhação’ carregam o incômodo carimbo de procedência de uma trama ‘menor’ na grade da Globo – agora chega a ser ofuscada pelo talento dele. Mas isso não quer dizer que a combinação dos dois fatores não seja ouro puro aos olhos da direção da emissora e dos diretores de cinema que vêm trabalhando com Cauã desde 2004, quando ele estrelou ‘Ódiquê?’, de Felipe Joffily. Brad Pitt e o agora indicado ao Oscar Leonardo Dicaprio estão aí para provar o quanto se pode aprender ao longo de uma carreira e o valor que esse aprendizado terá quando a maturidade chegar.

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A maturidade de Cauã, por coincidência, veio ao mesmo tempo em que a primeira minissérie, produto que vai ao ar num horário que permite voos mais adultos da teledramaturgia. Até atingir esse posto, que envolve também o risco mais elevado das produções pensadas para as 23h, ele esteve em algumas das mais comentadas produções globais dos últimos tempos – ‘A Favorita’ (2008) e ‘Avenida Brasil’ já dizem muito, mas há ainda ‘Da Cor do Pecado’, ‘Cordel Encantado’, ‘Belíssima’, ‘Passione’. “É um caminho natural. A minissérie propicia ao ator elaborar mais o seu trabalho, pois você já conhece todo o arco dramático do personagem antes mesmo de colocar os pés no set”, diz ele.

Aos 33 anos e com boa intuição para escolher papéis, traço que o preservou dos mocinhos tolos que costumam fazer os bonitos como ele de reféns, o ator vinha levando uma vida pessoal sem grandes solavancos e com notável preferência pela discrição. Não tem perfil em rede social, apenas uma fanpage no Facebook, administrada por sua assessoria e com contribuições dele próprio, de tempos em tempos. Quando questionado sobre isso, costuma dizer que quem quiser impor um limite sobre a vida pessoal não pode ser o primeiro a se expor na internet.

Apesar de sabedoria para lidar com notícias e fofocas não ser exatamente algo de sua profissão, Cauã demonstra entender que esse tipo de ‘onda’ se desloca sem controle. Chegou-se a temer, na Globo, o impacto das intrigas ligadas à vida pessoal do ator no desempenho de ‘Amores Roubados’. Em resumo, a fofoca dava conta de que um affaire que teria tido com Isis Valverde, durante as filmagens no interior da Bahia e em Pernambuco, em julho, seria o motivo da separação dele de Grazi Massafera, com quem foi casado por sete anos e tem uma filha, Sofia, de apenas um ano e meio. Na linha-cruzada de todo tipo de fofoca, houve até quem apostasse no fracasso da minissérie que, ora essa, seria boicotada pelos moralistas de plantão. Total engano. Já pelo clipe de apresentação, a química que ele demonstrava ter com Isis, e que se via também nas cenas com Dira Paes e Patrícia Pillar, além do tratamento técnico do trabalho como um todo, sentia-se o cheiro de sucesso de audiência.

Os atores não assumiram qualquer envolvimento. Muito requisitado para falar sobre o assunto, o ator não perde a calma diante das perguntas indiscretas – mas não deixa de franzir a testa. Na coletiva que apresentou a minissérie, no final de dezembro, fez esforço para manter o bom-humor nas conversas com os repórteres que chegavam de mansinho, tentando levá-lo a falar sobre traição, companheirismo de coxia e qualquer coisa que pudesse implicar Isis. “Eu espero que tudo isso sirva para ajudar o Ibope”, rebateu, a certa altura, em claro tom de brincadeira.

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O ano de 2014, que começou bem, será agora dedicado a ‘O Caçado’. Para protagonizar o seriado policial dirigido por José Alvarenga Jr., ele passou por treinamento na Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), no Rio. “Ele é muito diferente do Leandro, é um caçador de recompensas. Mais que isso, só vendo a série… não posso revelar”, diverte-se ele, que, com o novo trabalho e contrariando as apostas de que ele estaria queimado na Globo após o episódio envolvendo ‘Amores Roubados’, passará boa parte de 2014 no ar.

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