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Cara Delevingne, a princesa rebelde da moda conquista o cinema

Aos 22 anos, a modelo britânica conseguiu realizar a transição entre passarela e Hollywood. Bissexual e com personalidade extravagante, a moça promete derrubar todos os limites para ser uma übercelebridade

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 jun 2015, 10h01

Longas madeixas loiras, olhos claros realçados por uma sobrancelha marcante, pele lisinha, magreza no limite do que parece saudável e sorriso enigmático. A britânica Cara Delevingne, 22 anos, poderia ser só mais uma na vasta trupe de modelos que desfilam pelas semanas de moda. Na realidade, a moça tinha contra ela a altura de 1,73m, “defeito” que a fez ser esnobada pelo estilista americano Marc Jacobs, que a chamou de “anã” antes de uma seleção, em 2012. Pobre, Jacobs. No mesmo ano, Cara estourou no mercado da moda com um contrato com a grife britânica Burberry, em 2013 se tornou uma das tops mais requisitadas de grandes marcas de luxo como Chanel e Fendi e, no ano seguinte, ocupava a 15ª posição na lista da Forbes de modelos mais bem pagas do mundo, com 3,5 milhões de dólares embolsados em onze meses.

Dona de uma personalidade extravagante e até teatral, a loira se destacou entre as colegas de passarela ao se distanciar do padrão das garotas certinhas e de feições blasées, que aspiram à uma igualmente entediante perfeição plástica. As qualidades de uma “antimodelo”, alcunha dada à sua musa inspiradora Kate Moss nos anos 1990, ajudaram Cara a construir o caminho para o que ela aponta como seu verdadeiro sonho: ser atriz de cinema. Em julho, ela lança sua primeira protagonista no filme Cidades de Papel, baseado no livro de John Green, autor do sucesso A Culpa É das Estrelas.

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Já consagrada no restrito mundo da moda e como celebridade da internet – ela possui 14 milhões de seguidores no Instagram, 2,8 milhões no Twitter e 2,1 milhões de curtidas no Facebook -, Cara pode encontrar no cinema seu caminho para o panteão ocupado por atrizes jovens como Jenniffer Lawrence e Kristen Stewart. Jennifer, a atual queridinha de Hollywood, é espontânea, meio desbocada e capaz de passar incólume por gafes como um tombo no tapete vermelho. É também uma boa atriz, dona de um Oscar e protagonista de uma franquia bilionária. Kristen tem um ar distante, agora namora uma mulher e se arrisca, após o blockbuster Crepúsculo, em produções menores e independentes. Cara é uma mistura das duas.

Conta a seu favor, para o bem e para o mal, a atenção que lhe dispensa a imprensa. Revistas consagradas a disputam para suas capas. Tablóides de fofoca se deliciam com sua vida vida amorosa agitada e livre, que mescla sem pudores relacionamentos com meninos e meninas – também famosos. A cereja do bolo é que a jovem ainda planeja investir na música – sim, ela canta e toca instrumentos. Se trabalhar direitinho, Cara tem potencial suficiente para ultrapassar suas colegas e levar para casa a faixa de übercelebridade da geração dos millenials.

Fora da curva – Um breve passeio pelas redes sociais da top é suficiente para revelar detalhes que fizeram a diferença na transição das passarelas para o cinema. Enquanto boa parte das modelos só divulgam fotos em poses sensuais, com o famoso “carão” e o look do dia, Cara prefere imagens com caretas, sem maquiagem, vestida de boné e moletom e até mesmo segurando animais nojentos – recentemente ela apareceu beijando um rato e, depois, um sapo. O jeito abobalhado e sem filtro da garota, por incrível que pareça, impulsionou seu cacife no mundo virtual. Seus milhões de seguidores, composto especialmente por adolescentes, se espelham em tudo o que ela faz, ao mesmo tempo em que se identificam com seu despojamento. Quase gente como a gente. “As redes sociais são perfeitas para Cara, pois são muito imediatas. Os fãs podem vê-la de verdade, meio louca, divertida, sempre autêntica”, diz o diretor criativo da Burberry, Christopher Bailey, sobre sua pupila, à revista do The Wall Street Journal, a WSJ.

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Fora das redes sociais, ela também é constantemente clicada fazendo palhaçadas em lugares pouco comuns, como nos elegantes tapetes vermelhos de eventos de gala ou quando quebrou todos os protocolos ao fazer diversas caretas durante um desfile da H&M, em 2013, na tradicional semana de moda de Paris.

Não à toa, os paparazzi estão mais do que atentos quando o assunto é Cara Delevingne. As noitadas da modelo, que não chega aos pés de profissionais como Lindsay Lohan, são seguidas de perto. Tanto que, há dois anos, os fotógrafos conseguiram flagrar o momento em que ela derrubou da bolsa, saindo de casa, um pequeno pacote de plástico com um suspeito pó branco dentro. Também graças às lentes dos paparazzi, os mortais podem assistir aos romances da garota, que se recusava a falar sobre vida pessoal, até assumir para a revista Vogue desta semana que, sim, é bissexual. Seu primeiro affair célebre, que colaborou para impulsionar sua fama, foi o cantor Harry Style, vocalista da boyband One Direction, em 2012. A lista continua com nomes como o cantor Jake Bugg, a cantora Rita Ora e a atriz Michelle Rodriguez. Seu romance mais recente é com a cantora St. Vincent, 10 anos mais velha que ela. “Acredito que amar minha namorada é uma grande parte de estar feliz com quem eu sou”, diz ela à revista. “E para estas palavras saírem da minha boca é praticamente um milagre.”

Cara Delevingne para a marca H&M, em 2013
Cara Delevingne para a marca H&M, em 2013 (VEJA)

https://www.youtube.com/embed/syCToDS4ssg
Rainha das caretas – parte 2

Mais engraçado que uma careta na passarela é esse compilado de imagens de Cara nos bastidores da sessão de fotos para a joalheria John Hardy. No vídeo, ela vai do besteirol ao sexy em segundos. Seria um talento?

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Cara Delevingne beija um sapo em foto no Instagram (VEJA)

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John Green, Nat Wolff e Cara Delevingne em pré-estreia de ‘Cidades de Papel’ (VEJA)

https://www.youtube.com/embed/JcfcilsD1Uk
Reese Witherspoon

Após o Baile de Gala do Met, em 2014, Cara publicou dois vídeos em seu Instagram que logo viralizaram, para rapidamente serem tirados do ar. Nas cenas, a modelo filma Reese Witherspoon, Zooey Deschanel e Kate Upton tentando pronunciar seu sobrenome (ao que tudo indica, um alto nível de álcool dificultava ainda mais a tarefa). Reese é de longe a pior ao dizer algo parecido com “Deliveine”. Por fim, a atriz ensina as novatas: “Sabe de que vale o nome de uma garota? Que um homem consiga suspirá-lo em seu travesseiro”. 

Tchau, passarela – A agenda de estreias da moça no cinema para 2015 é digna de dar inveja a atores experientes. Cara tem cinco diferentes produções previstas para este ano. Na primeira, Cidades de Papel, que chega ao Brasil em 16 de julho, Cara é Margot, a garota bonita e popular do colégio, que entra em crise ao ser traída por amigas e pelo namorado. Após um plano de vingança ao lado do protagonista Quentin (Nat Wolff), que alimenta por ela uma paixão platônica, Margot desaparece misteriosamente, deixando um rastro a ser seguido por seu admirador.

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Depois do drama teen, a jovem será vista no cinema, em outubro, na pele de uma sereia em Peter Pan, dirigido por Joe Wright (Orgulho & Preconceito), com Hugh Jackman e Rooney Mara no elenco. Ela também integra o romance Tulip Fever, ao lado do ator Christoph Waltz; o thriller London Fields, com Johnny Depp; e o indie Kids in Love, todos ainda sem data de estreia definida. Para 2016, ela dará vida à vilã June Moone, conhecida como Magia, no longa da DC Comics Esquadrão Suicida. No ano seguinte, entra em cartaz com o novo filme de ficção científica do diretor francês Luc Besson (Lucy), Valerian and the City of a Thousand Planets.

A estreia de Cara no cinema aconteceu em 2012, quando ela participou do drama Anna Karenina, outro filme assinado pelo cineasta britânico Wright. No papel da princesa Sorokina, que desperta o ciúme da protagonista, Cara entrou muda e saiu calada das poucas cenas as quais foi incumbida. Porém, a pequena participação é vista como essencial pela garota. “Tive muita sorte. Se eu não tivesse feito Anna Karenina, eu não conseguiria os outros papeis”, disse em entrevista publicada em maio deste ano pela revista WSJ, do jornal americano The Wall Street Journal. “Quando você atua, a última coisa que tenta é parecer bonita. Então ser modelo não ajuda na carreira de atriz, a moda nos leva ao egocentrismo. Eu acabei me sentindo vazia. A moda é sobre o lado de fora, e só”, diz.

Após a ponta em Anna Karenina, Cara fez algumas participações em programas de TV e curta-metragens, até conquistar mais um papel pequeno no drama The Face of an Angel, de Michael Winterbottom, lançado em 2014. A pouca experiência foi suficiente para ela deixar para trás cerca de 200 atrizes que competiam pelo trabalho em Cidades de Papel. “Cara entende com profundidade como é ser tratada em duas dimensões”, diz Green em entrevista ao site da revista Forbes, em janeiro deste ano. O escritor afirma que não conhecia a modelo antes de assistir ao seu teste para o filme. “Teve um momento em que ela responde à declaração de amor de Quentin dizendo: ‘você nem me conhece’. E aquilo me tocou, pois o livro é narrado pela perspectiva dele e ela conseguiu mostrar o lado de Margot, alvo da paixão idealizada.”

O desejo pela atuação surgiu quando ela tinha 5 anos, ao interpretar Maria, a mãe de Jesus, em uma peça de Natal na escola. Aos 10, a loira fez alguns trabalhos como modelo fotográfica. Contudo, ela garante que o mundo fashion nunca lhe apeteceu. “Ser modelo não era minha paixão. Nunca foi algo que fez meu coração bater mais forte”, diz à revista americana People, em entrevista publicada em maio.

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Cara investiu nos passos da irmã mais velha, a modelo Poppy Delevingne, 29 anos, após se desencantar com a dificuldade de conseguir trabalhos no cinema. “Eu sabia que teria que provar meu valor. As pessoas carregam o estigma de que uma modelo não pode atuar. Também me disseram que não teriam dinheiro para me pagar, que o salário de uma atriz é menor que de uma modelo”, conta em entrevista ao jornal britânico The Guardian, em junho de 2014. “E eu respondia: ‘dinheiro não é o problema, eu pagaria para estar no seu filme’.”

E dinheiro, realmente, nunca foi um problema. Apesar de dizer que não ganha mais mesada desde os 16 anos, Cara nasceu em um refinado berço de ouro. Seu pai, Charles Delevingne, trabalha no setor imobiliário de luxo da Inglaterra, e sua mãe, Pandora, foi uma das modelos rebeldes dos anos 1980, ex-viciada em cocaína, que hoje trabalha como personal shopper, especialista na área de compras – rumores dizem que entre suas clientes está a duquesa Kate Middleton. O relacionamento com a família real, aliás, é antigo. Os avós maternos de Cara tinham amigos de sangue azul, como a princesa Margaret, irmã da rainha Elizabeth II. Alguns políticos, como Winston Churchill, também faziam parte do circulo social do clã.

Segundo o jornal britânico The Guardian, Cara cresceu em uma mansão de 10,5 milhões de libras (cerca de 50 milhões de reais) em uma área aristocrática de Londres. A moça vivia com os progenitores até o ano passado, quando comprou uma casa na capital inglesa, mas garante que dormiu poucas noites no lugar, ainda sem móveis. “Lar é onde meus pés estão”, diz à WSJ.

Música – Atuar e desfilar não serão suficientes para Cara por muito tempo. A jovem canta e toca instrumentos como bateria e guitarra, e diz compor letras desde os 13 anos. “A música também é uma das minhas paixões. Minha vida inteira eu cantei. Acho que irrito as pessoas ao meu redor, porque eu canto o tempo todo, até andando na rua”, disse à revista americana Interview, em 2013.

“Minha voz é um pouco rouca. Mas meu foco são as emoções. Não faço o tipo pop feliz”, diz ao The Guardian. A curiosa voz pode ser ouvida em algumas experiências disponíveis no YouTube, como na parceria com o cantor Will Heard, no vídeo da música Sonnentanz (Sun Don’t Shine), que já conta com mais de 5 milhões de visualizações no canal. Outro clipe, mais pomposo, é Reincarnation, curta dirigido por Karl Lagerfeld, em que ela canta ao lado de Pharrell Williams. “Eu vejo a Cara como uma pluralista – ela tem ambições diversas”, diz Williams em entrevista à WSJ. “Ela é espontânea e se joga no personagem que exigem dela em determinado momento.”

Em um futuro não muito distante, Cara pretende lançar seu primeiro disco. “Eu serei tão julgada que terei de caprichar para fazer algo maravilhoso”, diz sobre a demora em finalizar o projeto. Porém, antes da música, a jovem deve se firmar na carreira de atriz. Se até pouco tempo o cinema era um sonho distante, agora ela já almeja ser parte de elencos de diretores como Quentin Tarantino, Martin Scorsese e Sofia Coppola.

Seja qual caminho a modelo e atriz seguir, os muros que a impediam já não existem mais. “Quero provar que podemos ser o que quisermos. Eu amo trabalhar. Amo o que eu faço. E se eu estragar com tudo que conquistei, serei a única culpada.”

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