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‘Caça-Fantasmas’ honra espírito(s) dos filmes originais

Longa protagonizado por quatro mulheres supera o mau agouro dos velhos fãs que não queriam ver franquia alterada

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 jul 2016, 17h21 - Publicado em 14 jul 2016, 08h43

Três cientistas e um agregado se unem em um laboratório de ciência maluca, em busca de tecnologias para capturar fantasmas. Eles criam um raio que laça assombrações das mais variadas, desde o típico espectro transparente sinistro até um gigantesco boneco de marshmallow e uma gosma cor-de-rosa do mal. A premissa do primeiro Caça-Fantasmas, lançado em 1984, não poderia ser mais boçal e, ao mesmo tempo, deliciosa. Ícone do cinema cômico, o filme ganha esta semana um reboot que conseguiu, apesar do mau humor dos seguidores da santa inquisição da cultura pop, honrar o espírito da franquia — e os espíritos que mais fazem rir do que assustam.

A grande diferença do novo filme para os dois anteriores (o segundo foi lançado em 1989) é a já falada mudança para o protagonismo feminino. Quatro badaladas comediantes americanas assumem o papel e o horrendo macacão dos caça-fantasmas. A primeira a ser apresentada é Erin, personagem da atriz Kristen Wiig, uma professora universitária que tenta estabelecer sua carreira acadêmica. Plano interrompido por Abby (Melissa McCarthy), uma cientista excêntrica que coloca no mercado um antigo livro escrito por ela e Erin sobre teorias paranormais. As duas ganham a companhia de Jillian (Kate McKinnon), uma engenheira fora da caixinha, e Patty (Leslie Jones), funcionária do metrô que se une ao clube após ser perseguida por um fantasma nos trilhos.

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A controversa e arriscada escolha de substituir homens por mulheres em uma franquia tão famosa foi compensada pelo nome de Paul Feig para a direção. O cineasta tem acertado mais do que errado em suas comédias femininas, como Missão Madrinha de Casamento (2011) e A Espiã Que Sabia de Menos (2015), títulos em que os dramas femininos são tratados com sutilezas e muita ironia. O mesmo ele faz em Caça-Fantasmas.

Não espere por bandeiras feministas. Os principais dramas vividos pelas mulheres no longa são os mesmos dos homens nas produções dos anos 1980: a falta de verba, as desavenças com as autoridades nova-iorquinas e a dificuldade de provar a real existência de fantasmas.

A referência mais clara da inversão de papéis entre gêneros fica a cargo do colírio Chris Hemsworth, que vive Kevin, o secretário do quarteto. Assim como já foram retratadas, de forma estereotipada, muitas secretárias no cinema e na TV, Kevin faz o tipo loiro burro. Ele só é contratado por ser bonito e mais atrapalha do que ajuda. Hemsworth joga bem com as comediantes e participa de algumas das cenas mais engraçadas da produção.

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Outro trunfo do diretor foi o cuidado em mexer no vespeiro de uma franquia endeusada pelo poder do tempo. A produção é repleta de pequenos detalhes dos longas do passado. O destaque fica com a participação dos atores originais e, claro, do fantasma verde Geleia. Bill Murray interpreta um especialista em desmascarar falsos estudiosos do mundo sobrenatural. Dan Aykroyd faz um taxista ranzinza. Annie Potts continua como recepcionista, agora de um hotel. E Harold Ramis, morto em 2014, ganha uma homenagem em um busto de bronze na Universidade de Columbia. Ernie Hudson e Sigourney Weaver também aparecem, mas estragaria a surpresa falar mais do que isso sobre os personagens de ambos aqui.

É verdade que a nostalgia faz do novo Caça-Fantasmas algo além do que ele realmente é. O filme de humor bobo ganha o peso do respeito de uma franquia trintona e milionária. Ainda não se sabe como a nova produção vai se comportar em bilheteria, resultado que pode interferir no futuro das sequências. Existe na internet, especialmente nos EUA, um clima de boicote contra a produção. Uma pena. Existem reboots que valem ser vistos, e este é um deles.

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