Bruno Gagliasso chora e ameaça parar de atuar por ‘censura’ a ‘Babilônia’
Na entrega do Prêmio Contigo!, em que ganhou o troféu de Melhor Ator de Série ou Minissérie por 'Dupla Identidade', ator fez um desabafo sobre o cerco moralista à novela
O ator Bruno Gagliasso aproveitou o troféu recebido na noite desta segunda-feira, no Prêmio Contigo!, para fazer um desabafo sobre as dificuldades enfrentadas por Babilônia. A novela das nove da Globo é o maior fracasso da história do horário, e, em um discurso unificado, autores, diretor e atores têm culpado os espectadores conservadores pelo péssimo desempenho da trama no Ibope — como se ela não fosse cheia de defeitos. Foi o mesmo que fez Gagliasso. No palco da premiação, em vez de agradecer pelo título de Melhor Ator de Série ou Minissérie conquistado por sua atuação em Dupla Identidade, o ator falou do momento difícil vivido em Babilônia, onde seu personagem, o cafetão Murilo, se regenerou em questão de dias, chorou e até ameaçou largar a profissão.
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Para chegar a Babilônia, Gagliasso começou falando de América (2005), novela de Glória Perez em que vivia um homossexual e que teria o primeiro beijo gay da dramaturgia da Globo, cortado na última hora pela emissora. “Fiz uma novela chamada América e em que fiz um cara que se descobria homossexual durante a novela. Fiz essa novela com muito tesão, muito mesmo. Sou movido a isso. E nessa novela eu gravei o beijo gay no último capítulo, mas uma hora antes de a novela ir ao ar cortaram o beijo e não avisaram às pessoas do elenco. Fiquei muito triste na época. Depois vi o Mateus (Solano, o Félix de Amor à Vida) e torci tanto, sabia que era um grande passo que o Brasil ia dar, e deu”, disse Bruno Gagliasso, de troféu na mão, segundo o site da Contigo!.
Depois, prosseguiu, fazendo a ameaça de deixar de atuar se a censura continuar. “E hoje, fazendo a mesma novela que a Fernanda (Montenegro, que forma um casal lésbico com Nathalia Timberg em Babilônia), eu vi o beijo gay e não vi mais, isso me deixou muito triste. A gente tem que tomar muito cuidado, porque quem faz arte é movido a paixão, a tesão, a emoção e esse personagem com o qual ganhei o prêmio me motivou por isso, porque ele faz a diferença, transforma. Não vamos dar um passo para trás, estou muito triste, feliz pelo prêmio, mas triste por estar vivendo esse momento. Só vou continuar sendo ator se eu puder transformar e puder fazer, vamos bater o pé. O desabafo é esse. Tenho orgulho desse prêmio e quero continuar tendo orgulho do que eu faço, senão vou parar de fazer”.
O ator despertou aplaudos e gritos na plateia, formada quase inteiramente por globais.