Brasileiro será destaque da Bienal de Lyon
O mineiro Paulo Nazareth vai participar da exposição sob o tema transitoriedade com trabalhos enviados diretamente de uma caminhada de 14 meses pela África
Quando a 12ª Bienal de Lyon abrir à visitação pública, em 12 de setembro de 2013, é provável que o espaço expositivo dedicado ao brasileiro Paulo Nazareth esteja vazio. O artista mineiro, considerado um dos principais nomes da arte contemporânea nacional, vai participar pela primeira vez da exposição francesa com obras produzidas durante os 14 meses em que irá atravessar o continente africano a pé rumo à Europa. A viagem está prevista para começar neste mês, portanto, parte da produção vai se dar junto com a exibição dos trabalhos. “Esse exemplo ilustra bem a proposta desta edição da Bienal de Lyon, dedicada à transitoriedade. Queremos mostrar narrativas sobre o tempo em que vivemos, entre o passado e o futuro”, diz Thierry Raspail, diretor artístico do evento.
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Além de Nazareth, a arte contemporânea brasileira vai ser representada por outros dois artistas, o pernambucano Jonathas de Andrade e o maranhense Thiago Martins de Melo, que vão ajudar a traçar um panorama da arte contemporânea junto com o americano Matthew Barney, a grande estrela desta edição. A escolha dos artistas, de acordo com o curador Gunnar B. Kvaran, é justificada pela inovação de cada um na construção de narrativas. “A ideia é que o público ande pela exposição e tenha contato com essas diversas histórias, contadas por artistas que expõem sua visão política e social ou que expressem sua vida pessoal e sentimental através da arte”, diz Kvaran.
A busca por novas estruturas narrativas é, inclusive, uma das principais correntes da arte contemporânea nos últimos dez anos, na visão de Kvaran. “Há dois movimentos fortes que unem trabalhos recentes, um é o da arte figurativa pós-conceitual e o outro são as obras pós-modernistas. O artista dinamarquês Olafur Eliasson, inspirado nas ideias dos anos 1950 e 60, tem uma obra que exemplifica bem esse movimento.”
Mais enxuta que a anterior, a 12ª edição da Bienal de Lyon vai ter 40 artistas, contra 78 da exposição realizada em 2011. Na ocasião, o número de artistas brasileiros também foi mais expressiva – dez ao todo -, por causa da nacionalidade da curadora convidada. A argentina Victoria Noorthoorn optou por privilegiar a arte contemporânea produzida na América do Sul, o que foi bem recebido pela instituição. “É importante termos artistas de outros continentes, porque o europeu não é nada curioso e muito preguiçoso, acha que a Europa é o centro do mundo e esse tipo de mentalidade deve mudar”, diz o diretor Raspail.
A escolha por apresentar menos artistas tem a ver, segundo Raspail, com a proposta desta Bienal de Lyon, orçada em 7 milhões de euros. “Para contarmos histórias, precisamos de espaço.”