(Atualiza com declarações da escritora e dá mais detalhes)
São Paulo, 10 abr (EFE).- Uma paciente de 38 anos do Hospital das Clínicas de São Paulo que teve paralisia infantil e perdeu os movimentos do pescoço para baixo apresentou nesta terça-feira sua autobiografia escrita com a boca.
Eliana Zagui vive há 37 anos na unidade de ortopedia do hospital, desde que a poliomielite lhe causou graves paralisias e impediu a paciente de se movimentar e respirar sozinha.
Mesmo assim, Eliana estudou, tem noções de italiano e fez cursos de arte, pintura e tratamento ocupacional – tudo com o auxílio da própria boca para escrever, pintar e usar o computador.
A escritora começou a narrar suas experiências em um diário até que surgiu a ideia de transformar o relato em um livro dirigido a todos os públicos. Eliana explicou à Agência Efe que o objetivo com a publicação é fazer com que o leitor ‘aprenda muitas coisas da vida’.
Do hospital que virou seu lar, Eliana lançou nesta terça o livro ‘Pulmão de Aço – Uma vida no maior hospital do Brasil’, memórias que escreveu usando uma caneta amarrada a uma espátula e mais adiante no computador. A narração de suas memórias começou em 2002.
O livro de 250 páginas, cujo título saiu de uma máquina inventada em 1920 na qual eram colocadas pessoas com insuficiência respiratória, narra as experiências da paciente no hospital e as poucas vezes em que saiu do local.
Entre 1955 e fins da década dos 70, quase seis mil crianças com pólio passaram pelo Hospital das Clínicas, sendo que sete sofriam a variação mais severa da doença.
Hoje ainda permanecem no centro de ortopedia dois pacientes vivendo no centro de ortopedia, que foi inaugurado em 1953. Nessa época, a cidade vivia uma epidemia de pólio.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) criou em 1988 a Iniciativa Mundial pela Erradicação da Pólio, um programa que reduziu a incidência da doença em 99%. EFE