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Baseado em Nick Hornby, ‘Altos e Baixos’ faz sorrir com quatro suicidas

Mostra competitiva continua a mostrar filmes bons, mas distantes de arrebatar o público - e de merecer o Urso de Ouro

Por Mariane Morisawa, de Berlim
10 fev 2014, 17h07

Nick Hornby é um escritor adorado pelo público – e pelo cinema. Ele teve quatro de seus sete livros transformados em filmes. O mais recente é Uma Longa Queda (Rocco), que virou o longa-metragem Altos e Baixos, de Pascal Chaumeil, exibido em uma sessão de gala especial no 64º Festival de Berlim. A produção sai direto em DVD no Brasil.

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A premissa de Altos e Baixos é boa. Na noite de Ano Novo, quatro pessoas que pensam em suicídio têm a mesma ideia: jogar-se de um prédio alto no centro de Londres. O encontro inusitado faz com que conversem sobre seus motivos. Martin (Pierce Brosnan) é um ex-apresentador de televisão que perdeu o emprego, mulher e filhos depois de ser flagrado com uma menina de 15 anos. Maureen (Toni Collette), que tem um filho com problemas, não consegue levar uma vida própria. Jess (Imogen Poots, adorável) é a filha rebelde de um político. E JJ (Aaron Paul, o Jesse de Breaking Bad) tem câncer.

A situação cria uma cumplicidade entre os personagens, que fazem um pacto de não se matar até, pelo menos, o Dia de São Valentim (o dia dos namorados na Inglaterra, em fevereiro), dali a seis semanas. E, assim, vão encontrando apoio uns nos outros e tentando achar uma razão para continuar a viver.

O elenco é carismático e os personagens, bem construídos. O roteirista Jack Thorne também conseguiu fazer bem a transição do papel para a tela, transformando o diário dos personagens em quatro capítulos, cada um narrado por um deles. A transição entre um e outro é suave. Altos e Baixos é o que os americanos chamam de “feel good movie”, aquele que deixa você com um sorriso no rosto, apesar de o tema suicídio não ser exatamente leve.

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Competição – Outro que trata da morte com suavidade é Aimer, Boire et Chanter (Amar, beber e cantar, na tradução literal), do veterano Alain Resnais (Medos Privados em Lugares Públicos), de 91 anos. O diretor francês ambienta o filme, baseado em peça do inglês Alan Ayckbourn, em um estúdio, com poucos itens cenográficos e cenas de estrada e desenhos para dar uma noção espacial a quem assiste.

Aqui, um grupo de atores amadores recebe uma notícia terrível: seu amigo George está com câncer e tem poucos meses de vida. Para animá-lo, propõem sua participação na montagem que estão ensaiando, e logo seus encantos ficam evidentes para as mulheres, Kathryn (Sabine Azéma), que teve um caso com ele no passado, e Tamara (Caroline Silhol), com quem contracena na peça dentro do filme. Os maridos de ambas, Colin (Hippolyte Girardot) e Jack (Michel Vuillermoz), melhor amigo de George, ficam enciumados. George convida Kathryn, Tamara e sua ex-mulher Monica (Sandrine Kiberlain) para passar férias com ele em Tenerife.

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O personagem não aparece em carne e osso no filme, mas é fundamental à história. Resnais usa recursos simples e não esconde as origens teatrais do texto nem nas interpretações. É gostoso de ver, mas certamente não é o seu melhor filme.

Leveza é tudo o que Tui Na (ou, em inglês, Blind Massage, “Massagem cega”, na tradução literal), do chinês Lou Ye, não tem. O filme baseado no romance de Bi Feiyu é um verdadeiro novelão, mas cheio de sangue. A história começa com Xiao Ma (Huang Xuan), que fica cego quando criança e vai trabalhar (e morar) em uma casa em que todos os massagistas são cegos. Lá, conhece o chefe Sha Fuming (Qin Hao) e se apaixona por Kong (Zhang Lei), namorada do Dr. Wang (Guo Xiaodong), que enfrenta problemas financeiros por causa das falcatruas do irmão. Sha Fuming, por sua vez, apaixona-se por Hong (Mei Ting), que se enamora de Xiao Ma. Como todos moram e trabalham juntos, são muitas as cirandas amorosas interpretadas por uma mistura de atores profissionais e não profissionais. Chega uma hora que cansa ver tanta gente se desencontrando em cenas muitas vezes desengonçadas.

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Kraftidioten (ou, em inglês, In Order of Disappearance, “Em ordem de desaparecimento”, na tradução literal), coprodução entre Noruega, Suécia e Dinamarca dirigida por Hans Petter Moland, também tem um bocado de sangue. Mas o diretor trata com um humor tarantinesco e um ar de faroeste a história do vingador interpretado por Stellan Skarsgård (Ninfomaníaca).

Aqui, ele é Nils, cidadão do ano, responsável por limpar a neve das estradas nas montanhas norueguesas, que perde o filho, assassinado a mando de um chefão do tráfico de drogas. Esse homem pacato começa a perseguir cada um dos algozes de seu menino, deixando um rastro de corpos, para espanto da polícia local – estamos na Escandinávia, que tem índices baixíssimos de criminalidade. As piadas com a região são constantes. Um dos bandidos, vendo toda aquela neve, diz: “É o bem-estar social”. E explica: “Ou você tem tempo bom ou tem bem-estar social”. O Tarantino nórdico provocou muitos risos na sessão de imprensa, nesta segunda-feira, mas falta a ele a originalidade que deveria ser a marca de um ganhador do Urso de Ouro.

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