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Amir Labaki critica modo de seleção para Oscar estrangeiro: ‘Ultrapassado’

Criador do É Tudo Verdade celebra escolha do evento como classificatório para documentários no prêmio e sugere mudanças para categoria de estrangeiros

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 jun 2018, 21h45 - Publicado em 29 jun 2018, 18h59

O Brasil deu mais um passo rumo ao holofote da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, instituição que realiza o Oscar. O É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, que este ano aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro, foi selecionado como evento classificatório para a respectiva categoria da premiação. Ao todo, 28 festivais pelo mundo foram escolhidos como filtro, entre eles Cannes e Berlim. Os documentários que saírem vencedores do É Tudo Verdade, assim como os ganhadores da Berlinale, por exemplo, se qualificam automaticamente para disputar uma vaga entre os indicados ao Oscar.

O caminho é bem diferente do seguido pelos longas de ficção brasileiros que pleiteiam concorrer na categoria de melhor filme estrangeiro. O Ministério da Cultura cria uma comitiva de especialistas e representantes da área para escolher um título que represente o país na disputa. No ano passado, Bingo: O Rei das Manhãs foi o selecionado sem grandes críticas, mas não passou pelo crivo da Academia. No ano anterior, a discussão foi mais acalorada, quando o insosso Pequeno Segredo foi o eleito em vez de Aquarius, que colheu boas críticas no Festival de Cannes. Na época, a questão ganhou tons políticos, quando o diretor Kleber Mendonça Filho e parte da indústria acusou o MinC de preterir o filme devido à manifestação contra o governo Temer que diretor e elenco fizeram na França, com placas que o acusavam de “golpe”.

Para Amir Labaki, criador do É Tudo Verdade, o caminho pelos festivais é o mais adequado como pré-seleção do Oscar. Em conversa com VEJA, Labaki também comenta quais mudanças são esperadas para o festival e a produção de documentários no Brasil. Confira:

 

Como aconteceu essa negociação do É Tudo Verdade com a Academia? Em 2014, fui convidado para uma conversa com Tom Oyer, diretor associado da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Meses depois, ele me procurou com o convite para o É Tudo Verdade tornar-se um “qualifying festival” para a disputa do Oscar de documentário de curta-metragem. Oyer me escreveu agora explicando que o modelo seria estendido para a competição também de documentários de longa-metragem e convidando o festival para a primeira lista dos eventos classificatórios.

Como essa nova associação com a Academia de Hollywood deve mexer com as próximas edições do festival? O impacto mais expressivo provavelmente será um crescimento no número de documentários inscritos, tornando ainda mais competitivo o processo de seleção. É cedo para especular sobre uma possível alteração do perfil dos filmes que serão submetidos.

E quanto ao público, acha que pode aumentar? É possível, sim, sobretudo para a competição internacional de longa-metragens.

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Como é o processo de escolha dos vencedores do festival atualmente? Prevê alguma mudança nessa avaliação para as próximas edições? O festival organiza dois júris de especialistas, para as disputas brasileira e internacional. Nenhuma alteração parece necessária.

Existe uma animosidade com relação ao Ministério da Cultura a respeito do modelo de escolha do filme brasileiro de ficção que pode concorrer a uma vaga no Oscar. Acha que esse tipo de pré-etapa deveria mudar ou funciona como está? Acho que a discussão se deve a um modelo ultrapassado: o da indicação por cada país de um único título para representá-lo na busca de uma vaga na disputa pelo Oscar de filme estrangeiro. No passado, vale lembrar, era assim também para participar de festivais internacionais como Cannes, que há muito abandonou esta prática. Entre os vários aperfeiçoamentos que a Academia tem realizado com sucesso para fortalecer a representatividade e a diversidade do Oscar poderia haver uma reformulação a partir de um modelo similar ao que foi adotado para as disputas de documentários. Ao invés das indicações nacionais, a classificação poderia passar a ter por base a participação destacada dos filmes numa lista de festivais internacionais de notório reconhecimento.

Após mais de vinte anos da criação do É Tudo Verdade, como enxerga a produção de documentários nacionais atualmente? Sempre houve uma forte tradição de documentários no país, o que originou o próprio festival. A produção nacional recente é maior, mais diversa e formalmente robusta, conquistando inédito reconhecimento aqui e no exterior, como comprovam os convites da Academia.

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