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Amanda Lovelace, o novo fenômeno da poesia no Instagram

Com best-sellers feministas sobre sua vida sofrida, a americana mostra a força da “Instapoesia” — os poemas que arrebatam jovens moças nas redes

Por Eduardo F. Filho Atualizado em 10 dez 2019, 11h04 - Publicado em 29 nov 2019, 06h00

A vida de Amanda Lovelace é uma trilha de martírios. Acima do peso desde novinha, a jovem americana foi obrigada pela mãe a praticar todas as dietas possíveis, o que resultou em distúrbios alimentares. Na adolescência, sofreu abuso sexual e passou por relacionamentos tóxicos. Antes dos 19 anos, assistiu ao suicídio da irmã e à morte da mãe, em intervalo de um mês. Sem perspectiva de vida e com uma grave depressão, tentou se matar duas vezes. A primeira, com um coquetel de remédios; a segunda, cortando os pulsos. Mas Amanda, hoje aos 28, soube fazer dos limões de sua vida (e haja limões!) uma bela limonada: ao narrar seus dramas pessoais em versos, ela se transformou em êxito editorial.

Na cola da indiana Rupi Kaur (de Outros Jeitos de Usar a Boca), Amanda é o nome da vez na categoria dos “Instapoets” — os poetas que divulgam seus versos em posts no Instagram. Saiu no país recentemente A Voz da Sereia Volta Neste Livro (Planeta), a terceira obra da trilogia completada por A Princesa Salva a Si Mesma Neste Livro (2016) e A Bruxa Não Vai para a Fogueira Neste Livro (2018) — que já têm cerca de 50 000 exemplares comercializados no Brasil (pela LeYa) e figuram há dezesseis semanas na lista dos mais vendidos de ficção de VEJA. Assim como a colega Rupi, Amanda fala de feminismo e emancipação num tom confessional, com um pé na autoajuda. A temática às vezes pesada — assédio, suicídio, relações abusivas — não impede o sucesso entre o público eminentemente feminino e adolescente.

Fã da banda “emo” Evanescence, ela se inspirou em letras de música quando começou a escrever poemas — segundo a autora, era um “jeito de sangrar sem sentir dor”. Amanda encontrou no Instagram um veículo eficaz para seus versos de leitura fácil, mas carregados nas tintas dramáticas ao narrar suas agruras pessoais. Trata-se de uma poesia pueril, que mistura palavras de ordem feministas a certa atmosfera de fantasia juvenil à la Harry Potter: “Este livro não é um conto de f­adas. / Não há nenhuma princesa. / Não há nenhuma donzela. / Não há nenhuma rainha. / Há apenas uma garota / Diante da difícil tarefa / De aprender a acreditar nela mesma”. Há ainda bastante papo sobre desilusões com namoricos — coisa que fala de perto ao coração das jovens leitoras. “Desconfie dos garotos que / Só dizem meias verdades / Porque eles apenas vão / Amar você pela metade”, recita. Os versos de Amanda Lovelace, enfim, têm a profundidade que se espera dos itens “instagramáveis”. Mas exibem ao menos o mérito de tornar a poesia — essa prima pobre do mercado editorial — um produto vendável.

Publicado em VEJA de 4 de dezembro de 2019, edição nº 2663

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