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Adesões de TV por assinatura caem 4,3% em um ano

Para não perder assinantes, o que restou às TVs por assinatura foi apostar no streaming dentro de suas plataformas

Por Da Redação
30 jun 2016, 10h24

Houve uma mudança no horário em que o internauta mais fica conectado. Antes, o pico acontecia entre 9h e 18h. Hoje, o maior fluxo é das 20h às 22h. Ou seja, quando as pessoas já estão em casa e deveriam estar vendo TV por assinatura, elas estão conectadas.

O designer de produto Gusttavo Castro Ribeiro, 31, não sente saudades de zapear. Sem TV por assinatura há sete meses, o paulistano e a mulher, a relações públicas Milena da Costa, 31, agora ficam horas escolhendo a melhor opção dentro do cardápio da Netflix, o único serviço de streaming de vídeo que possuem em casa. “Juntou o atendimento ruim do nosso antigo pacote à incompatibilidade de horário para assistirmos aos programas de que gostávamos. Só sentimos falta da informação em tempo real. Neste caso, os canais que transmitem notícias 24 horas por dia. Não somos ligados em esporte, o que ajudou na adaptação”, afirma o paulistano. A realidade de Gusttavo e Milena é algo cada vez mais comum entre os brasileiros. Os serviços de streaming de vídeo crescem de maneira exorbitante e, paralelo a isso, as adesões de pacotes de TV por assinatura diminuem, embora não haja nenhum dado concreto que interligue as duas informações.

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Em entrevista coletiva realizada na semana passada, a Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) apresentou alguns números. Houve um recuo de 4,3% nos assinantes de TV paga entre abril de 2015 e abril de 2016. Apesar da baixa, a associação culpa a crise econômica do país pela queda considerável. “A Netflix mais produz conteúdo do que necessariamente compete com a gente. A empresa está se consolidando como produtora de séries e filmes. Nos Estados Unidos, por exemplo, isso já ficou mais claro”, diz Oscar Vicente Simões de Oliveira, presidente executivo da ABTA.

Para não perder assinantes, o que restou às TVs por assinatura foi apostar no streaming dentro de suas plataformas. O mais conhecido é o Now. O serviço gratuito para clientes em HD da NET tem um acervo com produções que acabaram de sair dos cinemas — a maioria paga, com aluguel na faixa de 10 reais. Nele, pode-se ver, gratuitamente, séries da GNT, programas de receitas e até desenhos animados. Canais como Telecine, TNT, Space, Cartoon Network e FOX também oferecem seus conteúdos, que podem ser vistos em qualquer lugar e a qualquer hora do dia, por intermédio dos aplicativos para computadores, tablets e celulares. Os chamados serviços On Demand (apelidados por alguns canais de Play ou Go) são gratuitos e só exigem que o cliente contrate o pacote completo com sua TV por assinatura. “Assistíamos muito mais à programação do Now do que os canais convencionais. Percebemos que era um gasto desnecessário. A nossa maneira de ver televisão mudou completamente depois da chegada desses serviços. Não é mais a mesma coisa”, justifica Gusttavo.

Segundo o presidente da Converge Comunicações, Rubens Glashberg, a inclusão do streaming no cotidiano das pessoas faz com que o modelo televisivo seja repensado, mas não extinto. “A TV por assinatura ainda é importante pela questão do ao vivo. No esporte funciona assim. Quem quiser ver o resultado imediato de uma prova dos Jogos Olímpicos do Rio, por exemplo, precisará assistir à transmissão em tempo real. Tem a questão da adrenalina”, crava ele. “Não imagino um mundo com todo o conteúdo televisivo exclusivamente na internet. Queremos manter a filosofia da programação. A ideia é de que essa seja nossa única fórmula de sobrevivência”, complementa o VP Jurídico da ABTA, José Francisco de Araújo Lima.

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Mudanças – Mesmo sem nenhum número preciso que mostre a crescente evolução dos serviços de streaming de vídeo no Brasil, há, no entanto, uma alteração no comportamento do usuário que trafega na web. De acordo com Fabricio Tamusiunas, gerente do sistema de medição de qualidade da internet do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto (NIC), houve uma mudança no horário em que o internauta mais fica conectado. “Antes, o pico acontecia entre 9h e 18h. Hoje isso mudou. Temos o maior fluxo das 20h às 22h, ou seja, quando as pessoas já saíram do trabalho e estão em casa. Portanto, quando deveriam estar vendo TV por assinatura, por exemplo, elas estão conectadas.

Neste horário, chegamos a alcançar a velocidade de 1,7 bit por segundo. Algo muito alto para essa faixa de horário. Para se ter uma ideia, ao meio-dia temos 1,2 bit por segundo. A tendência é de que eles estejam utilizando algum serviço de streaming de vídeo (isso também inclui o YouTube) devido à alta velocidade de consumo de dados”, diz Fabrício.

Para o especialista, o uso dos serviços de streaming de vídeos no Brasil só não é maior por conta dos problemas técnicos em várias regiões do país. “Quanto melhor a conexão do usuário, mais ele sente vontade de usar a internet. Se eu tenho uma velocidade mais lenta, eu terei um vídeo ruim e que trava várias vezes. O Brasil é um país muito grande. Há vários estados e regiões. Não é preciso ir muito longe. Em São Paulo, por exemplo, a internet não funciona bem nas extremidades sul e leste. Não há concorrência nos bairros mais afastados. Só uma operadora atende. Falta investimento de infraestrutura. As regiões mais ricas têm tecnologias mais novas e capazes de ofertar serviços de qualidade para o usuário. Os serviços de streaming de vídeo analisam a qualidade da internet do usuário. Quando o usuário tenta acessar os serviços de streaming no país, ele vê um vídeo bom ou ruim. Daí, ele prefere comprar um DVD pirata.”

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(Com Estadão Conteúdo)

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