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A vertigem da perfeição

Ao explorar a façanha do alpinista que escala sem cordas, Free Solo — vencedor do Oscar de documentário — oferece um retrato monumental da superação do medo

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 mar 2019, 07h00 - Publicado em 8 mar 2019, 07h00

Alex Honnold, de 33 anos, é um rapaz de aparência trivial e modos tímidos. Incentivado pelo pai, ele começou a praticar escalada na infância. Na vida adulta, deixou a faculdade para se dedicar à paixão pelo alpinismo. Comprou uma van, onde morou por nove anos, e abraçou o desapego, com poucas posses ou laços. A simplicidade contrasta com a grandiosa (e perigosíssima) modalidade a que Honnold se devota: a escalada-solo. Sem cordas nem equipamento de segurança, ele se vale simplesmente das mãos e dos pés para agarrar-se às rochas. O americano driblou a morte diversas vezes. Como recompensa, conquistou fama no meio esportivo — e, agora, no palco planetário do Oscar. Honnold é o protagonista (ou melhor: objeto de estudo) de Free Solo, produção do National Geographic que levou a estatueta de documentário deste ano, a primeira na história do canal. O filme, que estreia no NatGeo no sábado 9, às 21 horas (e ficará disponível no app da Fox nesse horário), explora seu maior feito: subir sem cordas o El Capitan, penhasco localizado no parque Yosemite, na Califórnia. Com 910 metros de altura, o paredão tem quase duas vezes e meia a dimensão do Pão de Açúcar.

Perscrutar o homem para além da pecha de insano que acompanha Honnold é o que confere ao documentário profundidade tão notável quanto aquela que o esportista vê sob seus pés. Para subir escarpas íngremes, por vezes tendo como ponto de apoio frestas de 2 centímetros, são necessárias altas doses de concentração, treino e lucidez. O diretor Jimmy Chin e sua mulher, Elizabeth Chai Vasarhelyi, aceitaram com receio registrar a façanha. Metalinguístico, o roteiro expõe as dificuldades e questões éticas da produção. Até que ponto é correto filmar alguém que põe a própria vida em risco? Sem drones, a equipe contou com quatro cinegrafistas-alpinistas e nove câmeras posicionadas em lugares estratégicos. O trabalho requeria estar perto o suficiente, mas nem tanto que tirasse a concentração do protagonista.

Enquanto o diretor Chin se pendurava a centenas de metros de altura, Elizabeth explorava em solo o material humano. As cenas nos dois extremos se completam: só conhecendo a personalidade de Honnold, a relação com a família e a namorada, desvendam-se suas razões de encarar o medo. Para ele, é mais fácil escalar sem cordas do que se abrir com alguém ou fazer amigos. “É uma sensação boa sentir-se perfeito, mesmo que por um instante”, diz.

Veja o trailer do filme:

 

Publicado em VEJA de 13 de março de 2019, edição nº 2625

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