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A premiada voz de Shakespeare

Por Da Redação
20 fev 2012, 08h49

Por Luiz Carlos Merten

Berlim – OK, nenhuma premiação é perfeita, até porque o cinema não é uma ciência exata. Cada espectador, por mais crítico que seja, projeta seus gostos, preconceitos, sua sensibilidade. O presidente do júri da Berlinale de 2012, o diretor inglês Mike Leigh, anunciou, no início da cerimônia, que seus colegas e ele haviam chegado a soluções interessantes, que ele esperava que nós, o público, aprovássemos. E não é que Mike Leigh fez a coisa certa? O Urso de Ouro atribuído a Cesare Deve Morire, dos irmãos Taviani, foi um acerto notável e o júri não se esqueceu de dois belíssimos filmes, dando ao húngaro Just the Wind, de Bence Fliegauf, seu grande prêmio e o Urso de Prata de melhor atriz a Rachel Mwanza, do igualmente admirável War Witch, do canadense Kim Nguyen.

O júri tentou até contemporizar com o deslumbrante Tabu, dando ao filme português/brasileiro de Miguel Gomes o Prêmio Alfred-Bauer, que contempla um filme particularmente inovador. Arrogante, ou irônico, o cineasta de Portugal, que também é, ou era, crítico – e no dia anterior vencera o prêmio da Fipresci, Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica -, declarou-se confuso. “Estou sendo premiado como inovador, mas tudo o que queria era fazer um filme clássico.” Tabu divide-se em duas partes e a segunda, Paraíso, que se passa na África, foi filmada em película, em preto e branco, e não tem diálogos mais ou menos como O Artista, de Michel Hazanavicius.

Houve equívocos na premiação, como atribuir dois prêmios – roteiro e ator, Mikkel Boe Folsgaard – ao dinamarquês A Royal Affair, de Nikolaj Arcel. O filme não merece nenhum dos dois, mas não chega a ser calamitoso. O Urso de direção, para o alemão Christian Petzold, destacou o melhor filme da boa seleção da Alemanha, Barbara, sobre uma médica numa cidade do interior da parte do país dominada pelos comunistas, nos anos 1980. Como sempre, a seleção de Berlim, que privilegia o social e o político, foi amplamente discutida. A média dos filmes foi boa, houve alguns muito bons, mas nada – exceto, talvez, o italiano, o português e o húngaro – verdadeiramente excepcional. De qualquer maneira, valeu a pena ter atravessado dez dias de frio e neve, e acaloradas discussões. O próprio diretor-geral do evento, Dieter Kosslick, disse no palco do Palast que o que ia ficar para ele, desta Berlinale, foi o compromisso com a realidade, que colocou nas telas de Berlim, em filmes de diferentes seções, os eventos que transformaram o mundo árabe no último ano. Essa vitória da democracia é algo que, se espera, tenha vindo para ficar, acrescentou – e a arte captou isso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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