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A pé em Porto Alegre: conheça o Free Walk

Projeto de jovem portoalegrense incentiva passeios em grupo em busca de uma nova relação com a cidade

Por Abril Branded Content
Atualizado em 25 out 2017, 11h00 - Publicado em 25 out 2017, 11h00

Em 2012, André Flores redescobriu Porto Alegre. Inspirado por uma experiência vivida no exterior, ele se juntou a alguns amigos para caminhar a pé pelo centro histórico da cidade. Imediatamente, o mesmo centro por onde ele muitas vezes havia caminhado apressado se encheu de novos significados.

André passou a estudar suas histórias, seus causos, seus prédios. O publicitário de formação começou a colecionar ruas, que se transformaram em uma espécie de tesouro pessoal. Esse tesouro passou a ser dividido e compartilhado com outras pessoas, conforme o número de adeptos dessa nova prática foi aumentando. “É nesse contexto que surge o Free Walk POA, um novo jeito de viver a cidade a pé, para quem é daqui, e de se sentir porto-alegrense, para quem vem de fora”, conta.

Depois de um período fazendo esses trajetos com os amigos, outras pessoas passaram a se engajar e compartilhar suas ruas e histórias favoritas sobre a cidade. Hoje o projeto tem nove voluntários, que se revezam nessa experiência. Todos os sábados, às 11h, alguém estará esperando no Chalé da Praça XV para um novo passeio. “Cada vez que saímos pelo centro é diferente. Cada um de nós tem suas ruas e histórias favoritas que gosta de partilhar. Cada um vem com uma experiência de vida diversa. Temos um ponto de partida sempre certo, mas o final muda conforme o dia e o voluntário que toma a frente. Não me canso dessas caminhadas por causa disso. Nossa cidade tem muito a ser descoberto”, salienta.

E como tem! Em 2008, um biólogo português se encantou com o túnel de árvores de troncos verdes da rua Gonçalo de Carvalho, e fotos da via ganharam a internet. Em pouco tempo, a Gonçalo de Carvalho, que fica no bairro Independência, ganhou o título informal de “rua mais bonita do mundo”. Mas há outros caminhos igualmente capazes de encantar — e o #hellocidades, projeto de Motorola que convida a novas vivências sobre nossas cidades, ajuda a encontrá-los.

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A redescoberta do espaço urbano é exatamente o objetivo do Free Walk POA. André conta que, no início do projeto, eram feitos percursos mais longos. Aos poucos, diminuiu-se a quantidade de quilômetros percorridos e aumentou-se a qualidade da experiência. “Essa é para ser uma prática prazerosa. Não somos guias turísticos, não temos a intenção de ser. Somos pessoas que gostam de andar pela cidade”, diz.

Ele explica que, com o tempo, foram surgindo oportunidades de caminhar por outros bairros tradicionais da capital, como o Bom Fim e o Moinhos de Vento. Entretanto, esses percursos só são feitos conforme a demanda, e devem ser agendados previamente. “Resolvemos privilegiar o centro histórico porque é um bairro muito rico de beleza e referências”, diz. Dentro dessa iniciativa, uma das caminhadas mais legais é a noturna. É nessa hora que se enfrenta o medo que a violência urbana pode causar para viver as ruas da cidade. “Como saímos em grupo, nos sentimos seguros. É maravilhoso reaprender a não sentir medo. A gente desafia aquela sensação ruim causada pelo noticiário diário fazendo isso. Além disso, criamos novas relações entre nós e com a cidade. Há quem diga que é impossível andar no centro à noite. Para nós, o centro é ótimo em qualquer horário”, pontua.

O poeta Mario Quintana, notório morador do centro da capital, provavelmente concordaria com André. Afinal, já dizia “Sinto uma dor infinita/ Das ruas de Porto Alegre / Onde jamais passarei/ (…) Quando eu for, um dia desses,/ Poeira ou folha levada/ No vento da madrugada,/ Serei um pouco do nada/ Invisível, delicioso/ Que faz com que o teu ar/ Pareça mais um olhar,/ Suave mistério amoroso,/ Cidade de meu andar/ (Deste já tão longo andar!)”. Compartilhe com a gente sua experiência pelas ruas da cidade com as hashtags #hellocidades e #hellopoa. E para mais momentos de redescoberta, acesse hellomoto.com.br.

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As ruas e histórias favoritas do André

André trouxe para Porto Alegre uma experiência vivida no exterior (Free Walk POA/Divulgação)

Mercado Público de Porto Alegre e o Bará

Esta é a história do príncipe Osuanlele Okizi Erupê, da tribo nigeriana dos Benis, que desembarcou no Brasil no fim do século 19. Em 1901, ele teria sido convidado por Júlio de Castilhos a se mudar para Porto Alegre. Entre as ações desse líder espiritual estão os assentamentos de Bará ao longo da capital.

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Bará é um dos guias das religiões de matriz africana, é o orixá da abertura de caminhos e da fartura. Assentamento é o ritual de estabelecimento de um local para o seu culto, com a fixação — subterrânea — de um objeto de ferro, pedra ou madeira.

O mais marcante deles é o do Mercado Público. Conforme a tradição, no centro do Mercado, no meio da encruzilhada que o funda, está “plantado” o orixá Bará, justamente em um ponto de convergência de milhares de pessoas de diversas origens. Há quem diga que o Mercado só sobreviveu aos quatro grandes incêndios (em 1912, 1976, 1979 e 2013), e à grande enchente de 1941 por causa de seu santo forte.

Fernando Machado, a rua do linguiceiro

Este causo também é notório em Porto Alegre e já foi objeto de livros e diversas pesquisas. Quando a Rua Fernando Machado ainda era conhecida como a Rua do Arvoredo, uma série de crimes ficou marcada em sua história.

Os autores foram o policial José Ramos e sua amante, a húngara Catarina Paulsens. Frequentavam bons locais públicos, e Catarina seduzia os homens ricos — de preferência, estrangeiros —, que eram levados ao casarão de um cúmplice na Rua do Arvoredo. Ramos matava, mutilava as vítimas e depois levava ao açougue do cúmplice (onde hoje é a Rua Riachuelo).

Lá, ele os desossava, triturava, misturava com carne bovina, sal, pimenta e especiarias e transformava em linguiças. A “iguaria” era vendida ao público e bastante elogiada. Pelo menos até os crimes serem descobertos.

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A Rua da Praia e o primeiro assalto à mão armada

A Rua dos Andradas, outrora conhecida como Rua da Praia, é cheia de histórias de um tempo em que os bondes tomavam conta da cidade, e as pessoas se banhavam no Guaíba. Mas a história favorita do André é sobre o primeiro assalto à mão armada que aconteceu em Porto Alegre, um dia que entrou para a história pelo rebuliço e pelas perseguições.

Em setembro de 1911, quatro imigrantes estrangeiros assaltaram um estabelecimento na quadra mais movimentada da Rua da Praia. A fuga começou a pé pelas ruas do centro, e os bandidos foram perseguidos não só pela polícia, mas pelas pessoas que transitavam. A partir daí, a história vira um filme de ação: primeiro, os bandidos sequestraram uma carruagem de aluguel. Depois, um bonde. Um leiteiro foi rendido.

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O crime virou ponto central de disputas políticas. Até filme (com as possibilidades técnicas dos anos 1910) virou! O episódio ficou conhecido como o dia em que Porto Alegre perdeu sua inocência.

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