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A nova onda da chick lit juvenil brasileira

Incentivadas pelo crescimento expressivo das vendas de livros juvenis no Brasil, editoras fazem novas apostas para conquistar leitores – e principalmente leitoras. Lançadas recentemente, Carina Rissi, Bruna Vieira e Patricia Barboza, três autoras dessa nova seara, já acumulam juntas vendas de mais de 100 000 exemplares

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 jan 2014, 14h22

As veteranas e best-sellers juvenis Thalita Rebouças e Paula Pimenta, que tem um blog no site de VEJA, ainda arrastam multidões a feiras e sessões de autógrafos, mas já enfrentam concorrência no nicho brasileiro do chick lit – termo que surgiu em na década de 1980 como apelido para uma disciplina sobre literatura feminina da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. As editoras, de olho no bom desempenho do mercado juvenil, que cresceu 19,5% em volume de vendas em 2013 segundo a empresa de pesquisa de mercado GfK, vêm reforçando suas apostas naquele que talvez seja o nicho com maior número de representantes nacionais, dentro do segmento jovem. E, dessa nova investida, já desponta uma nova onda de autoras, com nomes que prometem marcar o ano de 2014: Carina Rissi, Bruna Vieira e Patricia Barboza.

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  1. Em sua primeira investida na literatura infantil, a veterana dos livros juvenis, Thalita Rebouças, vai direto a um dos assuntos preferidos das meninas, a vida de princesa. Em Por Que Só as Princesas se Dão Bem? (Rocco), lançado em novembro de 2013, no entanto, a escritora questiona se ser princesa é tão bom quanto as pequenas imaginam. Com obrigações e agendas cheias, as integrantes da realeza passam muito mais tempo lidando com assuntos “chatos” do que se divertindo, algo prezado por toda criança.

    O livro foi criado para a afilhada de Thalita, Bia, que, deslumbrada após uma viagem a um parque da Disney, afirmou que queria ser princesa. A madrinha também aproveitou para se vingar de uma amiga de Bia, que duvidava que sua madrinha fosse realmente escritora, por nunca encontrar livros de Thalita na seção infantil das livrarias. A aceitação da história foi tão grande que a escritora afirma que já está preparando sua continuação, com lançamento previsto para acontecer durante a Bienal do Livro de São Paulo, em agosto.

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Uma das precursoras do chick lit juvenil no Brasil, Thalita estreou concorrendo com autoras como a americana Meg Cabot (da série O Diário da Princesa) e a irlandesa Marian Keyes (de Melancia e Sushi), feras do gênero, em 2001. Agora, mais de uma década depois, ela embarca em um novo desafio: escrever para crianças (box). Enquanto Thalita avança para outros filões, Carina, Bruna e Patricia dão os primeiros passos na conquista do público juvenil.

Carina Rissi, da cidade de Ariranha, interior de São Paulo, deixou a vida de funcionária pública para se dedicar à criação de sua primeira filha. Ela só não esperava que logo fosse unir a vida de mãe à de escritora. Carina lançou seu primeiro livro, Perdida: Um Amor que Ultrapassa as Barreiras do Tempo, em 2011, pela editora Baraúna, mas foi com o segundo romance que ganhou mais visibilidade. Procura-se um Marido saiu no ano seguinte pelo selo Verus, que pertence ao Grupo Editorial Record, um dos maiores do país, por onde Perdida foi reeditado em 2013. Juntos, os dois livros já venderam mais de 26 000 exemplares, número farto para os padrões do mercado editorial brasileiro.

Bruna Vieira, jovem de Leopoldina, interior de Minas Gerais, também teve um começo inesperado no mundo das letras. Após passar por uma desilusão amorosa aos 15 anos, a garota decidiu criar um blog apenas para desabafar, como tantas adolescentes, mas viu sua audiência na rede e o interesse por suas crônicas e contos crescerem. Ela se mudou para São Paulo no final de 2011 para cursar o ensino superior, mas os planos foram atropelados pelo sucesso na internet. O blog se tornou parceiro da revista CAPRICHO (assim como VEJA, da editora Abril) e logo despertou o interesse da editora Gutenberg, que lançou um apanhado dos textos publicados no site no livro Depois dos Quinze, em 2012. Pela mesma editora, chegou às livrarias o primeiro romance de Bruna, De Volta aos Quinze, em 2013. Juntos, os livros venderam quase 60 000 exemplares.

Ao contrário de Bruna e de Carina, a carioca Patricia Barboza, embora seja uma aposta nova da Verus, já tem experiência nas letras e nas publicações. Seu primeiro livro, Os Quinze Anos de Carol (RGB), foi lançado em 2002. Mas é só hoje, depois de deixar de lado a vida de analista de sistemas e integrar um selo maior, que a escritora desfruta de um grande público e contabiliza vendas na casa dos 30 000 exemplares, desempenho conjunto dos três primeiros volumes da série As MAIS, sobre o cotidiano de quatro amigas adolescentes no Rio de Janeiro.

Nem Carina nem Bruna nem Patricia admitem escrever só para meninas, público a que se destina o chamado chick lit. Mas é inevitável associá-las ao nicho. Para Vera Teixeira de Aguiar, professora de literatura infantil e juvenil da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), os jovens buscam livros que tenham personagens com as quais possam se identificar. “Nesses livros para moças, elas encontram modelos de comportamento para situações amorosas, familiares, de amizade etc.”

O crescimento juvenil – O segmento de literatura juvenil foi o terceiro maior em crescimento no mercado editorial em 2013, na comparação com 2012. Segundo a GfK, a expansão de 19,5% na comercialização de livros juvenis só foi superada por um boom das biografias (no ano em que foram muito discutidas, elas cresceram 30,7%) e pelo bom desempenho do segmento que une histórias em quadrinhos e livros sobre jogos (20,6%). Como resultado, no ano passado a literatura juvenil abocanhou uma fatia de 8,3% do mercado total de livros, atrás apenas da literatura estrangeira (fatia de 21,3%) e dos livros infantis (10,3%).
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Os títulos juvenis são hoje a razão de ser de editoras como a Gutenberg, que pertence ao Grupo Autêntica. Segundo Alessandra Ruiz, publisher da Gutenberg, o segmento representa 80% das vendas da casa, que se dedica a livros de ficção e não-ficção para todas as faixas etárias.

Esse poder comercial se traduz em portas mais abertas para novos autores. Para a veterana Thalita Rebouças, que no começo da carreira chegou a divulgar seus títulos por conta própria para fisgar leitores na Bienal do Livro do Rio, em 2001, escritores desse gênero atualmente têm mais facilidade para publicar. “As editoras buscam esses autores, e criam novos selos para jovens. É a prova de que não dá para dizer que adolescente não lê”, disse a escritora.

Para Ceccantini, da Unesp, a internet é peça-chave na difusão desse tipo de literatura. “A leitura tem uma dimensão solitária, mas o jovem é afeito às práticas sociais. Ele termina de ler um livro e comenta nas redes. Ali, também pode falar com o autor. Os amigos veem isso e sentem curiosidade de ler, também.”

Outro ponto que contribui para o crescimento do segmento é seu tempo de existência relativamente pequeno. Segundo Vera Teixeira de Aguiar, professora da PUC-RS, em cerca de quarenta anos – a literatura juvenil surgiu na década de 1970, com a consolidação do conceito de adolescência – o setor não atingiu seus limites.

A relação entre a literatura juvenil e outros produtos da cultura de massa é mais um fator a impulsionar o segmento. “Vejo muitas semelhanças entre os livros para jovens e os seriados americanos: o contorno dos personagens, a forma como as cenas são narradas, a linguagem mais coloquial.”

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