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‘A Metamorfose’ completa 100 anos ignorada na República Tcheca

Centenário do clássico de Kafka tem pouca repercussão no país onde o escritor nasceu e nunca foi popular

Por Da Redação
1 out 2015, 11h30

Apesar de Franz Kafka ser o autor tcheco mais conhecido do século XX e um dos ícones turísticos de sua cidade natal, a capital Praga, o centenário da publicação de sua obra mais famosa, A Metamorfose, tem pouca repercussão na República Tcheca, onde o escritor nunca foi muito popular.

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Foi em outubro de 1915 que o texto apareceu publicado em alemão, o idioma no qual escrevia Kafka, na revista Die Weissen Blätter (‘As folhas brancas’, em tradução direta), de Leipzig, na Alemanha. A primeira edição em formato de livro data de dezembro do mesmo ano, por meio da editora alemã Kurt Wolff. Com o tempo, esta obra de apenas 72 páginas, escrita por Kafka em 1912, e que reflete de certa forma a experiência de seu autor, se transformou em seu romance mais conhecido.

A Metamorfose é o assustador relato de Gregor Samsa, um viajante de negócios que certa manhã acorda transformado em um inseto gigante. Os estudiosos de Kafka interpretaram a transformação como uma metáfora do peso insuportável da responsabilidade que todos temos de carregar. A diretora da Sociedade Franz Kafka de Praga, Marketa Malisova, chancela esta interpretação da obra. “Kafka a escreveu sob a influência de todas as circunstâncias que o afetavam. O sentido de A Metamorfose foi válido há 500 anos e será válido daqui a mil”, comenta Malisova.

Nascido em Praga em 1883, Kafka morreu de tuberculose um mês antes de completar 41 anos. O escritor trabalhou em uma empresa de seguros e deixou uma obra publicada muito curta e uma póstuma mais extensa, que pediu que fosse destruída, mas que se salvou e acabou editada.

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Apesar de seu sucesso mundial, primeiro nos Estados Unidos, na década de 1940, e na Europa Ocidental após Segunda Guerra Mundial, na República Tcheca quase não se conhece ou se lê a obra de Kafka. A Metamorfose, por exemplo, teve que esperar até 1929 para ser traduzida para o tcheco, o idioma oficial da Tchecoslováquia, um país que surgiu da decomposição do Império Austro-Húngaro. O biógrafo tcheco do escritor, o filólogo Josef Cermak, lembra que suas primeiras traduções foram realizadas por intelectuais de tendência anarquista, o que criou a ideia de que ele era um autor revolucionário. E, após a guerra e a instauração de uma ditadura comunista no país, a produção de Kafka foi proibida no mercado tcheco por ser considerada “reacionária”, segundo Cermak. Até mesmo os estudiosos de Kafka foram acossados pela polícia política do regime comunista.

Em 1990, quando foi derrubado o sistema socialista, se estabeleceu a Sociedade Franz Kafka de Praga, com o objetivo de reviver a tradição cosmopolita que tornou possível o fenômeno da literatura germânico-praguense do qual surgiu Kafka. No entanto, 25 anos mais tarde, poucos tchecos leem as obras de Kafka, em parte porque seus textos têm fama de ser difíceis de ser entendidos em tcheco.

Apesar de a República Tcheca oficialmente não preparar nenhum evento comemorativo do centenário de A Metamorfose, a Sociedade Franz Kafka não deixará a data passar em branco. A entidade dispõe de um dos exemplares originais da primeira edição em formato livro de 1915 e unirá o centenário a celebração de seus 25 anos como associação cultural. Um concerto, uma mostra fotográfica e um espetáculo junto ao monumento de Franz Kafka em Praga são alguns dos eventos programados para lembrar a data.

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(Com agência EFE)

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