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A caipira, os vampiros e a arte de lançar uma carreira literária na internet

Depois de vender sozinha 1 milhão de livros digitais, Amanda Hocking se tornou a garota mais quente do mercado editorial americano

Por Rodrigo Levino
18 abr 2011, 08h56

No fim de março a escritora foi contratada por 2 milhões de dólares por uma grande editora. Ela também já vendeu os direitos de seus livros para o cinema

Quem deseja mais uma série de romances sobre vampiros escrita para adolescentes? Para ao menos dez grandes editoras dos Estados Unidos, às quais a americana Amanda Hocking enviou seus livros, a resposta foi: Nós, não. Então, em abril de 2010, a jovem decidiu se auto-publicar. Com a ajuda de amigos criou capas para seus romances, enquadrou-os no formato digital e os colocou à venda em grandes lojas virtuais como a Amazon, a Barnes & Noble e o iTunes. E logo ficou claro que os leitores queriam, e muito, o que havia sido recusado pelas editoras – que tiveram de voltar atrás.

No fim de março, depois de vender 1 milhão de exemplares dos seus 11 romances ao preço médio de 2 dólares (cerca de 3,50 reais), a gordinha caipira de Minnesota, que lavava pratos em lanchonetes para ajudar no orçamento familiar, tornou-se a garota mais quente do mercado editorial. Random House, Simon & Schuster e HarperCollins – algumas das maiores empresas do setor – entraram numa corrida para contratá-la. Depois de ouvir muitas propostas, Amanda optou pela oferta da St. Martin, um braço da MacMillan. Embolsou 2 milhões de dólares (cerca de 3,5 milhões de reais) pela publicação tradicional dos seus livros.

Aparato – Amanda conversou com o site de VEJA duas semanas depois de assinar o contrato com a St. Martin. Hoje ela não perde mais horas respondendo um a um os e-mails de leitores que recebe. Tem agora um agente, um assessor de comunicação e um editor. “Eu só quero divertir as pessoas com os meus livros”, disse ela ao falar sobre a guinada repentina em sua vida com o sucessso dos romances.

Stephenie Meyer
Stephenie Meyer (VEJA)
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A mina de ouro sob os cuidados da St Martin é composta pela trilogia My Blood Aproves, pela série de novelas Tryller e por uma série inédita, Watersong. Em todos esses romances os protagonistas não fogem muito à receita largamente difundida por livros como os da série Crepúsculo, da escritora americana Stephenie Meyer: vampiros castos, românticos e devotados, descobrindo as agruras do amor impossível. A principal personagem de Amanda Hocking é Alice Bonham, uma adolescente de 17 anos sem muito traquejo social e disputada por dois vampirinhos pálidos como Edward Cullen.

Uma baba sem rigor literário, é verdade, mas bem ao gosto do público adolescente criado no mesmo caldo de cultura da autora – que inclui filmes de Harry Potter, Alice No País Das Maravilhas, livros do mago Paulo Coelho e de Anne Rice, histórias em quadrinhos, vídeogames e internet. Amanda sabe que vai enfrentar a ira da crítica especializada, mas dá de ombros: “Não me interesso pela crítica”, desdenha. “Escrevo para pessoas normais.”

Cinema – Entre os leitores, há quem ache que Amanda “se vendeu ao mercado”. Bobagem. Ter os livros publicados por uma grande editora é a realização do seu projeto original. “Sempre me disseram que as editoras eram predatórias, mas eu acho que elas têm algo de bom para oferecer”, explica. “Se não tiverem, volto a publicar os meus livros como antes. O que eu quero é ser lida pelo maior número de pessoas possível.”

Alguns agentes literários torcem o nariz para as perspectivas de vendas de Amanda. Acham que a aposta da St. Martin pode decepcionar porque o preço dos livros vai pular dos atuais 2 dólares sugeridos pela autora nas livrarias virtuais para ceca de 12 dólares nas prateleiras. Isso afastaria grande parte dos leitores adolescentes e sem grande poder de compra.

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O mais provável, porém, é que ela consiga, além de muitos novos leitores, muitos espectadores também. Os direitos de adaptação de Tryller para o cinema foram comprados pela Media Rights Capital, de Los Angeles, e o roteiro está sendo escrito por Terri Tatchel, indicada ao Oscar pelo roteiro original de Distrito 9, do sul-africano Neil Blomkamp. A Warner Bros. e a Universal Pictures manifestaram interesse na produção. Não é difícil imaginar que os prováveis filmes ajudarão a puxar as vendas dos livros para cima.

O futuro próximo vai esclarecer a questão. Amanda, agora dedicada a entregar três romances inéditos, diz que ainda não teve tempo de desfrutar a gorda conta bancária com os amigos e a família, nem de procurar um príncipe encantado como os de romances infanto-juvenis.

Leia mais:

Leia mais: Cinco mandamentos para quem quer lançar sua carreira artística na internet

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