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Três brasileiros entre os melhores professores do mundo

Global Teacher Prize, o Nobel da educação, anuncia seus 50 finalistas. Professor queniano foi o vencedor da última edição

Por Maria Clara Vieira Atualizado em 18 mar 2020, 23h20 - Publicado em 18 mar 2020, 23h18

Foi reproduzindo o “A de amor” e “B de baixinho”, cantado também com as mãos pela cantora favorita da infância no clipe lançado em 1988, que a paulista Doani Bertan, de 38 anos, encantou-se pela primeira vez com a língua de sinais. Apesar de saber o alfabeto de cor desde os tempos do “Xou da Xuxa”, Doani seria catadora de papelão, artesã e telefonista de pizzaria antes de conseguir estudar pedagogia e se dedicar, finalmente, ao sonho de lecionar libras em uma escola pública. Além de ensinar português, matemática e ciências nas duas linguagens para uma turma de 30 alunos – dos quais oito são deficientes auditivos -, a professora mantém um canal bilíngue no YouTube, com aulas e exercícios para os estudantes da Escola Municipal Júlio de Mesquita Filho, em Campinas. “Ver os alunos ouvintes conversarem em libras voluntariamente com os colegas é minha emoção. Quero que os surdos participem até das trocas de bilhetinhos”, conta.

No coração do Distrito Federal, na Unidade de Internação de Santa Maria, o historiador Francisco Celso, de 40 anos, é quem faz a diferença para os meninos e meninas de 12 a 21 anos que chegam à instituição para cumprir penas que variam entre 6 meses e 3 anos. “A escola tradicional já não deu conta desses meninos. Eu precisava fazer algo diferente”, conta o educador, que também é produtor cultural. Da própria experiência com a música, surgiu a ideia de usar o rap – o “idioma” dominante entre os alunos – para ensinar os temas do currículo: diversidade, sustentabilidade e direitos humanos. “Carta à Mãe África”, do rapper Gog, virou aula sobre as origens da vida na Terra, escravidão e racismo. As composições dos estudantes, por sua vez, viraram álbuns, clipes e foram exibidas em festivais de Brasília.

Mais ao norte, em Belém do Pará, a professora Lilia Melo, de 43 anos, combina aulas de português com toques de tambor, dança, teatro e poesia para estudantes de uma região carente e violenta da capital paraense. De dia, ensina crianças. De noite, leciona para os pais. Há dois anos, mobilizou a comunidade ao redor da Escola Brigadeiro Fontenelle por uma causa especial: levar os alunos para assistir o filme “Pantera Negra” no cinema. “Sempre defendi a importância do audiovisual e sabia que o filme não seria só entretenimento. É uma forma de identificação”, conta. A vaquinha bem-sucedida levou 400 crianças ao cinema e, até hoje, a representação afro-indígena na cultura pop é tema de debate em sala.

A somatória de inovação, simplicidade e eficiência levou os três educadores brasileiros ao seletíssimo panteão dos 50 melhores professores do mundo, finalistas da sexta edição do Global Teacher Prize. A competição, promovida pela Fundação Varkey, é vista como o Prêmio Nobel da educação e contou com mais de 12 000 inscrições de mais de 140 países diferentes. Caso estejam entre os dez selecionados para a fase final, Doani, Francisco e Lilia vão participar da cerimônia de entrega do prêmio, a ser realizada no Museu de História Natural de Londres no dia 12 de outubro. O objetivo do prêmio de um milhão de dólares é fazer com que os educadores sejam valorizados a nível internacional. “O respeito aos professores vai além de um importante dever moral – é essencial para os resultados educacionais de um país”, reforça o fundador, Sunny Varkey. No ano passado, a paulista Débora Garofalo ficou entre as dez finalistas com seu projeto de ensino de robótica através da reciclagem. O campeão foi o professor Peter Tabichi, criador de um clube de ciências para crianças de diversas religiões em uma região assolada pela fome no Quênia.

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