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Pais e escolas atribuem, uns aos outros, responsabilidade pela educação alimentar das crianças, mostra pesquisa

Levantamento ouviu cem gestores, pais e estudantes em todo o país

Por Nathalia Goulart
7 out 2010, 10h43

Para Gabriel Damato, de 9 anos, a cantina da escola não é uma opção. De casa, ele leva o lanche para o horário do recreio: pão integral com manteiga e suco, além de uma fruta. Já o irmão Victor, de 14 anos, frequenta a lanchonete, mas segue à risca a recomendação de evitar as frituras e refrigerantes. A mãe dos garotos, Lucimara Damato, acredita que os hábitos saudáveis de alimentação vem de casa, mas devem também ser reforçados na escola, onde os filhos passam grande parte do dia.

Um pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo grupo GRSA de alimentação em parceria com o Ibope mostra que 80% dos gestores de escolas particulares do país acreditam que os alunos não trazem hábitos alimentares saudáveis de casa. Ao mesmo tempo, os pais cobram uma orientação adequada das instituições de ensino. Em outras palavras: pais e escolas atribuem, uns aos outros, a responsabilidade pela educação alimentar das crianças. O levantamento ouviu cem pessoas – entre gestores escolares, pais e alunos do ensino fundamental, médio e superior privado de todo o Brasil.

Na opinião da nutricionista Maria Aparecida Zanetti Passos, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ambos estão certos. E ambos errados. “Cada um tem sua parcela de responsabilidade”, diz. “Os hábitos alimentares começam a ser desenvolvidos em casa, com a ajuda dos pais. Por outro lado, a escola é responsável pela processo da educação e deveria também educar o aluno no caminho de uma alimentação saudável.”

Algumas escolas já começam a despertar para o perigo de deixar os alunos à mercê das ofertas tentadoras das lanchonetes, que colocam a disposição dos alunos aquilo que eles mais gostam: alimentos saborosos, porém ricos em gorduras e calorias e pobres em nutrientes. A pesquisa da GRSA/Ibope aponta que salgadinhos como coxinhas e empadinhas ainda são os preferidos de crianças e adolescentes.

No Colégio Santa Maria, em São Paulo, a alimentação saudável é uma preocupação desde o jardim da infância. Os professores pedem que os pais mandem frutas e suco para as refeições – e tudo é compartilhado. “Quando uma criança vê a outra comendo, ela se sente mais motivada e a aceitação dos alimentos se dá de forma mais fácil”, conta Paula Bacchi, orientadora do colégio. “Quando ela aprende ainda cedo a comer de forma saudável, adquire o hábito e passa a se alimentar melhor.”

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No Colégio Santo Américo, também na capital paulista, a orientação pedagógica prioriza uma alimentação de qualidade. Até a primeira série do ensino fundamental, a cantina está proibida aos pequenos. “Essa é uma fase de formação, onde buscamos colocar os alunos em contato com alimentos saudáveis”, explica Liamara Montagner, coordenadora da educação infantil. A ideia é apresentar as crianças ao universo das frutas e das verduras. Tudo é acompanhado por uma nutricionista.

Obesidade – Os cuidados podem tirar o fôlego dos crescentes índices de obesidade infantil. Pesquisa recente divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde mostra que a obesidade e o sobrepeso são os principais problemas nutricionais dos estudantes brasileiros. Segundo o estudo, 23,2% dos alunos da nona série do ensino fundamental das escolas públicas e privadas estão acima do peso ideal.

As razões que explicam esses números são variadas: vão desde a genética até ao estilo de vida sedentário das crianças, que hoje, com a ajuda do computador, da TV e do videogame, praticam cada vez menos atividades físicas, explica o endocrinologista Marcos Tambascia, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Sem dúvida, os hábitos alimentares têm um peso grande nessas estatísticas. A alimentação rica em gordura é mais saborosa e é normal que atraia as crianças”, diz Tambascia.

A comida da cantina de fato cobra um preço alto: hipertensão, colesterol, diabetes – doenças típicas dos adultos que são cada vez mais frequentes nos pequenos. “A obesidade hoje já é uma epidemia. Por isso a questão da alimentação é urgente – dentro e fora das escolas”, diz o especialista. Maria Aparecida, da Unifesp, conclui: “Ninguém nasceu sabendo escovar os dentes. Esse é um hábito adquirido. Com alimentação saudável, acontece o mesmo.”

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