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Olimpíadas escolares: ‘vaquinha’ e reduções para enfrentar cortes

Com verbas do governo até 50% menores, olimpíadas brasileiras de conhecimento diminuem número de participantes e buscam patrocínio para comprar medalhas

Por Da redação
Atualizado em 12 ago 2016, 18h55 - Publicado em 12 ago 2016, 18h15

Financiamento coletivo, emprego de sobras de recursos e até exames e certificados virtuais em vez dos feitos em papel podem ser vistos nas principais olimpíadas brasileiras de conhecimento. As novidades são a maneira como os responsáveis pelas maiores competições escolares do país – de matemática, astronomia e história, entre outras – enfrentam os cortes de até 50% nas verbas.

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Maior olimpíada do gênero no país, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) terá a participação recorde de 18 milhões de alunos de 47.000 escolas neste ano. Financiado pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), o evento custa 53 milhões reais – 60% do orçamento do instituto, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). O dinheiro previsto, porém, ainda não chegou.

“Estamos fazendo a Olimpíada com recursos que sobraram do ano passado. Cortamos brindes, reduzimos materiais distribuídos ao estritamente necessário para não afetar a qualidade do evento e manter a premiação, que é importante”, disse o presidente do Impa, Marcelo Viana.

Os cursos de formação e capacitação de professores de matemática, que fazem parte da Obmep, também sofreram com a redução de custos. Um deles deixou de pagar a ajuda de custo aos colaboradores e passou a ser feito de forma voluntária. Outro previa selecionar 1.800 professores para a capacitação, mas deve cobrir apenas a metade desse número, caso a verba não chegue.

“O país não aprendeu a se planejar. O Brasil se tornou destaque em olimpíadas internacionais de matemática e tem cada vez mais alunos interessados na competição. Não podemos deixar que esses eventos sejam desvalorizados”, afirmou Viana.

Procurado, o MCTIC informou em nota que já liberou 27,6 milhões de reais ao Impa e novos repasses neste ano “permitirão a continuidade dos projetos”.

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Financiamento coletivo

Para conseguir premiar os alunos vencedores da Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA), que aconteceu em maio, com medalhas que custam três reais, os responsáveis pelo evento decidiram fazer uma “vaquinha virtual”. O evento, feito há dezenove anos, teve um corte de 50% da verba que recebeu do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão federal de incentivo à ciência – em vez do 1,2 milhão de reais previsto, apenas 580.000 reais chegaram à organização.

Dos 890.000 alunos de escolas particulares e públicas de todo o país que participaram da OBA, 50.000 ficaram em primeiro lugar e estão aguardando as medalhas. O custo total, de 150.000 reais, está sendo levantado por uma campanha de financiamento coletivo na plataforma Kickante.

“Encomendamos as medalhas no começo do ano porque acreditávamos que iríamos conseguir patrocínio. Temos de manter a premiação. Os campeões esportivos são premiados, os científicos também têm de ser”, afirmou João Canalle, da comissão organizadora da OBA.

Até esta semana, apenas 20% do valor havia sido arrecadado – o prazo termina em 22 de setembro. Mesmo se o montante for alcançado, a OBA não conseguirá custear as viagens dos alunos selecionados para as competições internacionais. Os brasileiros costumam ser competidores fortes na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA, em inglês) e na Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA).

“O dinheiro também era utilizado para bancar os treinos específicos para equipe brasileira, mas, este ano, os alunos estão usando seus próprios recursos para pagar os professores”, disse Canalle.

Menos papel

A Olimpíada de Química, que deu ao Brasil quatro medalhistas no evento internacional, resolveu trocar as provas e certificados de participação em papel dos 302.000 estudantes de todo o país por correspondentes virtuais neste ano. A medida para reduzir os custos foi uma maneira de garantir a presença dos primeiros lugares na olimpíada internacional que aconteceu na Geórgia.

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A Olimpíada Nacional de História, feita pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), resolveu cortar, em vez do papel, o número de alunos selecionados. Com uma redução de 35% nas verbas, a organização diminuiu de 1.200 para 1.000 o número de finalistas para a fase presencial.

“A prova final é dissertativa, com alto custo para a correção. Fizemos isso com muita dor no coração”, disse a coordenadora do evento, Cristina Meneguello.

Em nota, o CNPq confirmou a queda de recursos. No último ano, o valor total investido foi de 2,93 milhões de reais em treze olimpíadas. No ano anterior, foram 4 milhões reais para catorze eventos.

(Com Estadão Conteúdo)

 

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