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Número de licenciados seria suficiente para suprir falta de professores nas escolas públicas

Pesquisa revela ainda que o número total de vagas na graduação é três vezes maior que a demanda por professores estimada na educação básica

Por Da Redação
1 set 2014, 16h25

O número de estudantes de graduação licenciados entre 1990 e 2010 seria suficiente para suprir a demanda de professores no ensino público brasileiro, revela pesquisa inédita de José Marcelino de Rezende Pinto, professor da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em financiamento da educação. A conclusão do estudo é que faltam, na realidade, profissionais interessados em seguir carreira dentro da sala de aula.

Para realizar a pesquisa, o autor cruzou a demanda atual por profissionais na educação básica com o número de formados nas diferentes disciplinas curriculares entre 1990 e 2010. Na disciplina de Biologia, por exemplo, são sete licenciados para cada vaga demandada na rede pública. Em Língua Portuguesa, o número de concluintes é 2,5 maior que demanda calculada, em torno de 131.000 formandos. Apenas em Física é possível afirmar, de fato, que o número de formandos não é suficiente para suprir a necessidade.

Os resultados apontam para a necessidade de tornar a profissão mais atrativa e de incentivar a permanência estudantil na área. “A grande atratividade de uma carreira é o salário. Mas, além da remuneração, o professor tem um grau de desgaste no exercício profissional muito grande. E isso espanta”, afirma o pesquisador.

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Ainda segundo o estudo, o número total de vagas na graduação é três vezes maior que a demanda por professores estimada nas disciplinas da educação básica. Em todas as áreas, só as vagas de graduação nas universidades públicas já seriam suficientes para atender à demanda. “Em vez de financiar novas vagas, muitas vezes em modalidade a distância sem qualidade, precisamos investir para que o aluno entre e conclua”, diz Marcelino. Os cursos de formação de professores têm evasão maior que 30%, acima da média registrada por outras graduações.

Dados recentes mostram que há um déficit nas escolas brasileiras de 170.000 professores apenas nas áreas de Matemática, Física e Química. Só na rede estadual de São Paulo, 21% dos cargos necessários estavam vagos no ano passado. A maior lacuna era em Matemática e Português, esse último com falta de 7.100 docentes – o governo do Estado afirma que os alunos não ficam sem aula, mesmo que acompanhados por professores de outras formações.

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Outro levantamento feito no início do ano pela ONG Todos Pela Educação com dados do Censo Escolar 2013 mostrou que apenas 32,8% dos professores que trabalham nas séries finais do ensino fundamental (5º ao 9º anos) têm licenciatura na área em que atuam. No ensino médio a porcentagem é de 48,3%. De acordo com o Censo Escolar, o Brasil tem 458.807 professores sem diploma de ensino superior – 21,9% de um total de 2.095.013 docentes em atividade.

O coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, diz que o resultado da pesquisa desconstrói um falso consenso sobre um “apagão” na carreira. “Os dados reforçam que a principal agenda na questão docente é a da valorização”, diz. “Valorização é garantia de boa formação inicial e continuada, salário inicial atraente, política de carreira motivadora e boas condições de trabalho.”

(Com Estadão Conteúdo)

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