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“Mudei a vida de meus alunos”, diz finalista do Global Teacher Prize

Alçada à lista do prêmio mundial de educação, a professora Doani Bertan abriu oportunidades a centenas de crianças surdas em uma escola pública de Campinas

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 nov 2020, 06h00

Esperava ver seu nome na lista dos dez melhores professores do mundo? Honestamente, fiquei surpresa. Quando me telefonaram com a notícia, senti meu coração parar, sem exagero. Vieram-me à cabeça todas as tentativas e erros até chegar ao modelo de aula que dou hoje.

A fórmula que adota é semelhante à de outras escolas. Onde exatamente reside a diferença que a fez chegar tão longe? Além de ensinar as matérias ao lado de outra professora, ela em português e eu em libras, como acontece em outras escolas, faço questão de dispor as carteiras de modo que os alunos surdos possam se olhar de frente, esforço-me para integrar a turma o tempo todo e atendo cada um de forma personalizada, levando em conta suas dificuldades.

Em geral, os colégios falham na tentativa de incluir alunos especiais? Sim, e a razão é que o que entendem por inclusão é tratar todo mundo igual. E isso acaba tendo o efeito contrário, de levar à exclusão.

O que acha das escolas especiais para deficientes? O melhor lugar para o surdo é aquele em que ele se sente à vontade e acolhido. Pode acontecer numa escola tradicional, sistema em que eu leciono, ou em um colégio voltado para essas crianças.

O que a motivou a se tornar professora de alunos surdos? Na minha infância, copiava os gestos do alfabeto manual que via na televisão. Sempre fui muito hábil com as mãos e peguei gosto fácil. Adolescente, eu me matriculei em um curso formal de libras e, quando entrei na faculdade de pedagogia, já sabia que queria me dedicar a essa área. Entendia que assim poderia transformar vidas.

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E transformou? Com certeza. Ajudei muitas crianças a se aceitar como são e as ensinei a exigir seus direitos e buscar respeito. Um fato que me marcou foi a experiência com um menino que tinha o sonho de ser arquiteto, mas não se sentia capaz de entrar na universidade por ser surdo. Dediquei tempo a encorajá-­lo. Hoje ele está formado e muito bem.

Tem a expectativa de subir ao pódio máximo, quando o prêmio for dado a um dos dez professores da lista, em dezembro? Eu me sinto merecedora, sim, mas só a visibilidade que meu trabalho está tendo já é um prêmio em si. No Brasil, infelizmente, os bons exemplos não são divulgados e valorizados como deveriam. Mas não gosto de ficar reclamando, prefiro partir para o trabalho. Cresci muito ao sair da minha zona de conforto.

Publicado em VEJA de 18 de novembro de 2020, edição nº 2713

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