MP investiga se ex-diretor da USP Leste é responsável por terra contaminada
Campus está fechado há mais de 40 dias por contaminação de gás metano e teria recebido material contaminado antes da construção do prédio
O Ministério Público Estadual (MPE) abriu inquérito civil contra o ex-diretor do campus Leste da Universidade de São Paulo (USP) José Jorge Boueri Filho para investigar a responsabilidade pelo depósito de terra de origem desconhecida na unidade entre 2010 e 2011. Segundo o MPE, o material usado na terraplanagem feita para a construção do prédio estava contaminado com óleos minerais nocivos à saúde.
O problema soma-se à recente interdição da USP Leste pela Justiça, que determinou a evacuação da área por causa da contaminação por gás metano no solo – questão que, segundo a assessoria de imprensa da USP Leste, já existia antes da construção do campus.
A Promotoria do Patrimônio Público da capital apura ainda se houve improbidade administrativa nos gastos com a reparação dos problemas ambientais: não teria sido realizada, por exemplo, licitação para depositar a terra no local. Boueri Filho, afastado da diretoria da unidade desde setembro, é questionado sobre origem, nome do fornecedor, modo de transporte, instrumento jurídico para aquisição e preço da terra contaminada.
O MPE também pede que a reitoria preste esclarecimentos sobre a apuração dos fatos e eventuais medidas administrativas e judiciais para responsabilizar os envolvidos no caso. O ex-diretor e a universidade têm até o final de fevereiro para responder aos questionamentos.
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Em novembro, a reitoria já havia aberto processo administrativo contra o ex-dirigente, com 90 dias para apuração. De acordo com a assessoria de imprensa da USP, o prazo foi prorrogado por mais 90 dias e as investigações devem terminar só no começo de maio. A comissão de três professores designada para o caso usa dados do relatório de uma sindicância administrativa, feita entre dezembro de 2011 e setembro de 2012, para apurar as responsabilidades pelos problemas ambientais.
A assessoria da USP também informou que ainda não há conclusões da Superintendência de Espaço Físico (SEF) sobre o volume total de terra contaminada e o custo da remoção, mas os dirigentes da EACH estimam que o valor pode chegar a 20 milhões de reais. O custo elevado será um problema para os cofres da universidade, que congelou as contratações e o início de novas obras por causa da crise financeira que se arrasta desde 2013.
(Com Estadão Conteúdo)