Mais de 42 mil candidatos realizam 2ª fase da Unesp
As provas acontecem neste sábado (13) e domingo (14). Os estudantes vão responder a 36 questões dissertativas e deverão elaborar uma redação
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Da Redação
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13 dez 2015, 07h49
O exame será aplicado em 31 cidades paulistas e ainda em Brasília (DF), Campo Grande (MS) e Uberlândia (MG) (Ricardo Matsukawa/VEJA.com/VEJA.com)
Neste domingo (13) e na segunda-feira (14), a Universidade Estadual Paulista (Unesp) aplicará as provas da segunda fase do vestibular 2016. Os 42.654 candidatos aprovados na primeira etapa responderão a 36 questões dissertativas e deverão elaborar uma redação. Nos dois dias, os portões se fecharão às 14 horas e as provas terão duração de 4 horas e meia.
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De acordo com a Fundação para o Vestibular da Unesp (Vunesp), os candidatos deverão se apresentar às unidades de aplicação da prova às 13 horas, portando documento original de identidade, lápis preto (proibido o uso de lapiseira), apontador, borracha, caneta esferográfica de tinta azul ou preta, fabricada em material transparente, e régua transparente.
Neste domingo, os estudantes responderão a 24 questões, sendo 12 de Ciências Humanas (História, Geografia e Filosofia) e 12 de Ciências da Natureza e Matemática (elementos de Biologia, Química, Física e Matemática). Na segunda-feira, serão 12 questões de Linguagens e Códigos (Língua Portuguesa e Literatura, Língua Inglesa, Educação Física e Artes) e Redação.
O exame será aplicado em 31 cidades paulistas e ainda em Brasília (DF), Campo Grande (MS) e Uberlândia (MG).
Reserva de vagas – Os candidatos concorrem a 7.355 vagas para a Unesp. No Vestibular 2016, o Sistema de Reserva de Vagas para a Educação Básica Pública (SRVEBP) garante um mínimo de 35% das vagas de cada curso para alunos que tenham feito todo o Ensino Médio em escola pública. A proporção deve chegar a 50% até o Vestibular 2018. Em 2015, cerca de 3.300 alunos de escolas públicas ingressaram na Unesp.
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1. Ucrânia e Rússia
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(Valentyn Ogirenko/Reuters/Reuters) A questão envolvendo a Ucrânia e Rússia ganhou muito espaço nas discussões sobre geopolítica internacional em 2015 e deve ser bastante vista nos vestibulares 2016. “Este tipo de tensão demanda que o aluno saiba como ela começa, qual é o histórico dos dois países, a geografia e, inclusive, os detalhes sobre a questão do abastecimento de gás na região”.
A rivalidade entre Ucrânia e Rússia começou quando o então presidente ucraniano Viktor Yanukovych decidiu realizar acordo econômico com a Rússia (que prometeu descontos no
fornecimento de gás), ignorando a vontade popular de acordos com a União Europeia. A revolta popular culmina na destituição do presidente e na tomada do cargo pelo opositor
Oleksander Turchynov, que declarou que, apesar de manter as conversas com a Rússia, priorizaria um acordo com a União Europeia. Vladimir Putin, presidente da Rússia, viu a decisão tomada pelo substituto de Yanukovych como um golpe e uma ameaça à população da Crimeia, península que tem moradores de maioria russa. Esta região se dividiu entre Leste (predominantemente pró-Rússia) e Oeste (predominantemente pró-União Europeia) e diversas sanções foram feitas contra a Rússia por parte da
União Europeia e dos
Estados Unidos. Até o momento, a tensão parece não ter chegado ao fim.
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2. Imigração e Síria
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(Aris Messinis/AFP/AFP) A Guerra na Síria e a imigração dos refugiados tomaram o noticiário internacional durante a segunda metade do ano, período em que as provas estão sendo elaboradas e, portanto, são assuntos com grandes chances de aparecer nas provas. “A ideia é que os estudantes compreendam o motivo por que a população está fugindo, como a guerra surgiu, qual a geografia do lugar e qual o papel do governo e dos rebeldes”, explica Vagner Augusto da Silva, supervisor de geografia do Anglo Vestibulares.
A Síria é governada há 50 anos por um partido chamado Baath e, desde julho de 2000, quem lidera o país é Bashar al-Assad. Após o
ápice da Primavera Árabe, em março de 2011, a população síria foi para as ruas contra o governo de al-Assad, que chamou opositores de “terroristas”. Em 2012 a situação passou a ser considerada pela ONU (Organização das Nações Unidas) e Cruz Vermelha como uma
Guerra Civil.
Após a ramificação dos opositores, rebeldes e aliados da Al-Qaeda na Síria (chamados Frente Al-Nosra) enfrentam desde 2014 os jihadistas do Estado Islâmico (EI), grupo conhecido pela brutalidade. A guerra, que parece longe de acabar, envia cada vez mais sírios a buscar um local mais pacífico para
morar na Europa, o que criou a pior crise imigratória desde 1945, de acordo com dados da ONU. Além da Síria, há migrantes econômicos (que buscam emprego e melhoria de vida) e os refugiados (que fogem de áreas de conflito) de vários países africanos e do Oriente Médio. Segundo a OIM (Organização Internacional para as Migrações), até setembro de 2015, eram 430 000 imigrantes que haviam deixado o Oriente Médio e Norte da África
para chegar à Europa.
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3. Cuba e Estados Unidos
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(Jonathan Ernst/Reuters/Reuters) A recente
aproximação entre Cuba e Estados Unidos é um marco histórico, como explica o professor Vagner Augusto da Silva, supervisor de geografia do Anglo Vestibulares. “O aluno deverá entender a questão histórica da Guerra Fria, como isto afastou Cuba e Estados Unidos, qual o papel da União Soviética no afastamento e compreender como esta reaproximação é importante para os dois países”.
Durante a
Guerra Fria, conhecida pela polarização do mundo entre União Soviética e Estados Unidos (socialismo versus capitalismo), Cuba teve suas relações cortadas com Estados Unidos, em 1961, após uma aproximação do governo cubano com os sovietes. A partir de então, a relação entre os dois países seguiu conturbada, com diversos embargos econômicos e fechamento das embaixadas dos respectivos países. Em 17 de dezembro de 2014, no entanto, Estados Unidos e Cuba informaram a intenção da reaproximação, que culminou em diversos encontros entre Havana e Washington para
reestabelecerem suas relações diplomáticas. O professor de história do Colégio e Curso do Poliedro, Daniel Gomes, acredita que esta questão pode se enquadrar muito bem em uma segunda fase de provas, em uma questão dissertativa dividida em itens, para discutir atualidades e história da Guerra Fria.
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4. Crise hídrica e sustentabilidade
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(Victor Moriyama/Getty Images/Getty Images) A sustentabilidade e as novas maneiras de pensar em reaproveitar a água devem trazer o assunto da crise hídrica de volta ao radar dos vestibulandos. De acordo com o professor de português do Cursinho da Poli, Cláudio Caus, “menos que a questão dos reservatórios, um bom tema de uma redação da Fuvest poderia ser modos de repensar os velhos hábitos de utilização da água”.
O supervisor de geografia do Anglo Vestibulares, Vagner da Silva, acredita que os alunos precisam saber onde há escassez hídrica, qual a situação dos reservatórios brasileiros e identificar as regiões de tensão pela falta d’água. Em São Paulo, a crise hídrica era
prevista em documentos oficiais enviados à Sabesp desde 2004; no entanto, a falta de investimentos somados à seca histórica de 2014 levou o Sistema Cantareira, um dos principais reservatórios da capital paulistana, a chegar ao limite de sua capacidade. Mesmo que as causas da crise sejam diversas, entre as possíveis
soluções da crise hídrica está a mudança de hábitos culturais. Sendo assim, são incentivados comportamentos econômicos, como banhos rápidos ou reaproveitamento de água para usos menos nobres (como lavar o carro ou o piso).
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5. Mobilidade urbana
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(Jefferson Coppola/VEJA/VEJA) A mobilidade tem tudo para ser um dos temas de grande relevância nos vestibulares 2016 de acordo com Cláudio Caus, professor de português do Cursinho da Poli. Discussões sobre as
ciclovias, o corredores exclusivos de ônibus e o maior espaço para pedestres podem levar a reflexões sobre cidades mais sustentáveis. “Os jovens estão pensando na metrópole de forma mais humana. Este pensamento poderá permear um tema de redação com um tema como que exija pensar sobre novas formas de mobilidade urbana e o que elas trazem de benefício para a cidade”, diz Caus.
A
melhoria na gestão das cidades ainda contribui para lidar com as mudanças climáticas; isto significa que melhores condições de mobilidade urbana, de forma que a população consiga se locomover de forma mais sustentável, também trará reflexões sobre os impactos ambientais da cidade.
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6. Estado Islâmico e ONU
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(VEJA.com/Reprodução/Reprodução) O Estado Islâmico (EI) deve ser um dos temas que exigirá maior tempo de estudo por parte dos estudantes, conforme explica o professor de história do Colégio e Curso Poliedro, Daniel Gomes. “Este é um assunto complexo. É importante que os vestibulandos compreendam quem são os participantes, o que buscam, como agem e como surgiram.”
O grupo, que se considera sunita (e proclama o ódio aos xiitas), declarou oficialmente em 2014 a criação de um
califado que eliminaria fronteiras e uniria todos os territórios dominados no Iraque e Síria sob a bandeira negra do terror. Liderados pelo “califa” Abu Bakr al-Baghdadi desde 2010, o grupo torturou e executou milhares de pessoas e
destruiu relíquias de valor inestimável para a humanidade. Em junho de 2015, um relatório do Departamento de Estado americano constatou que a
liderança no terrorismo mundial já se encontra nas mãos do Estado Islâmico. Recentemente, o grupo havia se responsabilizado pela
derrubada do voo no Egito, mas o fato não foi comprovado até o momento.
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7. Depressão e o uso de medicamentos
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(ThinkStock/VEJA/VEJA) O recente aumento no consumo de medicamentos como calmantes pode ser um dos temas abordados pelas provas deste ano, de acordo com professor de português do Cursinho da Poli, Cláudio Caus. “A questão do aumento de vendas do Rivotril pode mostrar uma sociedade que busca sanar a ansiedade e o estresse diários, mas será que isto não tem relações com o aumento da depressão? Estas reflexões sobre a sociedade moderna devem aparecer nos vestibulares”.
Dados da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mostraram que, em 2007, foram vendidas cerca de 29 mil caixas de comprimidos contendo clonezepam, princípio ativo do Rivotril; em 2015, este número passou para 18 milhões de caixas. O medicamento, utilizado para tratar transtornos de ansiedade e controle de distúrbios epiléticos, é usualmente utilizado para aliviar o estresse e acalmar. O consumo do princípio ativo do Rivotril sem indicação própria pode esconder problemas que estão atrelados à ansiedade e que podem ser mais graves, como a
depressão, que em dezembro de 2014 já atingia cerca de 7% da população mundial, referentes a 400 milhões de pessoas, conforme informações de Koffi Annan, ex-secretário geral das Nações Unidas.
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8. Movimento feminista
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(Javier Soriano/AFP/AFP) Após ter sido tema da redação do Enem, o movimento feminista pode voltar a ter visibilidade. Conforme cita o supervisor de geografia do Anglo Vestibulares, Vagner da Silva, “o feminismo pode ser o viés tomado por questões sobre movimentos sociais, em meio à efervescência que o Enem trouxe ao assunto”. O professor de português do Cursinho da Poli, Claudio Caus, acredita que “as mulheres, pouco a pouco, foram ganhando espaço no mercado de trabalho e hoje se dividem entre carreira e vida pessoal, com marido e filhos. Estas conquistas das mulheres podem ser discutidas no vestibular”.
A
Lei Maria da Penha, que foi usada como base para a realização do texto do Enem, e a ação de movimentos internacionais como o
Femen, também podem permear as discussões das provas. Para entender melhor o movimento feminista e se preparar para a prova, os estudantes devem pesquisar um pouco sobre as ideologias políticas e econômicas que pautam esses grupos.
(Da redação)