Enem não serve para conferir diploma do ensino médio, diz parecer interno do Inep
Relatórios criticam uso do exame para certificação do ciclo médio de ensino
Leia também:
Manual do Candidato do Enem: o que fazer na inscrição, na prova e na matrícula Teste vocacional: descubra as carreiras que têm mais a ver com você Temas de atualidades que podem cair no Enem e vestibulares 2014/15 20 questões para escolher uma carreira no Enem e nos demais vestibulares Cinco temas para treinar a redação do Enem 2014 Raio-x do Enem: os conteúdos mais cobrados desde 2009 Seis formas de usar a nota do Enem TRI: como é calculada a nota do Enem
Documentos internos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação que organiza o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), questionam a adoção das provas para a certificação de ensino médio. Segundo um dos pareceres técnicos obtidos pelo jornal Estado de S. Paulo, há “fragilidades pedagógicas” em usar o exame para a obtenção de diploma. De autoria da cúpula da Diretoria de Avaliação da Educação Básica (Daeb), a nota aponta dificuldades de construir uma prova que certifique e também sirva para selecionar alunos para o ensino superior.
Leia mais:
Vestibular ou avaliação? Enem não serve a dois senhores
Enem 2013: só 8% conseguem certificado do ensino médio
Os técnicos também indicaram que a nota mínima para certificação subisse. A pontuação mínima exigida é de 450 pontos em cada prova e 500 pontos na redação. O documento cita estudo feito em 2010 pela Coordenação Geral de Instrumentos e Medidas da Daeb cuja conclusão era pela separação do Encceja e do Enem. O documento diz ainda que a própria equipe da pasta apontou em “várias oportunidades” a “dificuldade de se construir uma prova que atenda plenamente a dois objetivos distintos: certificação e seleção.”
Para Maria Inês Pestana, ex-diretora da Daeb, oferecer a possibilidade de certificação pelo Enem teve o objetivo de inclusão, mas o exame acabou se tornando uma ferramenta muito voltada para a seleção de universitários. “Sempre foi um dilema, e a decisão tomada foi pensando na inclusão. Mas tecnicamente seria ideal separar as provas”, diz ela, hoje aposentada.
O presidente do Inep, Francisco Soares, reconheceu que o tema é “controverso”, mas que a opção de certificar é “segura”. “Como temos muitos itens na prova, de dificuldades diferentes, podemos contemplar a certificação”, diz ele. “Não podemos ter dois pesos e duas medidas sobre o que o concluinte deve saber.”
Para o professor da Universidade de São Paulo (USP) Ocimar Alavarse, seria importante avaliar o próprio exame para testar todas as suas funções. “Precisamos avaliar o que o Enem está medindo”, diz. Já a consultora em educação Ilona Becskeházy critica a falta de parâmetros pela prova e a ausência de currículo básico. “A desonestidade técnica e política é não ter currículo.”
(Com Estadão Conteúdo)