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Aos 19 anos, brasiliense se tornou o menino prodígio da Harvard

Mateus Costa Ribeiro é o mestrando em direito mais novo na história da tradicional universidade americana

Por Lucas Cunha Atualizado em 3 jan 2020, 07h00 - Publicado em 3 jan 2020, 06h00
TEMPLO - O advogado brasiliense diante da faculdade, nos EUA: aulas com os mesmos professores de Obama
TEMPLO - O advogado brasiliense diante da faculdade, nos EUA: aulas com os mesmos professores de Obama (./.)

A precocidade não surpreende mais a família Costa Ribeiro, radicada em Brasília. Pode-se dizer que a pedagoga Rosilene e o advogado João criaram prodígios em série. O primogênito, João Costa Ribeiro Neto, foi notícia de jornal ao ingressar na faculdade com apenas 15 anos; aos 20, virou professor. Clarissa, a irmã do meio, formou-se também com 20 anos, e a aprovação no exame da OAB a transformou em uma das mais jovens advogadas do país a obter o registro na entidade. Então chegou a vez do caçula, Mateus. Primeiro, ele bateu o recorde do irmão ao passar no vestibular do curso de direito da UnB antes mesmo de começar o ensino médio, aos 14 anos — precisou de uma liminar para se inscrever na faculdade. Formou-se em apenas quatro anos (um a menos que o período regulamentar) e, em 2018, se tornou o defensor mais moço a fazer uma sustentação oral no STF em toda a história da instituição. Achou pouco: candidatou-se ao mestrado na tradicionalíssima escola de direito da Universidade Harvard. Com 19 anos, virou o aluno mais jovem da história do programa. “Com essa experiência na Harvard, quero entender como funciona o mundo, saber o que deu certo e o que não deu, e trazer as soluções para o nosso país”, diz ele. Entre os luminares com quem tem aulas estão Martha Minow, a professora de direito constitucional que foi mentora do ex-presidente Barack Obama, e Noah Feldman, idealizador da “Suprema Corte” do Facebook — um tribunal independente com poder de decidir quais postagens devem ser tiradas do ar —, que é o orientador do brasileiro.

Mateus fica encabulado ao falar sobre si mesmo e não gosta quando atribuem sua precocidade à inteligência. Insiste que é uma pessoa “normal”, apenas alguém dedicado aos estudos. Contudo, para quem olha de fora, não escapa a percepção de quanto a competitividade intelectual o acompanha. A irmã dá um exemplo disso. Clarissa conta que fez algumas matérias com ele na faculdade. Uma delas era direito das sucessões, disciplina lecionada pelo irmão mais velho da dupla. “Apostamos quem ia tirar a maior nota. Eu até tentei arrancar algumas dicas do João. Não funcionou. Tirei 94 na prova e o Mateus, 96”, relata a advogada.

Ele treinou pesado para a defesa na mais alta Corte do país. Encenou os argumentos para não ter de lê-los

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Se é modesto quanto à sua inteligência, o menino prodígio da Harvard não esconde a obstinação na insondável arte de transformar sonhos em realidade. Foi assim com a ideia de fazer uma sustentação oral no Supremo. Quase ninguém acreditava que o precoce Mateus defenderia uma causa tão cedo na mais alta Corte. O jovem treinou durante semanas, encenando seus argumentos para que conseguisse olhar nos olhos dos julgadores sem precisar ler as anotações. “Na noite anterior mal conseguia dormir — só que era um misto de ansiedade e felicidade. Sabia que estava apto a encarar o desafio.” No STF, ele tratou da inconstitucionalidade formal de uma lei gaúcha que proíbe empresas de submeter funcionários a revista íntima, já que só a União pode versar sobre o Direito do Trabalho. A sessão foi adiada com um pedido de vistas.

Naturalmente, a condição de neófito envolve também dificuldades. Os primeiros semestres de Mateus na faculdade foram solitários. Ele não enxergava interesses em comum com os colegas. Entretanto, aos poucos, acabou descobrindo um modo de se socializar longe das festinhas: envolveu-se nas atividades do centro acadêmico. Lá, sua pouca idade não era nem assunto. Tanto que, depois de vir à tona que se tornara o advogado mais jovem a ser aprovado na OAB, o espanto foi geral. Algumas colegas brincaram: “Quase cometi o crime de pedofilia sem saber!”. Nos EUA, tudo ia bem com os novos amigos até que resolveram ir a um bar. Mateus não bebe, ainda assim topou, sem se dar conta de que, naquele país, a idade mínima para entrar em ambientes que vendem bebida alcoólica é 21 anos. Foi barrado. “Para não me deixar de fora, o pessoal marcou a happy hour num espaço que permitia a entrada de menores, e aí eu pude aproveitar uma dessas típicas noites de um estudante da Harvard.” Mas de típico, está claro, Mateus não tem nada.

Publicado em VEJA de 8 de janeiro de 2020, edição nº 2668

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