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“A tecnologia democratiza o aprendizado”, diz especialista

Ex-diretora no Departamento de Educação do governo dos Estados Unidos, Karen Cator fala de ferramentas que ajudam a potencializar o ensino

Por Luísa Bustamante
Atualizado em 18 mar 2021, 22h07 - Publicado em 13 dez 2016, 21h33

Quando o assunto é tecnologia aplicada à educação, todo mundo quer ouvir o que a americana Karen Cator tem a dizer. Ela começou a carreira como professora no Alaska; depois tornou-se executiva da Apple, entre 2001 e 2009. No governo de Barack Obama, liderou a elaboração do plano para aplicar novas tecnologias à sala de aula. Hoje, como presidente de uma organização sem fins lucrativos, a Digital Promise, Karen trabalha para chegar a soluções que abram oportunidades de aprendizado. Nesta quarta-feira, 14, dará uma palestra em um encontro do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB), em São Paulo. Ela falou a VEJA.

Muito dinheiro já foi gasto em tecnologia para o ensino, sem resultado. O que realmente funciona? Graças à internet, as pessoas podem ter acesso aos melhores especialistas do mundo de cada área do conhecimento sem sair de casa: fotografia, robótica, física, um universo infindável. Podem ainda trocar ideias ou ter seus trabalhos comentados. Usam também ferramentas que permitem saber se suas respostas sobre um tema estão certas, se o seu texto tem ortografia e gramática adequadas ou até mesmo em que escala de complexidade se situa uma frase que escreveu.

Por que tantas experiências com tecnologia na escola naufragam? Porque, para ela ser efetiva, é preciso contar com gente capacitada para usá-la. Fornecer desenvolvimento profissional é fundamental. De nada adianta dar computador a todos se não for bem empregado.

Como separar a boa da má informação na internet? Educando estudantes, professores e pais para que aprendam, por si só, a avaliar a procedência e a qualidade da informação. É preciso também investir em conteúdo de alto nível e corrigir e melhorar o já existente.

Quais são os grandes desafios para países mais pobres, como o Brasil? Disseminar a ideia de que o uso da tecnologia é bem-vindo para democratizar a qualidade e conseguir separar recursos para isso. Banda larga e infraestrutura para internet sem fio custam caro. Mais da metade das casas brasileiras já tem acesso à internet, mas não há indícios de que ela potencialize o aprendizado… De fato, as pessoas precisam aprender a usar a tecnologia não apenas para se comunicar ou para se entreter, mas para achar boa informação fazendo as perguntas certas — e discernir o confiável do descartável. Isso é alfabetização digital.

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É papel das escolas? Sem dúvida.

Como começar? Usando aplicativos simples, didáticos, atraentes. Gosto daqueles que estimulam criatividade
e colaboração. São ferramentas que conectam as pessoas e as permitem escrever, publicar, criar filmes, música, animação. Há também bons aplicativos de conteúdo, que ajudam a ensinar matemática ou história.

Como evitar que a tecnologia em sala de aula não vire apenas uma distração? Tudo depende da relação do professor com os alunos e dos alunos com a aula. Se o professor estiver bem preparado – e essa é a chave – a chance de a turma se dispersar cai.

A tecnologia poderá um dia substituir o professor? Não. A tecnologia está aí como uma ferramenta para o professor ensinar melhor. O bom aprendizado sempre dependerá da relação entre os alunos e seus mestres.

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A senhora gosta das chamadas flipped classes, que subverte a lógica da escola tradicional — o estudante assiste à aula do computador de casa e o colégio fica reservado para debate, exercícios e dúvidas? Acho muito interessante. O objetivo é possibilitar que o tempo na escola seja usado de forma mais efetiva, o que todo mundo quer.

Há evidências de que aulas e exercícios online funcionam? É um grande recurso para quem quer aprender e precisa de uma boa explicação. Experiências como a Khan Academy (do matemático americano Salman Khan) têm o mérito de apresentar ideias e conceitos de forma muito fácil de entender, além de exercícios para testar o conhecimento. Isso ajuda tanto estudantes e professores na escola como adultos no mercado de trabalho, gente que precisa aprender algo novo ou relembrar um assunto.

A qualidade do conteúdo gratuito na internet está aumentando? Está. Há alguns anos, as grandes universidades começaram a disponibilizar na rede suas aulas e material de ensino. Não é o mesmo que estar presente em uma sala e fazer perguntas, mas é definitivamente um avanço. E ainda tem uma aspecto importante: a tecnologia ajuda a individualizar o aprendizado.

Como? As pessoas podem aprender em seu próprio ritmo, parando a aula, vendo de novo, avançando. Os exercícios também vão ganhando complexidade conforme o desempenho de cada um.

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Dá certo usar games na escola? Sabe-se que eles motivam o aluno ao lhe dar um retorno constante sobre sua performance; se está acertando ou errando, vencendo ou perdendo. Mas ainda é preciso investir em pesquisa para avaliar melhor o potencial dos games e de outros tecnologias a serviço do ensino.

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