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Zara lança ‘selo de procedência’ na véspera de CPI do Trabalho Escravo

Marca espanhola de vestuário tem buscado apagar a má imagem de aceitar trabalho análogo à escravidão em confecções ligadas a sua cadeia produtiva, conforme investigação de 2011

Por Naiara Infante Bertão
20 Maio 2014, 21h41

Na véspera de depor na CPI do Trabalho Escravo da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a rede espanhola de roupas e acessórios Zara, do grupo Inditex, apresentou um novo projeto social, chamado de “Fabricado no Brasil”. A ideia é etiquetar as roupas vendidas nas 57 lojas da marca no país com um QR code – código de barras que pode ser escaneado pela maioria dos aparelhos celulares. Quando lido pelo smartphone, essa “etiqueta social” levará o consumidor a uma página na internet com informações básicas do produto, além de detalhes sobre o fornecedor da peça, a data da última auditoria feita pela rede espanhola e se atendia todos os requisitos de segurança e condições do trabalho exigidos pelas leis brasileiras. Também haverá um contato do fornecedor em caso de dúvida ou de desconfiança da procedência do produto.

O projeto, anunciado nesta terça-feira em São Paulo, ainda é piloto e contemplará apenas alguns produtos neste ano, sendo estendido para todas as lojas no Brasil da rede no ano que vem, conforme explicou João Braga, presidente da Zara Brasil. “Queremos partilhar com nossos clientes e com a sociedade nosso trabalho de responsabilidade social para trazer clareza e transparência sobre toda a nossa cadeia de fornecimento”, afirmou ele a jornalistas. Se der certo, o uso da “etiqueta social” será ampliado para outros países.

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Investigação – Coincidência ou não, o lançamento do projeto aconteceu no dia anterior ao depoimento da empresa na CPI do Trabalho Escravo da Alesp, que vai apurar a exploração de mão de obra em atividades econômicas em todo o Estado. As investigações começaram em 2011, motivadas pelos flagras de trabalho análogo à escravidão em duas confecções em São Paulo que forneciam produtos para a Zara Brasil.

A Zara e a Rhodes, uma das confecções flagradas com irregularidades em 2011, serão as primeiras convocadas a depor na fase de investigação – a segunda de três etapas da CPI. Nesta quarta-feira, a comissão da CPI também deve aprovar a convocação da M.Officer e da Uffizi – ambas denunciadas por trabalho escravo. “Mesmo se não fôssemos convocados, nós compareceríamos para mostrar os documentos e esclarecer as dúvidas de tudo o que fizemos e queremos fazer”, disse Braga, da Zara.

A Rhodes continua parceira da Zara no Brasil por ter se adaptado às exigências da legislação. Já a AHA Indústria e Comércio, outra confecção paulista que foi flagrada em maio de 2011 com bolivianos trabalhando 14 horas por dia em condições insalubres, não colaborou com a apuração interna e foi descredenciada da rede de fornecedores.

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Mão na massa – A Zara destaca entre suas ações sociais a instauração de auditorias periódicas – que já chegam a 1,2 mil – nas dependências de seus 32 fornecedores desde 2011, quando assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho. O objetivo é averiguar se as confecções atendem todos os requisitos de segurança do trabalho para cada um dos 11 mil trabalhadores, conforme manda a legislação brasileira. Profissionais da própria Zara e de consultorias externas fazem o trabalho que era monitorado pelo MPT até dezembro do ano passado, quando venceu o TAC. Em três anos, a empresa investiu 14 milhões de reais em projetos de responsabilidade social para a cadeia produtiva.

O presidente João Braga afirma que nenhuma outra confecção apresentou problemas que justificassem sua desconexão com a cadeia. O presidente da empresa disse que, mesmo com o fim do compromisso formal, as ações sociais continuam em três frentes: controle da cadeia de fornecedores; melhoria das condições laborais no setor; e apoio à integração social. Para facilitar a contratação de imigrantes, a Zara está apoiando o Centro de Integração à Cidadania do Imigrante, projeto da Secretaria de Justiça do Estado, que busca ser um “poupatempo para os imigrantes”. Nesse projeto, a empresa investiu 6,2 milhões de reais.

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