
Brasília, 20 abr (EFE).- O ministro do Planejamento argentino, Julio de Vido, pediu nesta sexta-feira ao Brasil que aumente os investimentos no setor petrolífero e propôs que a Petrobras e YPF avancem em ‘negócios conjuntos’ na América Latina, após a desapropriação dessa empresa antes sob controle da espanhola Repsol.
‘Temos o desafio de avançar em negócios conjuntos tanto na Argentina quanto na região’, declarou De Vido em entrevista coletiva junto ao ministro de Minas e Energia brasileiro, Edison Lobão.
Para De Vido, ‘hoje a Argentina está recriando a presença do Estado na YPF’ e decidiu tomar como ‘modelo’ a Petrobras, uma empresa com a qual aspira desenvolver acordos de cooperação no âmbito argentino, mas também no espaço regional.
Em um tom claramente político, De Vido citou os ex-presidentes da Argentina Néstor Kirchner e do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, assim como o governante venezuelano, Hugo Chávez, entre os que ‘semearam a semente’ da União de Nações Sul-americanas (Unasul) e de um novo modelo de integração latino-americano.
Essa ‘nova integração’, como ressaltou De Vido, coloca a região em uma ‘etapa diferente’ e em um novo tipo de cooperação, que no caso da Petrobras e da YPF representa ‘o desafio de fazer negócios juntos’.
Garantiu que as relações entre a Argentina e o Brasil são ‘muito fortes’ e garantiu que serão ainda mais, nos moldes dessas ‘novas cooperações’ que surgem após a nacionalização da YPF.
Lobão confirmou que De Vido pediu expressamente que a Petrobras aumente os investimentos no mercado de hidrocarbonetos argentino, que neste ano são estimados em US$ 500 milhões, a mesma quantia que a empresa brasileira investiu no país vizinho durante o ano de 2011.
Na reunião com De Vido também participou a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, e Lobão garantiu que tanto a empresa quanto o próprio Governo brasileiro estão dispostos a fazer ‘todos os esforços necessários’ para atender ao pedido argentino.
Esclareceu, no entanto, que a capacidade de investimento da Petrobras é ‘limitada’, pois tem fortes compromissos na prospecção e exploração de novos campos no Brasil, especialmente na região do chamado pré-sal, um novo horizonte de hidrocarbonetos situado em águas profundas do Oceano Atlântico.
De acordo com De Vido, a participação da Petrobras no mercado de combustíveis da Argentina é atualmente de 8%, mas pode chegar a 15% no curto prazo com reforço de investimentos.
O ministro argentino, quem foi designado interventor da YPF após a desapropriação de 51% das ações que estavam em mãos da Repsol, negou de forma taxativa que o pedido de novos investimentos ao Brasil tenha o objetivo de cobrir o vazio deixado pela empresa espanhola.
‘Petrobras não substituirá ninguém’, afirmou De Vido. Ele admitiu, porém, que tem mantido conversas com outras grandes empresas petrolíferas do mundo a fim de que reforcem os investimentos na Argentina.
Nesse sentido, precisou que nesta quinta-feira se reuniu com diretores da empresa francesa Total e apontou que na próxima semana fará o mesmo com representantes das americanas Chevron e Exxon.
Garantiu que desde que foi designado interventor da YPF não teve ‘contato algum’ com representantes da empresa chinesa Sinopec. Fontes do mercado apontam que a companhia chinesa tem a intenção de ocupar o espaço aberto com a saída da Repsol.
De Vido também afirmou que o conflito da Petrobras com as autoridades da província argentina de Neuquén, que cancelaram uma concessão da empresa brasileira, está sendo negociado e em vias de ser solucionado.
‘Há uma pequena diferença que está em vias de ser resolvida’, declarou o ministro argentino, quem especificou que a decisão final depende das autoridades provinciais, que são ‘autônomas’. EFE