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Waldery Rodrigues: da ameaça de “cartão vermelho” ao banco de reservas

Secretário de Fazenda já havia sido ameaçado pelo presidente Bolsonaro; internamente, Guedes avalia novo posto para o chefe da Fazenda

Por Victor Irajá Atualizado em 27 abr 2021, 20h57 - Publicado em 27 abr 2021, 17h44

Ao final de um jogo de basquete, um armador está cansado. Essa é a leitura de membros do Ministério da Economia sobre a saída do secretário de Fazenda, Waldery Rodrigues, do posto. Segundo auxiliares do ministro Paulo Guedes, a retirada de Waldery da quadra não diz respeito a uma demissão, mas de uma “substituição depois de um jogo muito difícil”. A partida, acirradíssima, foi o imbróglio que tomou conta da construção do Orçamento para este ano. Para aplainar as pressões políticas, o ministro optou por tirar Waldery Rodrigues dos holofotes. Técnico benquisto dentro da pasta, o então secretário de Fazenda não deve deixar o Ministério e foi convidado a ocupar o cargo de assessor especial de Guedes.

Como mostrou VEJA, de um lado, a equipe de Guedes atacava o Congresso, acusando o Legislativo de aprovar um Orçamento fictício, com um estouro em 31,9 bilhões de reais do previsto pela regra do teto de gastos do governo federal, segundo as contas da Instituição Fiscal Independente. Um acordo para a liberação de 16,5 bilhões de reais em emendas parlamentares se transformou em 26,5 bilhões de reais no texto final. Além disso, a conta não fechava porque subestimaram-se despesas obrigatórias, com Previdência e outros benefícios sociais. As discussões sobre o assunto viraram embates explícitos. No dia 26 de março, Guedes se enfureceu durante uma reunião no Palácio do Planalto. “Eu não vou assinar crime de responsabilidade”, disse ele ao presidente. 

“Foi para o banco de reservas”, diz o auxiliar de Guedes. A “saída de quadra” de Waldery já era sinalizada pelo próprio secretário, que já assumia o cansaço. Waldery chegou a correr risco de expulsão. Em meio a estudos de como financiar o programa Renda Brasil, que substituiria o Bolsa Família no pós-pandemia, o presidente Jair Bolsonaro ameaçou o secretário com um “cartão vermelho”. “Quem, porventura, vier me apresentar uma medida como essa, eu só posso dar um cartão vermelho”, disse Bolsonaro. “Até 2022, o meu governo está proibido de falar a palavra (sic) Renda Brasil. Vamos continuar com o Bolsa Família e ponto-final”, disse Bolsonaro à época.

O secretário revelara em entrevista uma das ideias para viabilizar o Renda Brasil, programa que juntaria o auxílio emergencial pago na pandemia do coronavírus ao Bolsa Família. Para fúria do presidente, tratava-se do congelamento de aposentadorias e do salário mínimo, proposta dura que poderia minar sua popularidade. 

A atuação de Waldery durante a negociação do Orçamento, sancionado com quase cinco meses de atraso, desagradou tanto dentro quanto fora do ministério. Atual secretário do Tesouro, Bruno Funchal assumirá o cargo. Guedes já vinha preparando o sucessor há semanas. Dentro do Ministério da Economia, ninguém foi pego de surpresa. Além do secretário, outra baixa na pasta envolvia o nome de Vanessa Canado, assessora especial para assuntos tributários. A VEJA, ela disse que a saída já estava planejada. Ela será substituída por Isaías Coelho, pesquisador do centro de estudos fiscais da Fundação Getulio Vargas e consultor internacional em política e administração tributária. 

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