Por Ricardo Gozzi
Frankfurt – As montadoras alemãs Volkswagen e Porsche informaram hoje que não haverá uma decisão sobre seus planos de fusão antes do fim deste ano, como originalmente previsto, por conta de uma série de questões jurídicas pendentes nos Estados Unidos e na Alemanha referentes a uma suposta manipulação de mercado pela Porsche que impossibilita quantificar os riscos envolvidos no negócio.
“Não há mais expectativa de que esses obstáculos jurídicos sejam superados em tempo”, anunciou a Volkswagen por meio de nota. Segundo a montadora, “uma indicação da promotoria pública de Stuttgart com relação ao tempo necessário para uma investigação preliminar” foi um dos fatores que levaram à decisão.
As duas montadoras informaram, no entanto, que “continuam comprometidas” com a criação de uma empresa integrada e declararam-se “convencidas” de que isso irá acontecer, apesar de não terem apresentado nenhuma espécie de cronograma.
Em agosto de 2009, as duas montadoras decidiram tentar a fusão depois de uma acirrada disputa de poder. Após um acordo, a Volkswagen assumiu uma participação de 49,9% na unidade de carros esportivos da Porsche e adquiriu as opções para assumir os 50,1% restantes num estágio posterior, caso a fusão não saísse conforme os planos. Nesse ínterim, a Porsche continuaria funcionando como uma empresa diferente.
Segundo a Volkswagen, a reavaliação de suas opções para comprar o restante da unidade de carros esportivos da Porsche “aponta para uma clara contribuição positiva” para seu resultado financeiro. Já a Porsche advertiu que a reavaliação levará em resultados piores para os três primeiros trimestres deste ano.
A Volkswagen informou que avaliará “se existem potenciais cursos de ação para cumprir o objetivo de criar um grupo automobilístico integrado”. Uma comissão da Volkswagen pretende apresentar o resultado dessa avaliação até o fim de 2011, prosseguiu a montadora.
Diversos fundos de hedge dos Estados Unidos entraram na justiça local acusando a Porsche de tentar manipular o mercado ao construir uma participação de 51% na Volkswagen e adquirir opções para controlá-la.
A ousada iniciativa da Porsche, no entanto, sofreu um duro revés com o aperto nos mercados de crédito durante a mais recente crise financeira internacional e a montadora concordou com uma fusão da qual a Volkswagen sairia como controladora.
A promotoria pública alemã também investiga as suspeitas de manipulação de mercado. As investigações estão em andamento e ainda não se sabe quando poderá haver um desfecho. A Porsche qualifica as acusações como infundadas. As informações são da Dow Jones.