SÃO PAULO, 10 Fev (Reuters) – A Vigor, empresa do segmento de lácteos da JBS, deverá focar os investimentos na expansão dos mercados de Minas Gerais e Paraná e reforçar seu sistema de distribuição, disse o presidente da companhia nesta sexta-feira.
Em conferência a jornalistas para comentar a decisão da JBS de separar sua subsidiária Vigor e listá-la na Bovespa, Gilberto Xandó observou que a companhia já detém 65 por cento de participação de mercado no Estado de São Paulo e considera que há espaço para expressivo crescimento em outros mercados.
O frigorífico JBS anunciou na quinta-feira sua intenção de separar sua subsidiária com objetivo de dar mais visibilidade e valor aos negócios de laticínios do grupo.
Em todo o país, a companhia tem fatia de 30 por cento no setor de lácteos. A companhia teve faturamento líquido de 1,2 bilhão de reais em 2011.
Segundo Xandó, o nível de investimentos nos últimos dois anos, de 35 milhões de reais, coloca a empresa em condição de manter o crescimento da Vigor acima da média do mercado.
O executivo ressaltou que a Vigor deverá ter crescimento independentemente do JBS depois de concluída a operação.
Sem dar detalhes, ele ponderou que os planos da companhia contemplam investimentos em expansão da capacidade produtiva e na estrutura logística.
A companhia ressaltou que o plano inicial de expansão é baseado em crescimento orgânico e que o grupo ainda não avalia possíveis aquisições, mas não descartou a operação no futuro.
O diretor de relações com investidores da JBS, Jeremiah O’Callaghan, afirmou que a operação visa aumentar a visibilidade e flexibilidade na estratégia de crescimento da Vigor. Ele acrescentou que a operação não terá impacto sobre os papéis da JBS.
FOCO FORA DE SP
O presidente da JBS, Wesley Batista, esclareceu que o foco inicial é no crescimento orgânico em operações fora do Estado de São Paulo e no segmento de distribuição.
“É praticamente impossível dizer aqui que a Vigor vai crescer só orgânico ou através de aquisição. No orgânico nós temos certeza, agora com (sobre) aquisição é difícil (dizer)…”, disse Batista.
“Não se sabe, daqui três meses, seis meses ou ano, o que pode surgir”, observou. Mas o executivo ponderou que aquisições só serão consideradas se trouxerem forte geração de valor para a Vigor.
Sobre a possível participação do BNDES na operação, Batista ressaltou que não pode falar em nome do banco estatal, mas afirmou que os conselheiros da instituição na JBS votaram de forma favorável pela oferta de permuta, considerando que a operação gera valor e destrava a companhia para expansão mercado.
Batista disse que a FB Participações, controladora da JBS, participará da operação de permuta.
Questionado sobre possíveis alterações nos títulos, Batista disse que operação não terá qualquer impacto sobre o bond da Vigor.
Ele informou que empresa pedirá consentimento a detentores de bônus no exterior do grupo para incluir uma cláusula que permita à companhia fazer operações com qualquer ativo que represente até 2 por cento da receita.
“Nós vamos pedir aos ‘bondholders’ para incluir em três bonds (JBS USA, um do Bertin e um da JBS.SA) a mesma linguagem que tem nos outros bonds do JBS”, explicou Batista.
(Por Fabíola Gomes)