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Vendas de veículos crescem 18% no bimestre, mas devem diminuir ao longo do ano

Medidas de restrição ao crédito e de redução do consumo ainda não foram sentidas no setor automotivo

Por Da Redação
2 mar 2011, 15h35

Alta mensal de apenas 1% em fevereiro implica uma estabilização num patamar já deprimido de vendas, pois janeiro teve queda de 17% ante dezembro, quando se exclui o efeito da sazonalidade

As medidas para redução do consumo e oferta menor do crédito, implementadas pelo governo desde o início do ano, ainda não tiveram efeito sobre o mercado de veículos. No primeiro bimestre desse ano, os emplacamentos cresceram 18,05% na comparação com mesmo período de 2010 – época em que os consumidores ainda contavam com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Os dados, que foram divulgados nessa quarta-feira pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), levam em conta os registros para automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motos, implementos rodoviários e outros veículos como carretinhas de transporte de jet sky, motos, etc.

“Nós do balcão não estamos sentindo essa restrição. Se isso estivesse acontecendo, as vendas de veículos usados cairiam, e nem elas estão caindo. Na verdade, os consumidores estão comprando em função da manutenção de renda e emprego, oferta de crédito e boas perspectivas da economia”, afirmou Sergio Reze, presidente da Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores. Na avaliação do executivo, as medidas para a redução do consumo tiveram efeito “profilático”. “Foram medidas de efeito tópico, para alertar os bancos sobre um eventual aumento da inadimplência. Mas, atualmente, a inadimplência está mais baixa dos que estava há dois anos”, explicou.

Comparando o resultado de fevereiro com o mês de janeiro, a alta foi de 11,08% – de 387.150 unidades para 430.040 unidades. Para ele, o setor obteve o melhor resultado da história não só nos dois primeiros meses do ano, mas também na comparação com os meses de fevereiro de outros anos. A única exceção foi o segmento de motos, cujo melhor fevereiro aconteceu em 2008.

“Temos liquidez de mercado, entrada de capitais externos, anúncios de investimentos e os bancos estão com recursos. O financiamento de automóveis tem risco baixo e os consumidores, de forma geral, estão bem e satisfeitos, com poder aquisitivo. A melhor resposta para tudo isso é o aumento no volume de vendas”, afirmou Reze.

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Ele admitiu, contudo, que o crescimento expressivo em fevereiro na comparação com janeiro deve-se ao Efeito Rapel, em que montadoras anteciparam emplacamentos em dezembro em busca de market share, afetando, para baixo, as vendas de janeiro. “Se não fosse o Efeito Rapel e a consequente queda atípica em janeiro, o crescimento em porcentual de fevereiro não teria sido tão grande”, ressaltou Reze. No primeiro bimestre, os setores que mais evoluíram em percentual foram o de caminhões e ônibus, com crescimento de 41,68% e 44,59%, respectivamente.

A tendência de forte alta, porém, não deve se manter ao longo desse ano. A projeção da Fenabrave continua em torno de 5,2% para todos os segmentos, quase mesmo percentual se considerados apenas os segmentos de automóveis e comerciais leves. “Um crescimento de 18%, como o deste acumulado, não se sustentaria o ano todo. Assim, nossa expectativa continua sendo de cerca de crescimento moderado, mas sempre positivo”, prevê Sergio Reze.

Rentabilidade negativa – O presidente da Fenabrave voltou a alertar sobre o excesso de promoções realizadas pelas montadoras e concessionárias. Para ele, as redes já estão à beira da rentabilidade negativa em função da perda de margem consecutiva a cada promoção. “A cada semana, continuamos vendo a competição demasiada de preços e não entre produtos. Não se qualificam os produtos e apenas há referência a preços. Desta forma, o consumidor perde a noção do valor dos veículos e de sua diferenciação em relação aos outros concorrentes do mercado. Isso sem falar da mesmice de toda semana as montadoras anunciarem que é a última promoção. Ninguém mais acredita nisso”, desabafa Reze.

Ranking – Em fevereiro, a Fiat liderou o mercado de venda de automóveis no país com 23,65% de participação no mercado, seguida por Volkswagen, com 22,65%, e GM, com 19,32%. Entre os comerciais leves, a Fiat também foi líder (22,81%), seguida por Volkswagen (15,13%) e GM (12,80%).

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As vendas de caminhões foram lideradas pela Volkswagen, com 30,44% de participação no mercado, seguida por Mercedes- Benz (24,21%) e Ford (18,52%). Entre os ônibus, as vendas foram lideradas pela Mercedes-Benz (37,96%), seguida por Volkswagen (37,09%) e Marcopolo (12,48%). A Honda liderou as vendas de motocicletas, com 79,26% do mercado.

Em fevereiro, o Fiat Uno foi o campeão de vendas no país, com 21 470 unidades, seguido pelo Volkswagen Gol (20 989) e Volkswagen Fox e Cross Fox (13 156).

Expectativas – As projeções para o ritmo de crescimento das vendas de automóveis em 2011 são positivas, no entanto, merecem atenção, já que a entrada de produtos importados preocupam a indústria automobilística nacional e as medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central não tem data marcada para sutir o efeito de contração das linhas de crédito . “Os resultados de venda no setor dependem, largamente, da pujança da renda dos trabalhadores e da economia, por isso é necessário manter a atenção nos indicadores econômicos. Neste ano, estimamos que o crescimento seja entre 5% e 6%, já contando com a desaceleração da economia brasileira e com as medidas de controle da inflação”, afirmou Fábio Takaki, diretor da consultoria Booz para a América do Sul.

(com Agência Estado)

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