Venda de produtos químicos cai 2,75% em junho

Por André Magnabosco
São Paulo – A indústria química brasileira voltou a registrar retração nos principais indicadores econômicos no mês de junho. De acordo com dados divulgados hoje pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), a venda doméstica de produtos químicos de uso industrial encolheu 2,75% em relação a junho do ano passado, enquanto a produção apresentou queda de 1,60% em igual base comparativa.
Na comparação entre maio e junho, o desempenho da indústria nacional foi ainda mais adverso. As vendas internas caíram 6,57%, e a produção teve retração de 4,50%. No semestre, as vendas domésticas encolheram 3,34% e a produção, 4,16%.
Para a entidade, a deterioração dos indicadores do setor, fornecedor de insumos para diversas outras áreas da indústria nacional, decorre de uma combinação de fatores: enfraquecimento da demanda, em razão do esfriamento geral da economia; menor dinamismo das vendas no mercado interno de produção local, por falta de competitividade frente ao produto importado; necessidade de ajuste de estoques, por conta de redução da procura na ponta; realização de paradas, programadas ou não, para manutenção; e postergação de compras na expectativa de queda de preços no curto prazo.
Importação
Dentre os pontos destacados pela Abiquim no Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) de junho, a entidade mostra grande preocupação com o avanço dos importados. “No que se refere ao consumo aparente nacional (CAN) dos produtos amostrados no RAC, continua havendo uma melhora consistente, revelando que o mercado está demandante por produtos químicos no País”, ressalta o documento. “Todavia, como houve recuo da produção, todo o incremento na demanda interna foi atendido por acréscimos na parcela de importação, cujo volume subiu expressivos 33,9% nos seis primeiros meses do ano”, complementa o relatório.
Os dados da Abiquim apontam que o CAN do setor, medido pela soma da produção e das importações, descontadas as exportações, encerrou o primeiro semestre com alta de 8% em relação ao mesmo período do ano passado. Para a entidade, esse número evidencia que a retração de 3,34% das vendas internas no semestre é um sinal claro de “perda de competitividade do produto nacional”, tendência que está se “intensificando”.
Pressionada pelo avanço dos importados e pela desaceleração da atividade econômica brasileira, a indústria química continua a operar com taxa de utilização em patamares considerados aquém do desejado. Em junho, o indicador ficou em 78%, um ponto porcentual abaixo de maio. A média do primeiro semestre foi de 78%, ante 82% dos seis primeiros meses do ano passado.
Preços
O preço dos químicos de uso industrial, produtos que abastecem uma ampla variedade de setores na indústria brasileira, registrou variação positiva de 13,08% ao longo do primeiro semestre. Segundo a Abiquim, o preço médio praticado nos seis primeiros meses deste ano foi ainda 16,37% superior ao reportado no mesmo período do ano passado.
A ininterrupta elevação dos preços no mercado doméstico acompanha a trajetória do petróleo e seus derivados. A nafta, principal insumo da indústria química nacional, encerrou o semestre com alta de 7,55%, no preço em dólar convertido para reais. Em 12 meses, a alta do insumo até junho alcançou 26,14%.
Essa trajetória, entretanto, pode sofrer uma interrupção momentânea. A Abiquim destaca que o petróleo e a nafta tiveram reduções de preços no mercado internacional em junho, impactando os produtos químicos, principalmente os derivados de aromáticos. Como há defasagem entre os preços praticados no exterior e no Brasil, esse movimento pode ser sentido no Brasil no começo do segundo semestre.
Outro ponto destacado pela entidade é o avanço de químicos importados a baixo custo no Brasil. “O País se tornou importante destino para remessa de produtos excedentes do mercado internacional, a preços mais baixos. Tal situação é agravada pelos benefícios concedidos por alguns Estados na importação de mercadorias”, ressalta a entidade, que aponta essa situação com um fator de desestímulo ao investimento interno.
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