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Vale tem prejuízo de US$ 1,7 bilhão em 2019, sob efeito de Brumadinho

Produção de minério de ferro minguada e despesas com rompimento de barragem fazem empresa amargar pior resultado desde Mariana, em 2015

Por Victor Irajá, Felipe Mendes Atualizado em 20 fev 2020, 20h21 - Publicado em 20 fev 2020, 20h13

Na ressaca do incidente que deixou pelo menos 259 mortos em Brumadinho, em Minas Gerais, a Vale divulgou os resultados financeiros do ano passado, que não foram nada animadores. A companhia registrou prejuízo de 1,7 bilhão de dólares em 2019, revertendo o lucro líquido de 6,9 bilhões de dólares registrados um ano antes. É o pior resultado para uma temporada desde 2015, na esteira de outro desastre ambiental protagonizado pela mineradora, o de Mariana, também em Minas Gerais. Segundo a empresa, a perda de 8,5 bilhões de dólares deveu-se principalmente a provisões e despesas relacionadas à ruptura da barragem em Brumadinho, além de acordos para a descaracterização das barragens e acordos de reparação, estimados em 7,4 bilhões de dólares, dentre outras coisas. A receita da empresa, por sua vez, obteve avanço de 2,7%, totalizando 37,57 bilhões de dólares.

Já no último trimestre de 2019, a Vale obteve prejuízo líquido de 1,5 bilhão de dólares, revertendo lucro líquido de 3,8 bilhões de dólares um ano antes. A receita nominal da mineradora para o período, por sua vez, subiu 1,5%, para 9,9 bilhões de dólares. Um dos fatores para o resultado minguado é de que a Vale registrou produção de minério de 78,3 milhões de toneladas — uma queda de 22,4% em relação ao mesmo período de 2019. Poderia ser pior. Apesar da queda no preço do minério de ferro no final do ano passado e do incidente em Minas Gerais, os resultados da empresa foram beneficiados pela disparada do dólar. Com as expectativas negativas, as ações da empresa tiveram queda de 1,1% no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo de sexta-feira. A operação foi justamente prejudicada por decisões judiciais que acometeram a operação da companhia, principalmente em Minas Gerais.

No quarto trimestre, a Vale registrou uma produção de minério de 78,3 milhões de toneladas. O número corresponde a uma baixa de 22,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em comparação entre terceiro e quarto trimestre de 2019, a baixa foi de 9,6%.

O novato coronavírus é um desafio a ser enfrentado pela empresa neste ano. A China, com a indústria parada por conta da doença, é o principal destino do minério de ferro brasileiro e responsável pela compra de 64% de toda a produção, segundo dados da BMJ Consultores Associados. As exportações do Brasil despencaram de 1,4 milhão de toneladas registrados na primeira semana de fevereiro de 2019 para 1,2 no mesmo período neste ano, segundo dados do Ministério da Economia — uma queda de 14%.

A empresa firmou um acordo para indenizar um grupo de investidores dos Estados Unidos, avaliado em 25 milhões de dólares. Eles reclamavam prejuízos causados pelo incidente em Mariana. A ação tramita desde dezembro na Justiça americana.

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Na última sexta-feira, 20, o ex-presidente da Vale Fábio Schvartsman virou réu. Ele responderá por homicídio doloso duplamente qualificado, quando há a intenção de matar ou quando se assume o risco de matar. A Justiça Federal de Minas Gerais acatou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o executivo e outros dez funcionários da mineradora. O ex-mandatário da Vale também responderá por crimes ambientais em decorrência do rompimento da barragem. Segundo a denúncia, os acusados concorreram para a omissão na adoção de medidas conhecidas e disponíveis de transparência, segurança e emergência e assumiram, dessa forma, o risco de produzir os resultados mortes e danos ambientais.

No começo do mês, VEJA revelou que o departamento jurídico da empresa estima gastar mais de 5 bilhões de dólares com obrigações judiciais que tramitam na Justiça dos Estados Unidos. O valor é cerca de 660% maior do que o firmado para o pagamento de indenizações a familiares das vítimas da irresponsabilidade protagonizada pela mineradora. E os impactos de Brumadinho não atingiram só a empresa Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o desastre fez a produção industrial do país recuar 1,1% em 2019. “Tiveram grande peso nesses resultados negativos os efeitos na indústria extrativa, em decorrência do rompimento da barragem de Brumadinho”, disse em nota André Macedo, gerente da pesquisa. 

(Com Agência Brasil)

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