UE quer Grécia no euro, mas respeitando compromissos
Discurso dos líderes europeus prega a manutenção de Atenas, mas, nos bastidores, bloco já prepara plano para uma eventual saída do país
Os líderes da União Europeia afirmaram nesta quarta-feira, durante a cúpula do bloco, na Bélgica, que desejam que a Grécia continue na zona do euro, mas advertiram que Atenas deve manter os planos de austeridade e completar as reformas exigidas pelo programa de resgate internacional, um compromisso que custará caro para os gregos.
“Queremos que a Grécia fique na zona do euro, mas insistimos que Atenas se apegue aos compromissos acordados”, disse a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, a jornalistas, depois de uma reunião informal de líderes da União Europeia em Bruxelas.
Ao fim da cúpula da UE, o presidente do bloco, Herman Van Rompuy, fez coro às declarações de Merkel. “Queremos a Grécia na zona do euro, mas (o país) deve respeitar seus compromissos”, disse ele.
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As declarações ocorrem após os países da zona do euro decidirem em Bruxelas preparar “um plano de contingência” para o caso da saída da Grécia do grupo. “Devemos prevenir, isto é normal, e preparar um plano de contingência, mas isto não significa dizer que a Grécia sairá do euro”, revelou à agência France-Presse um funcionário ligado às negociações. Um documento visto pela agência Reuters detalhou os custos potenciais para estados membros individuais com uma eventual saída grega e indicou que se isso acontecer, um “divórcio amigável” deve ser buscado com a UE e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O cenário da saída grega não é improvável tendo em vista o crescimento nas pesquisas para o pleito de 17 de junho de líderes de esquerda, que são contrários ao rigor das medidas de austeridade fiscal impostas por outras economias da eurozona, sobretudo a Alemanha.
Eurobônus – Em sua primeira cúpula da UE, o presidente da França, François Hollande, propôs a emissão de eurobônus como uma próxima medida de integração econômica no bloco, apesar da consistente oposição alemã à ideia. “Eu não estava sozinho na defesa dos eurobônus”, disse. A chanceler alemã, Angela Merkel, não mostrou sinais de que retirará suas objeções à proposta que, segundo ela, poderá apenas ser discutida quando houver mais união fiscal na Europa. Holanda, Finlândia e outros membros menores da zona do euro apoiam a chanceler.
Segundo o presidente da UE, Herman Van Rompuy, o assunto dos bônus do euro foi discutido na reunião, mas ninguém pediu sua imediata adoção. Hollande requisitou que o tema seja retomado na próxima cúpula do bloco, em junho.
(Com agências Reuters e France-Presse)
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