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‘Uber’ para mulheres quer desbancar vans escolares na volta às aulas

Com o retorno das aulas na pandemia, Lady Driver pretende atrair mães e pais que não se sentem confortáveis com a aglomeração em vans e ônibus escolares

Por Felipe Mendes Atualizado em 4 ago 2020, 13h39 - Publicado em 4 ago 2020, 11h59

Ainda não se sabe ao certo quais serão todas as mudanças e consequências que a pandemia de coronavírus está trazendo para o convívio humano. Mas é irrefutável que as medidas de distanciamento social vieram para ficar por algum tempo. Com a retomada das aulas presenciais em discussão, até o momento, previstas para o dia 8 de setembro na cidade de São Paulo, mães e pais estão temerosos com a aglomeração dos filhos no transporte escolar. Pensando nisso, a startup de mobilidade voltada para as mulheres Lady Driver decidiu competir com as vans e os ônibus escolares. Tão logo as aulas voltarem na capital paulista, a empresa irá oferecer a opção de transporte para os filhos em seu aplicativo. A principio, três redes de colégios privados foram consultados pela startup para iniciar o projeto: Bandeirantes, Pueri Domus e Rio Branco. Novidade no Brasil, a iniciativa é inspirada em aplicativos voltados ao transporte de crianças nos Estados Unidos, como a Hope Skip Drive e o ZUM.

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A paulistana Gabriela Correa, fundadora da ferramenta, acredita que a solução será implementada em até dois meses, após a fase de financiamento coletivo lançada recentemente na plataforma SMU (Start Me Up) com o intuito de captar cerca de 1,4 milhão de reais. “As mães já nos pediam muito esse serviço. Nós queremos aproveitar este momento de Covid-19 para trazer uma solução de segurança para elas”, diz Correa. A proposta da Lady Driver é oferecer um serviço personalizado, de transporte individual de cada criança, mas com valores em linha aos planos ofertados por empresas que praticam o transporte escolar. Ou seja, as mães poderão fazer um plano mensal de transporte escolar para que seu filho vá em um carro particular da Lady Drive para o colégio. “Vai ser um preço muito próximo ao que as vans trabalham hoje. Não queremos fazer algo que os pais não possam pagar”, corrobora. A ideia é ir além das aulas e oferecer o transporte para atividades extracurriculares, como balé, futebol, natação e aulas de inglês.

Com mais de 58.000 motoristas e 1,3 milhão de passageiras cadastradas no app, que opera apenas em São Paulo, a Lady Driver olha para a pandemia de Covid-19 como uma oportunidade para lançar outras soluções. A empresa firmou recentemente uma parceria com a Rappi para fazer entregas de compras de supermercados. O projeto em fase piloto teve a participação de 100 motoristas, que efetuavam a compra e realizavam a entrega de pedidos a partir de uma unidade da rede atacadista Giga, localizada na Barra Funda, em São Paulo. Passada essa primeira fase, o escopo deve ser ampliado para outros supermercados. “A Rappi viu na Lady Driver um grande potencial porque as mulheres são mais assertivas na hora de fazer as compras, sobretudo legumes e produtos de higiene pessoal”, afirma.

A ideia é gerar novas oportunidades para as mulheres. Com a pandemia, a Lady Driver viu o número de inscrições de condutoras na plataforma aumentar substancialmente. “As mulheres estão sendo mais afetadas pelo desemprego. Antes, nós recebíamos cerca de 40 inscrições por dia. Agora, estamos com mais de 50 novas condutoras cadastradas diariamente”.

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Sustentabilidade no negócio

O unicórnio, animal mitológico que representa as startups avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares, perdem espaço. Agora, o sonho das empresas que formam esse ecossistema é serem reconhecidas como camelos, que enfrentam longas travessias no deserto. Gabriela Correa sabe disso. Diferentemente da maior empresa de mobilidade do mundo, a Uber, que cresceu exponencialmente, mas ainda não alcançou o ponto de equilíbrio da rentabilidade financeira, a Lady Driver quer dar um passo de cada vez. Se hoje a empresa atua somente na cidade de São Paulo, a ideia é expandir para 50 cidades nos próximos dois anos. Para isso, o modelo a ser usado é o de licenciamento do software e da marca — semelhante a estrutura adotada por franquias. “Nós vamos atingir o break-even quando estivermos em 16 cidades. Nosso plano de crescimento é conservador. Não temos aquele plano de startup que faz captação infinitamente, sempre queimando caixa. O cenário está mudando. E nós queremos ter sustentabilidade financeira”, afirma. Fora isso, um outro passo para a empresa num futuro próximo será competir com Uber e 99 no mercado de transporte corporativo. Desde sua fundação, 7,5 milhões de reais foram captados junto a investidores-anjos e financiamento coletivo.

O intuito da criação da Lady Driver veio de um assédio praticado por um motorista de um aplicativo rival em 2016. Com medo, Correa decidiu não denunciar o agressor, mas compartilhou um depoimento com amigas. A resposta foi inesperada. Ela viu que o assédio de motoristas era uma prática mais comum do que se imaginava: 97% já sofreram algum tipo de assédio no transporte público, segundo estudo do Instituto Locomotiva e Instituto Patrícia Galvão. Ela resolveu então criar uma rede de apoio a mulher. “O nosso trabalho é focado nas mulheres, pela diversidade, e contra a violência doméstica. A sociedade precisa de empresas que realmente tratem dos problemas com seriedade e não por marketing”, afirma Correa. Estabelecer um nicho e ser o primeiro naquele nicho é a receita da Lady Driver para encontrar o sucesso.

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