Três empresas têm interesse na Alpargatas, dos irmãos Batista
A holding J&F assinou contrato de confidencialidade com a chilena Arauco para vender também a Eldorado, de papel e celulose
A J&F, holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista, está avançando nas negociações para a venda da Alpargatas, dona da Havaianas. Ontem, a holding anunciou a assinatura de um contrato de confidencialidade com o fundo Cambuhy, braço de investimentos da família Moreira Salles, sócios do Itaú Unibanco.
A Itaúsa, empresa da família Setubal, também sócia da maior instituição financeira privada do país, vai participar das análises do ativo. A Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga, também pode se associar ao Cambuhy e à Itaúsa para avaliar o negócio.
Fontes a par do assunto afirmaram que pelo menos dez grupos, entre fundos de investimentos e empresas, têm interesse na Alpargatas. Na noite de domingo, um dia antes de anunciar oficialmente ao mercado o contrato de confidencialidade com o fundo Cambuhy, Joesley Batista ligou para pessoas ligadas à Alpargatas para dizer que estava conduzindo diretamente o processo e queria resolver a venda o mais rápido passível.
Além da Alpargatas, a J&F assinou contrato de confidencialidade com a chilena Arauco para vender a Eldorado, de papel e celulose, que tem dívidas de cerca de 8 bilhões de reais. Na lista de ativos que devem ser vendidos pelos irmãos Batista estão a empresa de lácteos Vigor, a Âmbar (de energia), o Canal Rural, a Moy Park (empresa de carne bovina), da Irlanda, e a Five Rivers Cattle Feeding, de confinamento de gado.
Pessoas familiarizadas com o assunto não descartam que a companhia possa se desfazer até da Seara, que foi adquirida em 2013. “O objetivo é preservar ao máximo os negócios de carne, principalmente as empresas dos EUA”, disse essa fonte, que afirmou que o grupo pretende levantar 0 bilhões de reais até o fim de julho.
Ontem, as ações da JBS fecharam em queda de 1,28%, a 6,18 reais. As da Alpargatas subiram 3,87%, a 13,15 reais.
Em nota, a Itaúsa confirmou que participa do processo junto com a Cambuhy. No comunicado, informou que tem por objetivo adquirir 50% da participação detida pela J&F e firmar acordo de acionistas com a Cambuhy para gestão compartilhada da Alpargatas, sem citar o Gávea. Já o fundo Gávea não comentou o assunto.
Fontes ligadas à Alpargatas afirmaram que o processo da dona da Havaianas está competitivo, embora o Cambuhy seja apontado como favorito.
Conforme publicou o jornal O Estado de S.Paulo, boa parte dos fundos de investimentos que olharam a Alpargatas antes de a companhia ser vendida pela Camargo Corrêa à J&F em novembro de 2015, como Tarpon, Advent e Carlyle, têm interesse no negócio. O fundo CVC, que busca ativos no país, também analisa a empresa. Nenhum fundo comentou o assunto. A J&F pagou 2,7 bilhões de reais pela Alpargatas, valor considerado alto à época.
Conversas adiantadas
Os bancos Bradesco e Santander, contratados pelos irmãos Batista para conduzir as vendas da Vigor, devem receber propostas pela empresa láctea até a segunda quinzena de julho. Estão no páreo, além da americana Pepsico, que já tinha demonstrado interesse pelo negócio, a mexicana Lala, a Danone, a americana Coca-Cola e a Kraft Foods, segundo fontes. A Danone informou que não comenta rumores. As outras empresas não retornaram os pedidos de entrevista.
No caso do Eldorado, a chilena Arauco também é considerada a favorita para fechar o negócio. Mas a Fibria, maior companhia de celulose do mundo, também está no páreo, segundo fontes. As empresas não comentam.
Mesmo com acordo de leniência fechado com o Ministério Público Federal, no valor de 10,3 bilhões de reais, fontes afirmaram que os potenciais compradores de ativos dos irmãos Batista vão se resguardar de salvaguardas jurídicas ao fechar os negócios.
Na semana passada, a Justiça Federal de Brasília barrou a venda de ativos do JBS para o Minerva, no total de 300 milhões de dólares (cerca de 988 milhões de reais). Procurada, a J&F disse que não comenta negociações em andamento.
(Com Estadão Conteúdo)