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Transnordestina vai atrasar, com sorte, pelo menos 5 anos. E custar o dobro

Orçamento começou com 4,5 bilhões de reais, sofreu ajustes e acaba de ser revisto para 7,5 bilhões de reais. Pessoas próximas ao projeto dizem que esse valor já estaria em mais de 8 bilhões de reais

Por Da Redação
26 Maio 2013, 11h08

Com dois anos e meio de atraso, as obras da Ferrovia Transnordestina, uma das grandes promessas do governo Lula, ainda não estão nem na metade, mas o orçamento não para de crescer. Começou com 4,5 bilhões de reais, em 2007; foi reajustado para 5,4 bilhões de reais, em 2010; e acaba de ser revisto para 7,5 bilhões de reais. O detalhe é que o aumento do custo será ainda maior: por contrato, o valor é corrigido pela inflação e, segundo pessoas envolvidas no projeto, já estaria em mais de 8 bilhões de reais.

Embora seja uma obra privada, a Transnordestina nasceu como um projeto para ser executado pelo governo federal. Sem verbas e enrolada na burocracia, a obra nunca saiu do papel e foi repassada à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), do empresário Benjamin Steinbruch.

A estrada de ferro começa no sertão do Piauí e seus 1.728 km de trilhos passarão por cerca de 80 cidades em três estados, até chegar aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE). Foi desenhada para escoar a produção de novas fronteiras agrícolas da região e incentivar investimentos no semiárido, como exploração de ferro e gesso.

Ao transferir o projeto para a CSN, a administração federal prometeu financiamentos de bancos e órgãos públicos, como o (BNDES) e o Banco do Nordeste.

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O acordo fechado com a CSN vai além do preço da obra e inclui ainda a prorrogação do contrato de concessão da Transnordestina por mais três décadas, novo prazo para entrega das obras, renegociação de dívidas e a criação de uma nova estrutura empresarial. O Ministério dos Transportes confirmou o acordo, por meio de nota. A CSN não quis se manifestar.

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No início, as obras atrasaram por dificuldades nas desapropriações – que eram responsabilidade dos estados – e porque as liberações de verbas do governo foram feitas de forma inconstante, ditando o ritmo da construção. O custo do empreendimento estourou porque o orçamento foi feito com base em avaliações irrealistas desde o começo. Os primeiros estudos já apontavam que o valor mais razoável da obra girava em torno de 8 bilhões de reais. Só que o governo pediu mudanças no projeto e reduziu o valor para 4,5 bilhões de reais. É uma repetição do que tem ocorrido com a usina hidrelétrica de Belo Monte, cujo investimento começou com 16 bilhões de reais e já está em 30 bilhões de reais.

O acerto entre o governo e a CSN prevê ainda um novo cronograma para entrega da obra: dezembro de 2015, segundo o Ministério dos Transportes, que liderou a negociação. Outra reivindicação da CSN foi a extensão do tempo de concessão da Transnordestina por mais 30 anos, a partir de 2027, quando vence o prazo original. O contrato está valendo desde 1997 e, por causa dos atrasos, a empresa já perdeu 16 anos de concessão sem explorar a nova ferrovia.

Para destravar de uma vez o acordo, a ANTT assinou com a CSN um aditivo ao contrato de que permitiu a renegociação de 6 milhões de reais em multas pelo descumprimento de obrigações contratuais. Os débitos foram parcelados e os compromissos pendentes ganharam novos prazos. Outra mudança para melhorar a operação foi a cisão das concessões, com a criação de duas empresas. Uma ficará com a malha existente e a outra com os 1.728 km da Nova Transnordestina. As dívidas serão separadas e os acionistas, como Valec e BNDES, terão as participações elevadas.

Com as mudanças, a ferrovia ganha uma nova chance para se tornar realidade. Ainda assim, se tudo der certo, ela será entregue com cinco anos de atraso e pelo dobro do preço.

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(com Estadão Conteúdo)

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