Trajetória fiscal é cada vez mais preocupante
O indicador do governo central de julho confirma que virou regra o afrouxamento do esforço de economizar para abatimento da dívida pública

As contas do governo central (compreendido por Tesouro, Previdência e Banco Central) relativas a julho trazem preocupação quanto à trajetória fiscal do país. O resultado do mês passado representou o pior superávit primário para julho em uma década (superávit primário é o saldo positivo entre receitas e despesas, excluídos os gastos com juros).
Para os economistas ouvidos por VEJA.com, o indicador confirma a previsão de que não será atingida, de fato, a meta anual de 2,15% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa, contudo, não será a notícia que o governo tentará emplacar. O Executivo deverá usar, mais uma vez, a “contabilidade criativa” para dizer que cumpre sem ter de cumprir, alertam os especialistas. Assim como em 2009, deverão ser excluídos da conta os gastos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para encobrir o afrouxamento do esforço fiscal.
O superávit primário somou apenas 770,2 milhões de reais em julho. O valor veio muito abaixo da estimativa média do mercado, que apontava, segundo levantamento realizado pela Agência Estado, para um saldo positivo de 2,4 bilhões de reais. No acumulado do ano, a economia do governo central para abater os juros da dívida pública totalizou 25,640 bilhões de reais. O resultado parece expressivo, mas corresponde, na verdade, a apenas 1,29% do PIB – ainda longe, portanto, da meta anual de 2,15% para a parcela do governo central.
Mesmo com a arrecadação batendo recordes sucessivos nos últimos meses, o governo não tem procurado calibrar suas contas, e continua com excesso de gastos correntes. “Preocupação em sintonizar receitas e despesas não é mais regra dentro do governo. Esses dados destoam dos anos anteriores, sobretudo porque estamos em ano eleitoral”, avalia José Matias Pereira, professor da Universidade de Brasília (UnB).
A expectativa para os meses seguintes, até o encerramento de 2010, não é otimista. “O estado brasileiro, infelizmente, gasta em excesso e, neste sentido, não há projeção de melhora”, confirma o professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Fábio Gallo Garcia. Segundo ele, para o segundo semestre, a desaceleração da atividade econômica não trará perspectiva de aumento expressivo de arrecadação, o que pode desequilibrar ainda mais as finanças públicas caso o governo não controle suas despesas.
Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se já é assinante, entre aqui. Assine para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.
Essa é uma matéria fechada para assinantes e não identificamos permissão de acesso na sua conta. Para tentar entrar com outro usuário, clique aqui ou adquira uma assinatura na oferta abaixo
Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique. Assine VEJA.
Impressa + Digital
Plano completo da VEJA! Acesso ilimitado aos conteúdos exclusivos em todos formatos: revista impressa, site com notícias 24h e revista digital no app, para celular e tablet.
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Receba semanalmente VEJA impressa mais Acesso imediato às edições digitais no App.
Digital
Plano ilimitado para você que gosta de acompanhar diariamente os conteúdos exclusivos de VEJA no site, com notícias 24h e ter acesso a edição digital no app, para celular e tablet.
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Edições da Veja liberadas no App de maneira imediata.