Neste mês, a Colgate-Palmolive concluiu um desafio de inovação que começou há mais de uma década: produzir tubos de pasta de dente recicláveis.

Dona de marcas como Colgate, Sorriso e Elmex, a empresa passa a fabricar exclusivamente tubos de polietileno de alta densidade (PEAD) rígido, que podem ser reciclados na cadeia convencional junto com garrafas plásticas. As pesquisas começaram em 2013 e, seis anos depois, em 2019, a Colgate lançou a tecnologia, compartilhando-a com outras empresas, inclusive suas concorrentes.

“Queremos que o tubo de creme dental, depois de usado, não termine no lixo comum do banheiro, mas que seja separado com outros materiais de valor circular e enviado para reciclagem. Todos precisam saber disso”, diz Adriana Leite, presidente da Colgate-Palmolive Brasil.

Em entrevista concedida por e-mail a VEJA, a primeira desde que assumiu o cargo, em agosto deste ano, Adriana, há 34 anos na companhia, fala sobre a importância desse marco, os desafios da reciclagem e as metas da sua gestão para os próximos anos. A seguir confira trechos da entrevista:

VEJA Negócios: Qual o tamanho do desafio da reciclagem no setor e a importância deste anúncio de 100% dos tubos recicláveis?
Adriana Leite: Um dos grandes desafios era a composição dos tubos de creme dental, que continham uma folha de alumínio e, por isso, não eram recicláveis na cadeia convencional de plásticos. Foram anos de pesquisa até chegarmos ao tubo atual, feito de PEAD, que pode ser reciclado como uma garrafa e é fácil de apertar como uma bisnaga. A partir deste mês de outubro, depois de um processo de adaptação e transição iniciado em 2020, todo o nosso portfólio fabricado no Brasil é de tubos recicláveis. Essa inovação evita que os tubos sejam enviados ao lixo comum. Como líderes da categoria, estamos determinados a liderar também esse movimento pela reciclabilidade.

Quais os próximos passos da empresa nessa trajetória?
Sabemos que a cadeia de reciclagem ainda tem desafios e oportunidades, inclusive no Brasil. Acabamos de concluir a mudança total do portfólio fabricado no País, e esse é um marco importante. Agora, a jornada de conscientização e apoio à cadeia de reciclagem ganha mais força. Já temos parcerias de longa data, como o programa “Mãos Pro Futuro”, da Abihpec. Além disso, vamos educar cada vez mais pessoas sobre essa mudança, incluindo informações nas embalagens, engajando parceiros, clientes, consumidores e colaboradores, e usando nossos canais de comunicação para amplificar essa mensagem.

Quais são as principais iniciativas da empresa nesse sentido?
Além de anos de pesquisa, nosso pioneirismo se estende à decisão de compartilhar a tecnologia de tubos recicláveis com a indústria, pois acreditamos que a verdadeira mudança é um esforço coletivo. E não nos limitamos a mudar a embalagem. Como exemplo, para o público das cooperativas preparamos a distribuição de uma cartilha para informar sobre a mudança nos tubos e como reciclá-los, e para o público final estabelecemos ações de conscientização e engajamento, como a parceria com a Ambipar Triciclo, por meio da qual disponibilizamos diversas máquinas onde as pessoas podem trocar embalagens recicláveis por pontos e benefícios. Queremos que o tubo de creme dental, depois de usado, não termine no lixo comum do banheiro, mas que seja separado com outros materiais de valor circular e enviado para reciclagem. Todos precisam saber disso.

Como esse anúncio se conecta à estratégia ESG da empresa?
A empresa tem uma estratégia global de sustentabilidade, que inclui frentes diversas envolvendo reciclabilidade, gestão de resíduos, uso de plásticos, uso de água e energia, entre outros. Este anúncio se conecta diretamente à meta global de ter todas as embalagens recicláveis, reutilizáveis ou compostáveis.

Quais outros resultados a empresa já alcançou em relação a resíduos e reciclagem?
Hoje 100% dos frascos de nossa categoria de Cuidados da Casa, das marcas Ola, Pinho Sol e Ajax, são produzidos em PET reciclado. Todos os nossos frascos da categoria de Cuidados Pessoais, das marcas Palmolive e Darling, também são de PET reciclado. As nossas fábricas e centro de distribuição no País operam com o selo TRUE Zero Waste, que garante que pelo menos 90% dos resíduos dos locais certificados não sejam enviados para aterros, estimulando a economia circular. Nós fomos a primeira empresa no país a conquistar esse selo em plantas fabris e trabalhamos todos os anos para mantê-lo.

O que ainda precisa ser feito para aumentar os níveis de reciclagem e quais resultados já foram alcançados?
Sabemos que aumentar os níveis de reciclagem é uma jornada e que muito trabalho precisa ser feito nessa direção. Essa jornada requer esforços da indústria de bens de consumo, governos locais, regionais e estaduais, além de ONGs, cooperativas e também o consumidor final. Seguiremos trabalhando para estimular essa engrenagem para alavancar os nossos resultados.

A senhora assumiu o cargo de presidente há pouco tempo. Quais são as suas prioridades para a Colgate-Palmolive no Brasil?
Minhas prioridades refletem o enorme potencial que vejo neste mercado após 34 anos na companhia. O foco central é o crescimento acelerado no Brasil, guiado pelo nosso Plano Estratégico de 2026 a 2030. Para isso, vamos acelerar a inovação e a omnicanalidade, investindo em nossas marcas para oferecer produtos que atendam cada vez melhor às necessidades dos nossos consumidores. Falando na categoria de Cuidados Bucais, um forte compromisso com a saúde bucal das pessoas é o fio condutor de tudo. Isso se traduz em manter nossa liderança de marca através de um relacionamento estratégico com os profissionais dentistas – que inclui um time dedicado a parcerias e troca de experiências – e em educar consistentemente a população sobre bons hábitos de higiene bucal para a saúde integral. Além disso, daremos atenção especial ao crescimento da categoria de Cuidados Pessoais, que tem marcas super fortes e importantes. Também seguiremos focados para manter nossa consistência na categoria de Cuidados da Casa.

Qual o peso do Brasil na operação global da empresa?
A subsidiária brasileira faz parte da divisão da América Latina, que traz a maior receita líquida para a companhia. Com quase 100 anos no Brasil, a Colgate-Palmolive se consolida com inovação e foco no propósito de reimaginar um futuro mais saudável. O Brasil, especificamente, está entre os países com a maior participação de mercado em cremes dentais e tem a marca Colgate como Top of Mind desde 2005.

O que podemos esperar como legado da sua gestão?
Além do crescimento do negócio, minhas prioridades incluem: excelência e liderança, visando alcançar nossos objetivos e estabelecer melhores práticas que servirão de referência para a Colgate-Palmolive no mundo; além de continuar a investir no crescimento e desenvolvimento da nossa organização e das nossas pessoas, pois elas são a chave para o nosso sucesso duradouro. Quero fortalecer ainda mais o propósito de reimaginar um futuro mais saudável para as pessoas, seus animais de estimação e o nosso planeta.

Há poucos meses a empresa decidiu parar de produzir a pasta de dente Clear Mint após o registro de reações adversas e suspensão de vendas determinada pela Anvisa. Como a senhora avalia a resposta da empresa em relação a esse episódio? 
Levamos a segurança de nossos produtos e a satisfação dos nossos consumidores muito a sério e os nossos produtos passam por testes com consumidores e ensaios clínicos. Neste caso, atuamos em colaboração direta com a Anvisa e ouvimos atentamente a sensibilidade e dificuldades reportadas por parte dos nossos consumidores. Com base nisso, tomamos a decisão definitiva de descontinuar a produção do creme dental Total Prevenção Ativa Clean Mint em junho deste ano, uma medida que reforça nosso compromisso irrestrito com a confiança que as pessoas depositam em nossa marca Colgate.

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