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Tesouro Nacional emitirá Títulos Públicos no mercado global

Instrumento será usado para desviar dos altos juros cobrados devido ao risco fiscal; no caso dos papéis, a desvalorização do real beneficiará o Brasil

Por Luisa Purchio Atualizado em 2 dez 2020, 14h35 - Publicado em 2 dez 2020, 14h34

Com o risco fiscal do país crescente e a falta de perspectiva de tomada de fôlego das contas públicas por meio de reformas econômicas, o Tesouro Nacional arranjou uma saída para contornar as altas taxas de juros longos do país. Nesta quarta-feira, 2, o Ministério da Economia anunciou a emissão de títulos em dólares no mercado internacional.

Serão realizadas reaberturas de títulos de 5 anos, com vencimento em 2025, de 10 anos, com vencimento em 2030, e de 30 anos, com vencimento em 2050, em operação liderada pelos bancos Citibank, Santander e ScotiaBank. “A percepção de risco do Brasil lá fora é menor que a percepção de risco local, porque eles têm um prêmio menor que o exigido aqui dentro. Além disso, o governo está se aproveitando da desvalorização ainda elevada do real”, diz Thomás Gibertoni, analista da Portofino Investimentos.

Mesmo que após a eleição de Joe Biden nos EUA o dólar esteja caindo no mercado internacional, no acumulado do ano a moeda brasileira passou a valer 23% menos em relação à americana. Por isso, a emissão da dívida em dólar deve render ganhos adicionais para o Tesouro. “Uma crítica que pode ser feita é que você começa a ter uma dívida dolarizada, mas como a gente tem uma reserva elevada, ela funciona como um hedge cambial dessa contração de dívida que você faz lá fora. Isso é bom, emite dívida em dólar, paga menos que pagaria na emissão local e ainda se aproveita de uma desvalorização relevante da moeda”, diz Gibertoni. Em outubro, o Brasil possuía 342 bilhões de dólares em reservas em dólar.

A prática de emitir bonds no mercado internacional tornou-se uma tendência global por conta da diferença na percepção de risco entre os mercados nacionais e internacionais. O Peru, por exemplo, fez esse ano emissões em mais de 150 bilhões de dólares em títulos que ficaram conhecidos como “coronavírus bonds” para financiar os gastos com a Covid-19. Na semana passada, foi a vez da China emitir os primeiros bonds com juros negativos, que atraiu pedidos em cerca de 16 bilhões de euros por 4 bilhões de euro em títulos ofertados.

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