TÓQUIO, 3 Fev (Reuters) – Quando o Federal Reserve sinalizou que haveria uma nova rodada de estímulos monetários agressivos, em agosto de 2010, a disparada do iene que se seguiu embaraçou o banco central do Japão e o obrigou a agir sob a pressão de políticos irritados e das rápidas oscilações dos mercados.
Hoje, enquanto o iene retoma sua escalada por expectativas de que o Fed aumente o “quantitative easing” -injetando enormes quantias de dinheiro na economia através de compras de bônus governamentais-, o Banco do Japão está determinado a evitar cometer o mesmo erro.
Por enquanto, Tóquio ainda depende de ameaças verbais para manter os operadores em xeque, mas o BC tem o dedo no gatilho e está pronto para agir se a alta do iene ganhar força e ameaçar a frágil recuperação da economia japonesa após os desastres de 11 de março.
A promessa do Fed de manter os juros perto de zero ao menos até o final de 2014 gerou especulação de que outra rodada de pesadas compras de títulos do Tesouro aconteça, e as autoridades japonesas estão tentando antecipar como os mercados responderão a isso.
Em 2010, o chairman do Fed, Ben Bernanke, sinalizou mais compras de bônus em um discurso em agosto e a expectativa de centenas de bilhões de dólares ingressando ao mercado acelerou a valorização do iene, levando a moeda para máximas em 15 anos frente ao dólar em setembro.
“Não podemos deixar a mesma coisa acontecer de novo”, disse uma fonte próxima ao pensamento do BC japonês.
Um eventual afrouxamento monetário em resposta a altas acentuadas ou prolongadas do iene deve acontecer na forma de um aumento adicional nas compras de ativos.
“Nossa posição básica é sempre estarmos prontos para agir. Isso é particularmente importante quando os outros grandes bancos centrais estão todos em modo de afrouxamento”, disse outra fonte. Ambas as fontes falaram em condição de anonimato por causa da sensibilidade do assunto.
Muitos profissionais de mercado dizem que o gatilho para a ação do BC seria uma disparada do iene para além do recorde de 75,32 ienes frente ao dólar, nível alcançado em outubro.
(Por Leika Kihara; reportagem adicional de QKaori Kaneko e Tetsushi Kajimoto)