Tarifa de 50% vai inviabilizar venda de manufaturados brasileiros para os EUA, diz associação de exportadores

Medida de Trump também deve afetar negociação de ativos brasileiros no mercado financeiro

Por Ana Paula Ribeiro Atualizado em 9 jul 2025, 21h36 - Publicado em 9 jul 2025, 19h26

Porto de Pecém, no Ceará, impulsionou exportações de Caucaia. (Divulgação/Prefeitura de Ipueiras (CE)/VEJA)

O presidente da Associação Brasileira de Exportações (AEB), José Augusto de Castro, afirmou que a tarifa de 50% anunciada por Donaldo Trump para as importações brasileiras a partir de 1º de agosto vai praticamente inviabilizar a venda de produtos nacionais para os Estados Unidos. Para o especialista, a magnitude da taxa é superior ao esperado e parece mais destinada a um “país inimigo”.

“Todos os setores exportadores serão atingidos, em especial o de manufaturados. Já temos o custo Brasil e sobre isso será aplicado 50%. Isso inviabiliza qualquer operação. Essa será uma das maiores taxações adotadas por Trump. É uma taxação para país inimigo. Economicamente, não há como justificar”, diz Castro.

Na carta em que enviou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump afirma que as tarifas vão ajudar a corrigir distorções. No entanto, os Estados Unidos são superavitários no comércio com o Brasil, ou seja, vende mais do que compra.

O documento foi divulgado no final da tarde desta quarta-feira, 9. Castro lembra que era esperada uma taxação ao Brasil que permanecesse em torno de 10%. Para ele, a medida pode ser revista até o dia 1º de agosto, quando entra em vigência, em linha com o que já foi feito na negociação com outros países. Entre os manufaturados brasileiros exportados para os Estados Unidos estão aviões e carnes.

A medida anunciada nesta quarta-feira pode colocar pressão sobre todos os ativos brasileiros, não só nas empresas exportadoras de produtos. “Além do efeito direto sobre o nível potencial de atividade econômica brasileira, o movimento adiciona um novo vetor de aversão a risco para ativos locais, ampliando a volatilidade e, possivelmente, alimentando a necessidade de revisões em fluxos de caixa e valuation para companhias com maior exposição ao mercado norte-americano”, afirmaram, em nota, os analistas da Ativa Research.