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Suor e saúde a preço de ouro

Academias de luxo avançam no país e cobram até 900 reais por mês para prover mimos e serviços dignos de hotelaria cinco estrelas para os clientes exigentes

Por Naiara Infante Bertão
30 jun 2013, 16h33

Em tempos de incerteza econômica, em que investidores estão ressabiados em relação a muitos aspectos do Brasil, uma área específica do setor de serviços parece não saber o que são tempos de aperto: as academias, que crescem no rastro das indústrias de beleza, saúde e bem-estar. O setor avançou 5% em 2012, bem acima do Produto Interno Bruto (PIB), que ficou em 0,9%, e faturou 4,6 bilhões de reais. Tal desempenho, puxado pelo aumento da renda, do emprego e a expansão do setor de serviços, fez com que não só aumentasse o número de academias e alunos, como também impulsionou a segmentação. Academias de luxo despontam para atender aos mais exigentes, enquanto outras redes apostam em franquias para a classe C. A quantidade de estabelecimentos subiu de 4 mil para 22,4 mil em uma década, enquanto a de alunos avançou de 2 milhões para 6,7 milhões. “A maior transformação que se nota é a importância que o cuidado com a saúde ganhou. Academia não é mais um lugar de namorar, paquerar, passar o tempo. É lugar de cuidar da saúde e do bem-estar. Não mais é supérfluo”, afirma o consultor Eduardo Tomiya, da Brand Analytics.

Nos grandes centros urbanos, o aumento da procura por academias fez com que uma determinada parcela de alunos buscasse serviços diferenciados que vão muito além da básica aula de spinning. Eles estão cada vez mais dispostos a pagar “gordas” mensalidades em troca de mimos, como frutas e água mineral durante a malhação, além de serem atendidos por instrutores que receberam até mesmo aulas de etiqueta. O exemplo mais recente é a carioca Bodytech, que inaugurou em São Paulo, no shopping Iguatemi, um complexo de ginástica de 2,1 mil metros quadrados que oferece uma estrutura parecida com a de um hotel cinco estrelas. Alunos têm à disposição desde sala de maquiagem até toalhas umedecidas para secar o suor. A empreitada exigiu investimentos de 17 milhões de reais dos sócios Alexandre Accioly, Luiz Urquiza, João Paulo Diniz, o técnico de vôlei Bernardinho e Fábio Faria. Para fazer parte do seleto grupo de 1.200 alunos, é preciso desembolsar, no mínimo, 900 reais por mês. Até agora, 200 alunos pagaram para ver. “Esperamos que em seis meses atinjamos nossa capacidade máxima de alunos”, diz o sócio Luiz Urquiza.

A academia Setti + Nandi, também na capital paulista, aposta não apenas no luxo, mas num complexo de spa, salão de beleza e bar oriental para atrair clientes dispostos a pagar sua mensalidade que começa em 895 reais. Contudo, o valor não inclui nenhum serviço. Desde os tratamentos do spa, até consultas com fisioterapeutas, nutricionistas e médicos desportivos são cobrados separadamente. Mas isso não parece ser empecilho para os frequentadores. Flavio Settanni, sócio e fundador, afirmou que a procura pela academia o fez prospectar um terreno ao lado para expandir a capacidade da unidade para 500 alunos – atualmente é de 350. A iluminação alaranjada usada em toda a academia que, segundo Settanni, ajuda a esconder a celulite das garotas, não é cobrada à parte.

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Segundo Eduardo Tomiya, da Brand Analytics, a demanda por academias de luxo cresce porque o consumidor brasileiro de alta renda segue padrões internacionais – e não se contenta com pouco. “Ele viaja mais, conhece academias de luxo de outros países, equipamentos mais atualizados, serviços de ponta e exige isso aqui no Brasil. O que eles buscam, na verdade, é o conceito de exclusividade, não só em academias, mas em tudo”, diz. Não são apenas os alunos que buscam, no Brasil, experiências semelhantes às encontradas em outros países. As próprias academias brasileiras estão mirando outros mercados. A Reebok, que possui unidades no Shopping Cidade Jardim e no complexo hoteleiro do Caesar Park, em São Paulo, também possui academias em Nova York e Londres. E todos os alunos podem frequentá-las por até 5 dias por trimestre, segundo o sócio José Otávio Marfará.

Mercado em consolidação – A ânsia por conquistar os clientes endinheirados caminha junto com a de ganhar a classe C. Tanto que a Bodytech, ao mesmo tempo que é dona de uma das academias mais luxuosas, possui a marca Fórmula, que atende a população de renda média, por mensalidades em torno de 100 reais. Já a BioRitmo passou a investir na marca SmartFit, em bairros de classe de média de São Paulo. “As academias para classe C cresceram muito. Desde 2010, muitas foram inauguradas com objetivo de oferecer serviços àqueles que subiram de classe graças à melhora do poder aquisitivo”, afirma Kleber Pereira, presidente da Associação Brasileira de Academias(Acad). Ao mirar tal segmento, as grandes redes que atendem as classes A e B buscam a consolidação de um setor extremamente pulverizado. Segundo dados da Associação, 90% do mercado é composto por pequenas academias de bairro – e é esse filão que algumas grandes (e luxuosas) redes não pretendem ignorar.

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